Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 200 textos. Exibindo página 12 de 20.

27/07/2010 - Mike

Mike, velho companheiro, eu sinto muito. Soube que você anda amuado, vivendo calado debaixo daquela mesa de madeira que não recebe mais um certo chapéu de palha. Você é o último dos muitos pastores alemães puros e mestiços que habitaram o sítio Boa Vista nos últimos cem anos. O último. Infelizmente, chegamos ao fim de um ciclo. Sua pelagem caramelo, numa mistura de preto com dourado, já ganhou inúmeros fios brancos. Principalmente perto dos olhos que me avistavam de longe, respondendo com uivos e latidos a minha presença. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

13/01/2013 - Mil encontros

Hora a hora, os ponteiros se encontram. De eclipse em eclipse, sol e lua se encontram. De esquina em esquina, ruas se encontram. Olhos nos olhos, pontos de vista se encontram. Corda a corda, acordes se encontram. Perna entre perna, prazeres se encontram. Tom sobre tom, estilos se encontram. Braço a braço, abraços se encontram. Partida a partida, adeus se encontram. Boca a boca, almas se encontram. Página a página, personagens se encontram.

Romance a romance, histórias se encontram. Passo a passo, caminhos se encontram. Viagem a viagem, destinos se encontram. Estação a estação, trens se encontram. De sonho em sonho, ilusões e desilusões se encontram. De café em café, bons-dias se encontram. Asa a asa, pássaros se encontram. De retrato em retrato, passados se encontram. De ciclo em clico, mundos se encontram. De onda em onda, mares se encontram....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

24/05/2016 - Milady

Milady, o seu cavaleiro continua a postos defendendo o seu reino e pronto para te servir. A sua carruagem está pronta. O seu exército está em fileiras. Eu ainda levo o seu brasão – rosa azul - tatuado em cada célula que me habita.

Milady, nosso amor real, sangue azul, é muralha que ninguém toma. E eu, sem armaduras, ofereço meu corpo, minha honra, minha bravura a sua coroa. Minha nobreza é a minha devoção as suas princesices.

Milady, que sentimento é esse que desafia as nossas linhagens, que ultrapassa as nossas dinastias, que coloca em risco o seu reinado. Duelo com a dor, em todas as suas formas e intensidades, mas não abandono a sua corte.


Comentários (2)

30/01/2013 - Milharada

Um grão de milho. Um pé de milho. Um milharal. Um corvo. Uma arrevoada de corvos. Um céu negro de corvos. Um espantalho. Um espantalho assassino. Um filme de terror. Uma espiga de milho. Uma saca de milho. Um celeiro. Mãos quebrando espigas de milho. Mãos separando o milho da palha. Mãos debulhando milho. Mãos, animais e máquinas em torno do milho. Milho na tulha. Milho no prato. Milho na bolsa de valores. Milho virando fubá. Milho virando polenta. Milho virando bolo. Milho virando pamonha. Milho virando sustento. Milho virando transformação. Milho virando pipoca. Milho em todos os estados físicos e emocionais. Noivas de milho caminham fagueiras pelas ruas dos milharais. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

23/11/2010 - Milho, milharal

Há algo mais intrigante do que um milharal? Devido a sua carga dramática intrínseca e as tramas naturais da paisagem, no que diz respeito à cor, espaço, textura, caminhos, sombras, o milharal ilustra histórias de amores proibidos, poesias paradisíacas e filmes de suspense e terror. Impossível não se lembrar dos famosos espantalhos que ganham vida por algum feitiço, encanto ou magia. Até mesmo os discos voadores fazem aqueles sinais misteriosos no corpo do milharal. É um dos palcos principais de O Mágico de Oz....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/12/2013 - Mimada

A menina se cansou de esperar pelo príncipe encantado montado em um cavalo branco e partiu sozinha pela estrada em um carro branco de muitos cavalos cujas cores ainda não foram reveladas. A menina se cansou de esperar pelo “e foram felizes para sempre” e decidiu, por conta própria, se abstrair desses conceitos sendo autora de sua própria história. A menina se cansou de ficar beijando sapos à espera de uma surpresa e agora já não beija mais nada que não seja tão encantador como o reflexo de seu espelho. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

