Daniel Campos

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01/12/2016 - Menos sofrimento e mais amor

Nunca estamos preparados para mortes brutais, como a que se abateu sobre os jogadores da Chapecoense e demais passageiros do avião que caiu na Colômbia. É bem verdade que temos mais facilidade em aceitar a perda de alguém, com idade avançada, um tanto debilitado, depois de ser derrotado em uma longa batalha por alguma doença. A morte de jovens, sonhadores, vitoriosos nos deixa sem chão. Difícil de assimilar, de explicar, de digerir.

Porém, nada disso justifica a exploração, a exposição, a banalização do sofrimento pela mídia. A TV fala na tragédia o dia todo, trazendo velhos novos fatos, cutucando feridas, remoendo informações até a última gota. Sites de notícias fazem o mesmo. Até as redes sociais estão replicando a dor. Imagino os parentes das vítimas, totalmente fragilizados, sendo submetidos à tortura sem fim dos meios de comunicação. Ora um jogador está vivo ora está morto. Ele está bem, mas pode ficar paraplégico, perder mais uma perna. Quem é o culpado? Podia ter sido diferente? E o que fulano tem a falar sobre isso? O resultado de tudo isso é simplesmente desumano. ...
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28/09/2013 - Menu reforçado

É bom caprichar no bife acebolado porque hoje vai ter trabalho dobrado. Mas nada de exagero para não virar prisioneiro da preguiça, que a tudo e a todos enguiça. Coma por dois para depois trabalhar por quatro. No prato, muito arroz, feijão com calabresa, e uma dose extra de sobremesa. E antes de sair da mesa, suspire fundo para enfrentar o mundo. O mundo da fome, o mundo do lobisomem, o mundo que some, o mundo que nos come, o mundo de tantos nomes...

É bom tomar muita água para encarar o sol, que mata mais do que repercol. Por mais apaixonado na branquinha ou na amarelinha, deixe a cachaça de lado sem faze graça ou gracinha. E vamos pelo tempo pardo tomar o trem da vida, cada um com seu fardo, cada qual com sua lida. E vamos em frente quebrar pedras e correntes com nossos bicos de papagaio. E vamos puxar a carruagem do tempo, e vamos arrastar o contêiner de sentimento, e vamos de taio em taio, de cara para o vento...


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09/10/2009 - Mercedes Sosa e Herta Müller

Poucos dias depois de perder Mercedes Sosa, o mundo ganhou Herta Müller. À primeira vista, não há nada que as associe. No entanto, caminharam sobre a mesma corda bamba, entre a arte e a política. Nas terras brasileiras o nome da cantora argentina sempre foi mais popular do que o da escritora alemã, nascida na Romênia. Mercedes já gravou com Chico Buarque, Milton Nascimento, Maria Bethania e com outros ícones da nossa música. Já Müller, tem somente uma obra lançada no Brasil. Um livro chamado "Compromisso"....
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23/08/2014 - Merthiolate

Você tem razão, brigamos com quem mais amamos porque sabemos que vamos contar com a plena compreensão desse alguém além de uma espécie de perdão ad aeternum. Mas é feio descontar nossos problemas em quem só é digna de nossos poemas. É súbito o arrependimento em não tratar bem quem só nos faz bem. O amor aguenta tudo, releva tudo, cura-se de tudo, mas não podemos nos esquecer de imediatamente nos arrepender, reconhecer que passamos da conta, e prometer nunca mais, nem sem querer, fazer quem mais amamos de um jeito ou de outro sofrer. Nós que amamos demais devemos ter cuidado para controlar o coração indomado que nos leva a atropelar a razão, a passar dos limites do bem e do mal, a cavalgar para além da melhor intenção do verbo enciumar. Nós que amamos demais não devemos descuidar jamais da humildade de voltar atrás e pedir desculpas, e assumir a saudade, como que passando merthiolate na realidade.


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23/02/2012 - Mesa, ou melhor, saudade posta...

