Daniel Campos

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26/02/2010 - Mortes

Já morri de tédio. Já morri de tristeza. Já morri de ansiedade. Já morri de ódio. Já morri de paixão. Já morri de angústia. Já morri de solidão. Já morri de medo. Já morri de frio. Já morri de aflição. Já morri de rir. Já morri de fome. Já morri de enjôo. Já morri de cólica. Já morri de prazer. Já morri de correr. Já morri de chamar. Já morri de tentar. Já morri de cansaço. Já morri de escrever.

Já morri de rezar. Já morri de esperar. Já morri de cantar. Já morri de saudade. Já morri de raiva. Já morri de beijar. Já morri de desejo. Já morri de não agüentar. Já morri de falar. Já morri de estudar. Já morri de pensar. Já morri de ligar. Já morri de esquecer. Já morri de acreditar. Já morri de sono. Já morri de gritar. Já morri de jurar. Já morri de procurar. Já morri de sonhar.

Já morri em pé, sentado e deitado. Já morri vestido e nu. Já morri por querer e também por não querer. Já morri explicito e escondido. Já morri naturalmente e proibido. Já morri de repente e gradativamente. Já morri pra trás e pra frente. Já morri na realidade e na ficção. Já morri num drama, numa tragédia, numa comédia... Já morri de morte matada e morte morrida.

Já morri tantas vezes e de tantos jeitos só para viver morrendo de amor.


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