Daniel Campos

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Encontrados 95 textos. Exibindo página 2 de 10.

13/03/2015 - Uma só caminhação

Seus pés, pequeninhos e macios, dado à cocegas iminentes e, até mesmo, permanentes, carecem de caminhar por meus caminhos. Seus pés devem pisam em mim como se pisassem nas filhas das videiras para fazer vinho. Seus pés precisam conhecer não só meus rastros, como as estradas que pretendo tomar, jamais me deixando à deriva, perdido ou sozinho. Seus pés necessitam de estar junto do meu corpo, da minha pele, das minhas caminhações, das minhas primeiras às últimas intenções, como flor de linho. Seus pés nunca podem se apartar dos meus, pois o adeus em nossas estradarias deve ficar restrito às canções que vibram as cordas do pinho.


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11/03/2015 - Um dia não é um dia

Um dia é pouco para quem é louco. Um dia é muito para quem não tem assunto. Um dia é dilema, problema e ao mesmo tempo poema. Um dia é belo e pode ter gosto de marmelo. Um dia é fundo quando se dá conta do que é o mundo. Um dia é sublime se formos além da vitrine. Um dia é intimista ao gosto do artista. Um dia é enfático para o lunático. Um dia é vendaval para manchete de jornal. Um dia é avesso para quem não tem preço. Um dia é incisivo para quem é vivo. Um dia é solitário para quem o peixinho dourado do aquário. Um dia é multidão para a galinha que leva a vida de grão em grão. Um dia é o recomeço do começo ou o contraponto do final em ponto. ...
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04/03/2015 - Um beijo em seu coração

Um beijo em seu coração não é um beijo qualquer. Um beijo em seu coração é um beijo no seu eu mulher. Um beijo em seu coração é verdade, é compatibilidade, é realidade muito mais que ilusão. Um beijo em seu coração vai além do desejo, muito além do prazer, é um infinito querer, querer-bem, querer-mais, querer-melhor, querer-feliz, querer-amor. Um beijo em seu coração é uma declaração de pureza, um voto que transcende a pele, um gesto de outra beleza. Um beijo em seu coração é um carinho completamente implícito, diferentemente explícito, totalmente lícito. Um beijo em seu coração é de um céu grená, de um doce ingá, de um ronronar angorá, de um voo sabiá. Um beijo em seu coração é de fora para dentro, de um sentimento que não aguento guardar só para mim, de um tempo lançado e sem fim. Um beijo em seu coração é algo reluzente, ardente, candente, inocente... Um beijo em seu coração não tem conotação de pecado, é um pensamento cruzado, casado, jurado, enamorado da ação. Um beijo em seu coração é rio que corre forte ao encontro do mar, junção de sul e norte, é vida acontecendo sem se importar com a morte. Um beijo em seu coração não tem sentido de posse, não cai de moda tampouco na vulgaridade, é anti-idade e não passa como tosse. Um beijo em seu coração é uma canção que sempre desperta quando a saudade aperta...


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18/02/2015 - Uma capa, um legado

Quando criança, já quis ganhar a camisa de um jogador de futebol, as luvas de um piloto de Fórmula-1, o piano de um cantor-compositor, o caderno de anotações de um escritor... Enfim, algo que me transferisse um pouco do encanto dos meus ídolos... Com o passar dos anos, aprendi que ídolos não existem, pois ninguém é melhor do que ninguém... O que há são, na verdade, exemplos de vida, de conduta, de amor... Pessoas nem sempre famosas e distantes do nosso universo que amamos, admiramos e com as quais aprendemos a ser melhores do que fomos ontem. ...
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22/10/2014 - Um homem sem sonho

Um homem sem sonho é um homem sem vida, por isso eu sonho e sonho alto, e sonho longe, e sonho mais do que demais. Um homem sem sonho é um homem pelo meio, pela metade, pelos cantos, irrealizado, decepcionado, frustrado e vazio. Um homem sem sonho é um homem sem sentido, mal-vivido, preterido. Um homem sem sonho sem sonho é um homem desprovido de sustentação, apenas um ser em pleno exercício da vegetação. Um homem sem sonho é um homem superficial, banal, cabal. Um homem sem sonho é um homem sem condições de amar a fundo qualquer ser deste ou de outro mundo.


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23/09/2014 - Uma espera, uma janela

