Daniel Campos

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Encontrados 95 textos. Exibindo página 4 de 10.

27/11/2012 - Utilidades

Quando todos os caminhos se fecham a saída nem sempre é pela porta. Esqueça as janelas porque elas já viraram lugar comum. Procure por um alçapão, por uma saída secreta, por uma parede falsa. Primeiro salte para depois se preocupar em encontrar a alça do pára-quedas. Fique atento às saídas de emergência que estão espalhadas pelo seu destino. Siga as pegadas do passado para alcançar o futuro.

Preste muita atenção nos atalhos que a vida lhe oferece. Firme os trabalhos com o Exu que abre suas estradas, indicando por onde deve seguir a partir das encruzilhadas. Fuja do óbvio, opte pelo subterrâneo. Aprenda a nadar para vencer esse oceano de dúvidas. Redobre o cuidado com as armadilhas, mas não deixe de buscar seu horizonte por conta delas. Aperte o passo e desafogue os nós.


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01/11/2012 - Um dia para todos os santos

Hoje é dia daquele que segue sempre em minha frente, abrindo meus caminhos, Laroyê Exu! Hoje é dia da roda da Pomba Gira, que é Mojubá na minha vida. Hoje é dia do santo da minha cabeça, Okê Aro, meu pai Oxóssi, Arolé. Dia também dos meus santos caboclos. Dia dos santos índios e dos santos preto-velhos. Adorai as santas almas. Roga por nós Nossa Senhora Auxiliadora, São José e São Bento. Hoje é dia de todos os santos, independente se estão no altar ou nas ruas, nas igrejas ou nos terreiros, na terra, no ar ou no mar. ...
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27/10/2012 - Um peso e duas medidas

Para cada flor, um monte de espinhos. Para cada sorriso, um sem número de lágrimas. Para cada encontro, mil desencontros. Para cada sol, quatro luas. Para cada milharal, meia dúzia de espantalhos. Para cada gata, dezenas de vira-latas. Para cada litro de mil, milhões de abelhas. Para cada duas asas, um pássaro. Para cada braço, seis cordas e infinitas combinações de acordes. Para cada ganhador, uma fila de perdedores. Para cada encruzilhada, um universo de caminhos.

Para cada casamento, duas ou três separações. Para cada pão, milhares de mãos. Para cada assassinato, dez mortos. Para cada anjo, um demônio. Para cada tempo, diferentes modos de se viver. Para cada roda da roda gigante, mais e mais beijos. Para cada maçã, uma, três, cinco, sete mordidas. Para cada dia de sorte, um ano de azar. Para cada espelho, uma multiplicidade de reflexos. Para cada árvore, punhados de frutos. Para cada mão da menina, uma, duas e até três bonecas. ...
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16/09/2012 - Um pouco do tudo que sou

Eu não sou quem eu fui nem quem eu seria. Eu sou o que quis ser um dia, uma centelha de poesia. Sou como vento, intenso e sem forma definida. Sou como água corrente, levando barquinhos de papel, folhas e semente. Sou como pássaro que não se cansa das asas. Sou caramujo, levando uma casa nas costas. Uma casa de sentimentos. E sentimentos são como ventos soltos e revoltos que reviram de um tudo por dentro e por fora do mundo.

Eu não sou quem queriam que eu fosse. Eu sou o que sonhei e, o que cantei e, o que imaginei e, o que dancei e, o que chorei e, o que jurei e, o que amei e, o que matei e, o que batalhei e o que não sei. Não sei o que fui, o que sou, o que serei. Sou o retrato abstrato de um coração. Sou a sétima corda de um violão. Sou a quinta estação do ano. Sou o acerto escondido no engano e vice-versa. Sou a entrelinha da canção. Sou a criatura que versa. ...
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20/08/2012 - Uma nova segunda-feira