28/07/2014 - Mimos

Minha pele bebe seu perfume. Eu durmo em meio as suas texturas e acordo nos sonhos da nossa loucura. Solitário, converso com seus solitários que me ensinam a ser apaixonadamente eternamente irredutivelmente solitário. Deito nos seus lençóis egípcios. Sua toalha branca acarinha minhas costas. Seus sapatos me dizem sobre seus passos rosas. Beijo as cores de seus batons. Vejo a lua pousar e cheirar noite em seu pescoço. Entre idas e vindas, meu mar deixa pérolas em seus pulsos. Suas camisolas bailam nupcialmente antes de eu cair no sono. Seu ouro amarelo lembra fios dourados de um cabelo ensolarado. Seus embrulhos me guardam por detrás de laços e fitas esperando o momento de você me achar. Seu anel leva o resultado do garimpo de minha alma. Meu eu respeita o seu lado da cama, embora meus braços e pernas teimem em abraçar seu corpo fluídico. Seus pijamas absorvem o choro da minha saudade. Suas meias brincam pelo meu quarto como pontas de bailarina. Mimo seus mimos enquanto me mimam trazendo você em cada peça de pano, de metal, de papel...


Comentários (2)

14/10/2010 - Mina San José

Se eu fosse um daqueles mineiros enterrados a mais de 700 metros num deserto chileno, longe de celulares e chefes, longe de computadores e telejornais, longe de políticos e politicagens, eu, pasme você, teria optado por ficar no mundo subterrâneo. Viveria o resto dos meus dias debaixo da terra, perdendo de uma vez por todas as noções de tempo e espaço. Entre o céu e o inferno não me importaria em ficar perto dos demônios. Afinal, abraçado por tamanha escuridão, eu, dentro em breve, também viraria uma criatura das sombras. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

05/09/2014 - Minha casa

A minha casa é o corpo da mulher amada. Seus cabelos luzidos são meus telhados compridos. O abrigo que encontro em seu ser ora é feito de alvenaria, ora de palha, ora de poesia. A mulher que amo é uma construção sempre em construção. Perfeita em sua incompletude que a faz completa. Seus olhos são portas abertas que me levam aos cômodos mais íntimos e secretos. A acústica de seus ouvidos permite ecos de declarações e confissões de um amor infinito, que reverbera num som cada vez mais bonito. As luzes da minha casa são as luzes que escapam dos plexos em pleno funcionamento dessa mulher que me acolhe ao mesmo tempo em que tolhe a minha estadia em seu leito. Os desenhos que faço pelas paredes de minha casa são tatuagens estampadas pelo corpo dessa mulher contemporânea. Seus pés são minhas passadeiras indicando meus caminhos. E na sua boca encontro todas as garrafas de vinho que existem e não existem em minha adega. Seu colo é minha cama. Seus seios meus lençóis na penumbra que se dá ao balé de uma cheia pelos confins do universo. Minha cozinha é todo doce que há perdido pela essência dessa mulher. E como criança brinco revirando os gaveteiros de sua memória. Seu ventre é meu jardim onde semeio desejo e medo. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

01/07/2013 - Minha fé exige respeito

Vivemos em um estado laico, ao menos, era para ser assim. A tolerância religiosa deve ser praticada em todos os campos e esferas desse país, seja em casa, no trabalho ou nas ruas. Não há liberdade quando há sofrimento de qualquer tipo de assédio ou desrespeito religioso. Não afronto ninguém com a prática da minha fé, que é feita com silêncio e discrição quando estou em meu local de trabalho, por exemplo. Não tento convencer ninguém a se juntar a mim, tampouco constranjo, assedio ou intimido quem não segue o meu caminho espiritual. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   10  11  12  13  14   Seguinte   Ultima