Já chega a reclamar de dor nas costas de ficar arqueada na janela esperando por seu amor. Até cochila sem a menor porção de medo de cair do segundo andar e quebrar os ossos que já estão em processo de esfarelamento. Embora conheça seu cheiro, seu andar, sua silhueta e até sua sombra, ela dá-se ao prazer de se confundir com todos os que surgem nas pontas da rua só para alimentar uma esperança despropositada em torno da chegada de seu bem. No fundo, sabe que ele não vai aparecer, tampouco passar sob sua janela e admirar o tempo em sua face. Ainda podia sacar uma flauta e tocar aquela canção cuja agulha da vitrola já riscou o vinil. Podia ainda esticar o braço pelas grades enferrujadas pela chuva e pela urina dos vira-latas e apanhar uma rosa, de um jardim farto, e atirar aquela mistura de pétalas, cores e perfumes em sua direção. Podia tanta coisa, mas não pode nada além dos devaneios daquela senhora que jamais deixou de ser mulher. As pernas podiam estar um pouco enferrujadas, mas os sonhos estavam tinindo de inteiros. Ela até deixava a comida queimar no fogo porque não podia deixar de espiar a janela. Tomando banho, fechava os olhos e imaginava a rua. E só ia para cama exausta de sono, vencida pelo cansaço, com a certeza de que se ele surgisse por aquelas alamedas ela seria desperta por algum anjo ou pernilongo apaixonado. Os bordados e alinhavos eram feitos na janela. Não gostava de novela, filme, programa de auditório, mas da programação da sua janela. Aquela televisão viva de mais de cem polegadas lhe trazia a razão de sua vida numa espera permanente pela próxima cena. E como tudo o que vinha de uma televisão, ela sabia que sua janela lhe trazia doses de ilusão, fantasia e imaginação. Mantinha-se fiel aquele quadro mesmo sabendo que seu bem amado jamais apareceria por ali; Não porque ele tivesse morrido, mas talvez porque ele nunca tivesse existido para além daquela janela.


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22/07/2014 - Um só pedido só

Se eu puder fazer um pedido só, um só pedido só, aos deuses, às divas, aos oráculos, aos gênios da lâmpada mágica, à lua, às fadas, às entranhas do submundo, aos seres fantásticos, eu pediria só, eu só pediria, que a mulher alada não se esqueça do quanto a tenho amada. Que ela se lembre de todo amor oferecido, vivido, querido, decidido à eternidade na codificação secreta de uma não menos secreta realidade. Que a mulher que amo jamais se esqueça desse amor acima de qualquer suspeita em relação à lembrança. Se eu puder fazer um pedido só que seja para que não haja qualquer esquecimento por parte da mulher enluarada. Que a memória não seja uma gentileza ou uma proeza, mas uma delicadeza do amor mais delicado que já existiu. Que todos os nanodetalhes sejam irrigados pelo sangue de uma paixão que pode recuar, se autosufocar, se internar em sim mesma, mas jamais se acabar. Que eu seja queimado, apedrejado, xingado, julgado, baleado, exorcizado, ignorado, abandonado, mas nunca esquecido por quem amo. Ser esquecido é pior do que ser um amor perdido, um coração destruído, um romântico sem sentido. Ser esquecido é mais dolorido do que ser enterrado no fim do mundo, do que ser devorado por uma matilha em jejum, do que ser tragado pelo vazio dos olhos sem fundo. Se eu puder fazer um pedido só, só um pedido só, a quem me alimenta de momentos inesquecíveis, de sentimentos indestrutíveis, de ventos irredutíveis, que eu habite a mente daquela que amo em memórias intensas, densas, propensas à onipresença do amor jamais ausente.


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02/07/2014 - Um só dois

Chama, chama, ai me exclama pra perto. Sem roupa, sem medo, sem veto. Ofensiva, toca-me, entoca-me, invoca-me, provoca-me pura e lasciva. Uiva em meus ouvidos fera em gemidos. Desafia meu coração. Desfia sua sétima intenção para comigo. Deposita suas mensagens nas garrafas dos meus olhos de vidro. Chama, chama, ai me enxama e saiba que eu ligo. Que a ousadia vença a simpatia. E que do amor o tempo jamais se esqueça. Que a paciência tenha clemência. Que os copos formiguem e se liguem. Que nossas pernas dividam o mesmo chão porque nosso teto é para além de toda e qualquer constelação. Chama, chama, chama ó tirana pelo seu servo. O amor é tudo menos cego. A esperança é o que de mais nobre carrego. Sou príncipe da espera. Sou pobre pólen na semente da primavera. Sou lince com dentes cravados na era ausente. Chama, chama, ai me engana, ai me ama, ai me trama, ai me amola pelas molas da sua cama.


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24/05/2014 - Um drinque comigo

Toma um drinque comigo desta saudade infinda. Vamos avistar a paisagem de nós dois fazendo planos para agora e depois. Deita e se espreguiça e me chama a deitar com você nas malhas do destino. Canta o hino das nossas palpitações. Acredita que você é a minha mais bonita criação, pois eu te crio, eu te mimo, eu te faço minha pelas variações da sua perfeição. Eu te faço balada, soneto, prosa e verso na essência do seu eu perfeito. Toma um drinque comigo porque eu já sigo naturalmente embriagado na tua inspiração. ...
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13/05/2014 - Uma cena

De repente, você está num lugar tão familiar quão estranho ao mesmo tempo. O sol brilha intenso lá fora, mas não consegue chegar inteiro em seu ambiente. Pelo contrário, chega fraco colocando você numa penumbra. À meia luz, sente sua respiração pausada. E as cortinas pesadas, que escondem grandes janelas de pedra, pulsam vagarosamente ao vento. Uma sensação de umidade e até de frio toca seu corpo. Aliás, você não consegue se olhar de corpo inteiro, mas sabe que é você; seu rosto, seu colo, suas mãos... E suas unhas um pouco mais longas do que o habitual, mas com o mesmo desenho e numa cor intensa. ...
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