Segunda-feira dói. Dores generalizadas em toda a extensão corporal e espiritual. Domingo à noite começam os sintomas da chegada da segunda-feira, o dia mais odiado e temido da semana. Na aquarela da criação, deus pintou as dores, os sofrimentos, os desesperos, as agonias, as angústias, as aflições na segunda-feira. Afinal, quer pintura mais dramática do que esse dia que bole com toda a humanidade de um jeito assustador. Há quem tenha calafrios e outros arrepios só de ouvir s-e-g-u-n-d-a f-e-i-r-a. Socoroooooooo, chegam a gritar as vítimas do início da semana....
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25/07/2012 - Um coquetel em carne viva

A mulher apaixonada caminha como uma coqueteleira, trazendo dentro de si o néctar e o veneno das almas. O seu caminhar mistura ora de forma mais leve ora mais forte frutas frescas, essências, temperos, álcool e gelo. A mulher é um drinque de sonhos e desejos. Um coquetel de sentimentos, alguns mais ácidos outros mais açucarados. Caminha com elegância, criatividade, destreza, ritmo, misticismo, de forma limpa e agradável ao paladar exigente do deus que a criou. A caminhada dessa mulher é performática, concentrada no melhor de cada um de seus sabores. ...
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12/07/2012 - Um presente a Pablo Neruda

Hoje, em homenagem ao aniversário de 108 anos de Pablo Neruda, convido você a viver a poesia de um ativista d'alma. Não quero que saia por aí escrevendo ou lendo ou declamando poemas, mas que tente viver ao menos um Neruda por inteiro. Pode escolher entre os versos líricos e angustiados de Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada e os de cunho político e de características épicas que surgem em Canto Geral. O importante é se alimentar ou se embriagar ou se deitar com um legítimo Neruda sem pensar nas consequências deste ato. ...
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27/06/2012 - Uma flor

Para os apaixonados, uma prova de amor. Para as mulheres, perfume. Para o tempo, primavera. Para as abelhas operárias, trabalho. Para a abelha rainha, mel. Para o moribundo, a morte que se aproxima com suas coroas. Para o estilista, um vestido. Para a leitora, um marcador de livro. Para quem tem fome, alta gastronomia. Para o romântico, um lençol. Para a moça, um enfeite de cabelo. Para a velha, mocidade. Para a santa, um agrado. Para o florista, o pão de cada dia. Para os devotos, obra de deus. Para os ateus, divina beleza. Para as mulheres da vida, um codinome. Para o vento, um cheiro. Para o inseguro, bem me quer, mal me quer. ...
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01/05/2012 - Um tempo chamado Ayrton Senna

Ayrton Senna foi mais do que um piloto, foi um tempo. Um tempo de conquistas, de glória, de se ter orgulho de ser brasileiro. Quem viveu a era Ayrton Senna aprendeu que não existe vitória impossível. Senna era o coração na boca, a esperança que não morria nunca, a certeza de que no final tudo daria certo. Ayrton sempre foi mais do que matemática e estatística. Senna cansou de ultrapassar a si mesmo em provas de superação. Senna foi além dos números a ponto de ser coroado por inúmeras vezes tanto vivo quanto morto. O menino, o herói, o mito, o mártir se encontram num tempo chamado Ayrton Senna....
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14/04/2012 - Uma musa chamada política

O termo política tem raiz feminina. E não é qualquer mulher, a política é a mais escandalosa das mulheres. Desfrutável, seduz e devora suas vítimas com a mesma facilidade. É capaz de coloca qualquer homem aos seus pés. Eles rastejam, mentem, caem e afloraram o que há de pior por ela. Bela e poderosa, a política pode ser suja e indecorosa. Sem misericórdia, a política conduz seus homens ao apogeu ou às ruínas quando bem deseja.

Apaixonante e cruel, a política crava seu salto alto no coração de suas vítimas espalhando pragas por suas vidas. A política se banha com rosas e cheira a enxofre. Complexa e ampla, a política é infinita e misteriosa. É a personificação dos sete pecados capitais. A política é promessa que nunca se cumpre. A política é a noiva que nunca sobe no altar. É o pacto de sangue e ao mesmo tempo a traição em pessoa. ...
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