Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 15 de 20.

11/03/2013 - Morre, mas...

Morre, mas morre com elegância. Morre, mas morre de uma forma bem morrida. Morre, mas morre de um jeito único. Morre, mas morre sem volta. Morre, mas morre com a certeza de dever cumprido. Morre, mas morre chamando por seus deuses e ancestrais. Morre, mas morre preparado para o inferno, para o purgatório, para o paraíso. Morre, mas morre sabendo que o umbral é logo ali. Morre, mas morre sem se deixar abater. Morre, mas morre como uma estrela.

Morre, mas morre sem perder a dignidade. Morre, mas morre deixando saudade. Morre, mas morre num beijo. Morre, mas morre mantendo vivo seus poemas. Morre, mas morre sem dizer ou fazer nada que desabone sua história. Morre, mas morre sem mendigar por mais vida. Morre, mas morre sem medo. Morre, mas morre se entregando. Morre, mas morre com fineza. Morre, mas morre cantando, dançando, amando. Morre, mas morre sem perder a beleza....
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19/07/2010 - Morredura

Morre a tarde. Morre o dia. Morre o sol. Morre o padre. Morre a dicotomia. Morre a sonata. Morre a dança. Morre o alarde. Morre a peça. Morre o caminho. Morre o prazer que não cessa. Morre a cascata. Morre o beijo... Porque a saudade precisa nascer.

Morre o horizonte. Morre o desejo. Morre a esperança. Morre o apelo. Morre a linha. Morre o trem. Morre a estrela. Morre a chama. Morre o afeto. Morre a vinha. Morre o neto. Morre o pelo. Morre o mar. Morre a semente... Para uma nova vida brotar....
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10/01/2011 - Morrer de amor, demodê?

Antigamente, entre poetas e plebeus, morrer de amor era um gesto nobre, digno de aplausos e suspiros. O amor transcendendo da carne para o espírito numa atitude romântica, sublime e sobre-humana.

Hoje não basta só morrer de amor. É preciso ressuscitar por amor, reencarnar por amor, tornar-se anjo por amor. Juras terrenas são pequenas e o suicídio é breve demais diante da promessa de esperar a criatura amada em outro plano e lá amá-la por toda eternidade. Fazer valer essa história de alma gêmea não é para qualquer um. Exige esforço, dedicação e fé. Fé em vida após a morte e fé em si mesmo. Afinal o que está em jogo é uma existência física....
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27/06/2008 - Morreu dona Ruti

Morreu dona Ruti. Não, caro(a) leitor(a), não falo da dona Ruth, mas da dona Ruti, com "i" mesmo no final. Assim como a ex-moradora do Palácio da Alvorada, a nossa personagem, lá da periferia paulista, morreu do coração essa semana. Mas, ao contrário da sua xará, morreu na fila do hospital público. Não tinha médico nem leito para socorrê-la. O filho havia se envolvido com droga há alguns anos e sido morto por traficantes. O marido, seu Ferdinando, assim como Fernando Henrique, estava fora na hora fatal. De certa forma, fazendo política. Afinal, tinha que convencer o seu Joca, dono da casinha onde moravam, a arrastar o aluguel por mais alguns dias. Sendo assim, dona Ruti morreu sozinha ao lado de outros tantos anônimos, doentes e abandonados como ela. ...
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16/03/2010 - Morreu o professor

Morreu quem me ensinou a viver intensamente o amor pelas coisas da vida. Morreu quem me ensinou que tudo é feito de terra. Morreu quem me ensinou a honrar a palavra dada acima de qualquer coisa. Morreu quem me ensinou o sentido de infinito. Morreu quem me ensinou a lutar e lutar muito. Morreu quem me ensinou a lidar com enxadas, serrotes, cavadeiras, foices, pulverizadores, debulhadores, plantadeiras... Morreu quem me ensinou que o melhor não é ver a obra finalizada, mas aproveitar cada momento do processo de construção. Morreu quem me ensinou a sonhar de olhos abertos. ...
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13/04/2010 - Morro do Bumba

Perigosamente, há um Morro do Bumba dentro de cada um de nós. Um morro que pulsa. Ao longo dos anos, amontoamos várias camadas de lixo em nosso coração. Quantas coisas passadas, descartáveis, sem utilidade que vamos fazendo questão de guardar. Mesmo sem precisão, guardamo-nos. De mágoas tóxicas a sonhos não-renováveis, de passagens orgânicas a desejos recicláveis, tudo se mistura enquanto vai sendo abarrotado em condições precárias de segurança, como num imenso aterro sanitário.

