Daniel Campos

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25/12/2014 - Natais são sempre natais

Natais são sempre natais embora alguns não voltem nunca mais e outros estão tão à frente, distantes, longínquos, impossíveis, que ficaram para trás. Natais de uma estrela lilás difícil de ser vista. Natais com espumantes em pétalas nas mãos do florista. Natais a prazo ou a vista. Natais de cartão e no cartão. Natais de pedidos pendurados em árvores que de tanto peso envergam e quebram e secam. Natais da manjedoura e do ouro que a tudo doura. Natais, natais, natais cada um tem o seu e muitos não tem natal algum. Natais de saudade. Natais de solidão. Natais perdidos no breu da escuridão. Natais de fartura e de grão em grão. Natais de verão. Natais de arrebentação. Natais de trégua. Natais imperfeitos como que fora da régua. Natais de presentes e ausentes. Natais com tudo igual mas ainda assim diferentes. Natais de latidos, mugidos e mios. Natais fundos e rentes. Natais de renas suspensas como tremas. Natais de imaginação, de ilusão, de alucinação. Natais de lembranças soltas no ar. Natais de reencontros e de voltas capazes de deixar tonto o coração. Natais de São João e de Réveillon. Natais embrulhados em papel de pão. Natais de um sentimento de que sempre falta algo de um Natal já passado ou que ainda não chegou. Natais são sempre natais, sentimentos e mais sentimentos ancorados num imenso cais.


Comentários

12/01/2016, por Henrique Soares:

Tem toda razão. Gostei muito desse texto.


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