Mesa posta. Pratos e talheres em seus devidos lugares. A cabeceira, mais uma vez está a sua espera. Fica tão bem ali. Como se fosse o rei. Aliás, sempre foi o rei. Será que você vem? Fiz a sua pedida favorita. Arroz, feijão, bife, ovo, torresmo e salada. Os grãos não foram plantados por suas mãos e não brotaram naquela terra vermelha, mas foram temperados com lembranças de um tempo que insiste em dar frutos. A carne vermelha, com aquela gordura margeando como um território proibido de prazer, não se sabe se é de garrote, como era de sua preferência. O torresmo também não ficou mergulhado em latas de gordura e o ovo não tem aquela gema vermelha que o senhor tanto gostava de furar com o garfo. A alface e os tomates não vieram de suas terras, mas escolhi com todo cuidado e capricho. O meu sítio agora virou o supermercado. Mesmo assim, procurei trazer o melhor para a nossa mesa....
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Mesmo fora de moda, bom-dia

Hoje, o dia nasceu sem dizer uma só palavra. Não sabia se redondo, quadrado ou triangular, porém o sol começava a surgir por entre nuvens desbotadas. O cheiro de pão sovado, o cheiro de café escapulindo do bule, o cheiro frio do orvalho... Aromas que iam como vinham, sem avisos, no de repente de costume.

O homem, deitado na sarjeta, que até ontem era um bêbado, hoje não se sabe o que é. Acorda sem espelho por perto e se vai sem sequer ver o rosto que o novo dia havia lhe doado. Vergonha ou, descrença ou qualquer outra coisa que o faça abaixar a cabeça e continuar andando em busca de um rosto ou de um copo de cachaça. ...
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14/06/2014 - Mestre Zezito, um modelo a ser seguido

Salve Deus! Salve Pai Joaquim das Cachoeiras! Salve Pai Joaquim de Aruanda! Salve aquele que é exemplo a ser seguido! Salve o mestre que se coloca sempre na condição de aprendiz, numa lição constante de humildade. Não falta quem, como eu, queira agradecê-lo por um motivo especial, porém, sempre pede para que agradeçam ao Pai Seta Branca e aos seus mentores, jamais a ele. Um mestre que vive a doutrina sendo amor e doação a todo instante, seja dentro ou fora do Templo. Um José que podia muito bem ser José da Caridade, José da Generosidade, José da Solidariedade... Mestre José Fernandes, conhecido carinhosamente por todos, do flanelinha ao presidente do Templo, como Mestre Zezito....
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Metamorfose

Ela chega sozinha. Toca a campainha e quando se dá conta de que nem a mãe nem o irmão nem a tia nem a irmã nem a governanta estavam ali, a solidão perde força para outra sensação não menos devassa. A maçaneta dança nos olhares apreensivos da menina ao tempo em que a porta a enclausura em medos desconfortáveis. Os olhos daquele que abrira a porta lhe fazem querer ir embora a qualquer preço. No entanto, sobe em sua garganta uma vontade de ficar com tal intensidade, que desafina as cordas vocais e de sua boca não sai nada além de um miado. Não tem decotes ou fendas, mas sente-se nua diante daqueles olhos engessados em seu corpo....
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02/10/2012 - Meu coração ancestral

Meu coração ancestral anda pelos céus de Luanda e pelos mares de Portugal. Meu coração ancestral tem raízes negras, imperatrizes brancas, felizes caboclas e uma boca que fala uma língua cada dia mais louca. Meu coração ancestral é forjado nos tambores do carnaval, nos suores do canavial, nas cores do cafezal. Meu coração ancestral, símbolo de resistência e fé, beija os pés da santa, encanta-se com a magia de uma mulher e bate no ritmo do candomblé.

Meu coração ancestral traz em seu pulsar mais visceral a mistura do doce dos engenhos de açúcar e dos temporais e do sal do choro das portuguesas do cais e das escravas que trazem tristeza e beleza num corpo coberto de sinais. Meu coração ancestral se rende ao instinto animal de ora atacar ora se esconder ora fugir. Meu coração ancestral é negro, branco, mulato, vermelho, azul, verde, grená como um sabiá camaleão, um pássaro místico do ar......
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04/07/2014 - Meu espaço é já

Nos últimos tempos tenho estado perto quando longe e distante se próximo. O espaço geográfico duela constantemente com o território psíquico, que tende a me governar de sul a norte. Uma simples palavra vence milhares de quilômetros. Dentre duas bocas podem surgir ou desaparecer estradas inteiras. Um gesto derruba fileiras de cordilheiras. Perto dela, volto a ser Pangeia. Longe, sou arquipélago cerca por um oceano de faltas. Meus trópicos e meridianos se cruzam nas pernas da mulher amada. A roda dos ventos floresce pelo campo dos seios da mulher que amo. Os olhos da mulher que detêm meu apaixonamento são minha bússola, que me indicam que sempre tenho que ir a sua direção. O complexo disso tudo é que ir a sua direção nem sempre significa ir ao encontro dela. Ao mesmo tempo em que é quântico meu espaço é tântrico.


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