Porém, chega um dia em que tudo desaba. Sem avisos, emoções são soterradas, lembranças morrem, sentimentos sofrem e algumas saudades sobrevivem bravamente. Quando esse desabamento acontece, num primeiro momento, tudo se resume a dor, medo e choro. O cérebro se encarrega de nos infestar de pensamentos e imagens nada agradáveis. A impressão que se tem é que não sobrou nada. Mas sempre sobra algo debaixo dos escombros. E por dias a fio o coração é revirado, escavado, virado de pernas para o ar. ...
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19/11/2012 - Morte ao tédio

Inverta os dias da semana. Vire o relógio de ponta cabeça. Troque o carro por uma asa delta. Como o jantar no café da manhã e o petisco do final de semana no almoço. Leia de trás pra frente. Fale o que nunca falou, faça o que nunca fez, sinta o que nunca sentiu. Seja capitão dos barcos de papel Lançados à enxurrada. Siga no sentido contrário do engarrafamento. Troque a cor, o sabor e a essência do sabonete, da pasta de dente, do perfume. Vista o que não é dado a vestir. E toda vez que pensar em chorar comece a sorrir. ...
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26/02/2010 - Mortes

Já morri de tédio. Já morri de tristeza. Já morri de ansiedade. Já morri de ódio. Já morri de paixão. Já morri de angústia. Já morri de solidão. Já morri de medo. Já morri de frio. Já morri de aflição. Já morri de rir. Já morri de fome. Já morri de enjôo. Já morri de cólica. Já morri de prazer. Já morri de correr. Já morri de chamar. Já morri de tentar. Já morri de cansaço. Já morri de escrever.

Já morri de rezar. Já morri de esperar. Já morri de cantar. Já morri de saudade. Já morri de raiva. Já morri de beijar. Já morri de desejo. Já morri de não agüentar. Já morri de falar. Já morri de estudar. Já morri de pensar. Já morri de ligar. Já morri de esquecer. Já morri de acreditar. Já morri de sono. Já morri de gritar. Já morri de jurar. Já morri de procurar. Já morri de sonhar. ...
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02/12/2015 - Mortes poéticas

Se eu fosse violeiro eu pegava minha viola e abria caminho até morrer num luar do sertão. Se eu fosse pescador eu entregava meu barquinho às ondas e ia morrer em alto-mar. Se eu fosse lavrador eu semeava meus sonhos para morrer em paz na terra que daria meus frutos. Se eu fosse criança eu juntaria um tanto de balão de gás e ia morrer perto das estrelas. Se eu fosse mergulhador eu ia ao fundo do oceano encontrar um galeão para morrer pirata. Se eu fosse festeiro eu acendia uma fogueira pros três santos e morria lá no meio. Se eu fosse capoeirista eu jogava contra o mal e morria em nome do bem. Se eu fosse astronauta eu tomava o primeiro foguete rumo à lua para morrer na solidão daquelas crateras. Se eu fosse caçador eu me dava de comer à onça para morrer naquelas presas. Se eu fosse pássaro eu voava, voava, voava até me faltar asa e morrer como morre o vento. (...) Mas eu sou poeta e como tal só sei morrer de amor... E assim eu vou, entre versos e linhas, morrendo de amar.


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09/12/2009 - Movimento perturbador

Como é perturbador conviver com o sofrimento. O quão perturba ter as mãos atadas diante da dor alheia. Dor que não se sabe. Dor que não tem remédio. Dor que instiga e castiga na mesma proporção. Você quer ajudar e não pode. É impedido por uma série de limitações físicas, psicológicas e espirituais. E quanto maior a proximidade, maior a cumplicidade da dor. As lágrimas se multiplicam, passam a correr em outros rostos. Reza-se e, nesse processo, ganha-se ou se perde mais fé.

Quer conhecer um ser humano? Coloque uma doença em sua casa. Com a sutileza de uma gota a mais em um copo d’água, a rotina se rompe dando espaço à perturbação. Questionamentos sobre vida e morte são filmes em constante exibição em sua cabeça. Tenta-se fazer de um tudo, e o tudo quase sempre é nada. De esforço em esforço chega-se à exaustão, mas ainda é pouco. Doer diante de uma dor que habita outro corpo que não o seu é um sentimento indelicado, que, de fato, perturba....
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