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Encontrados 200 textos. Exibindo página 11 de 20.
14/02/2013 -
Meu mundo ó
Meu mundo não é de barro nem de pó. Meu mundo é dos mistérios do catimbó. Meu mundo é pintado feito galinha carijó. Meu mundo é rebuscado e detalhado como pintura rococó. Meu mundo é o mundo da minha avó. Meu mundo tem gosto de abricó. Meu mundo é usado e cabe num brechó.
Meu mundo vem lá do cafundó. Meu mundo não tem dó. Meu mundo é amarrado com cipó. Meu mundo vira e mexe dá nó.
Meu mundo está cheio de canto e encanto de curió. Meu mundo é iluminado pela chama do fifó. Meu mundo tem história de faraó. Meu mundo tem sentimento caindo feito toró. Meu mundo sacode para lá e para cá em feitio de forró, forrobodó. Meu mundo tem neve, pinguim e esquimó. Meu mundo ora desce amargo a exemplo de jiló. Meu mundo pia feito jaó. Meu mundo acorda ao som do cocoricó. Meu mundo é combinado feito jogo de dominó. ...
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05/05/2015 -
Meu pai, ó veja só...
Meu pai, ó veja só, deixa eu lhe mostrar a nova de Caetano. Entre um verso e um universo, vou lhe falar dos meus planos. E quando Caetano parar de girar na vitrola não chora nem vá embora pois vou colocar para rodar o piano do maestro soberano que tal e qual você a gente ama e se chama Antônio Carlos. Ó veja só, um é Jobim, passarim; Outro é rato, Ratz. Antes do fim, vamos por partes. Aqui ou em Marte a gente se encontra por meio da arte. Que tal algumas páginas de um poeta português. Ou será que a pedida do dia são os quadrinhos de um certo gaulês. Asterix, Obelix, Ideiafix. E quando tudo se acalmar que tal o repique da bateria da nossa verde-rosa. Olha pai, meu pai, lá vem Cartola puxando a nossa escola que é vizinha da azul e branco de Paulinho da Viola. Música para gente não é de araque. Somos de tirar acordes da manga feito Mandraque. No nosso dicionário Manda-Chuva é um gato, a página dois da Folha é um porta-retrato e Chico Buarque é rei de direito e de fato. Meu pai, ó veja só, descobri um disco da Clementina com Adoniran agora pela manhã enquanto você estava na banca comprando Tio Patinhas. E viva a vida hoje tem arroz com carne-moída. E antes de pegar a estrada, aceito uma dose de Vinícius, uma pedra de Drummond, mais um som do nosso Tom e uma fatia de marmelada ou uma colher de abóbora bem apurada.
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06/09/2015 -
Meu pé de mamão
Nasceu um pé de mamão no meu quintal. Cadê minha mãe pra fazer doce dele ainda verde? Cadê a viola para eu compor uma moda na sombra do mamoeiro? Sai pra lá sabiá pra você não ficar preso no visgo do leite do mamão. A molecada sobe no pé pra fazer a folha de canudo pras bolinhas de sabão. Tem passarinho bicando o mamão amarelinho pra desespero da moça que queria comê-lo no café da manhã de amanhã. Até o vizinho deu pra esticar o olho pro lado do mamoeiro. Tem gente gritando: olha o ladrão, pega o ladrão! Por precaução, amarrei meu vira-lata no pé de mamão. Deu chuva de vento, deu trovoada e o cachorro chorou, como choro de mamão, e derrubou o pé acabando de uma vez com o motivo da confusão.
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19/10/2014 -
Meu querer mais
Eu lhe quero para sempre perto tão perto de mim. Quero seguir colado, tatuado, impregnado, grudado, atarracado, casado a você. Hei de ser seu anjo da guarda sempre em guarda para lhe proteger, cuidar, valer, voar, atender, abraçar. Quero escorrer pelo seu corpo como suor, como choro de felicidade e como prazer. Hei de lhe trazer ao meu lado, no meu colo, no meu futuro do passado mais que presente e na boleia do meu coração mais ardente. Eu prometo ser sua comida, sua vida, seu toque de Midas. Quero embrenhar pelo seu perfume, habitar do seu pé ao seu cume, extravasar por você como ciúme sem porquê. Vou mergulhar nos seus olhos em busca dos seus segredos mais bem guardados sem me preocupar com o que hei de achar. Vou me adentrar pelas suas vísceras e me arranhar nas suas manhas e malícias. Hei de encontrar seu cerne, suas raízes, suas sementes e a doçura do seu fruto. Juro ser o anti-ausente e ir fundo no mais profundo do seu ventre. Trabalharei sem parar o seu sonho mais bruto de modo a realizar seus pedidos ecoando junto de seus gemidos. Vou correr pelos seus pelos e pelugens e desafiar o tempo que nos ruge. Quero buscar suas declarações e confissões diretamente na sua língua enquanto lhe chamo linda. Quero pisar nos seus passos, tropeçar nos seus caminhos, abandonar de uma vez por todas os braços sozinhos de abraços. Desejo nossas mãos dadas, noivadas, amarradas por um laço invisível, indivisível e sentimental. Hei de ser sua fantasia carnal. Quero ser dia após dia o que vira seu coração de ponta-cabeça. Quero andar na sua boca feito batom e nos seus olhos como o reflexo de um porta-retrato sempre a espera da melhor foto. Quero ser moto-contínuo do seu amor fazendo pra isso o que preciso for. Quero a cada instante fazer mais parte da sua existência sendo moldura pra sua arte.
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22/12/2009 -
Meu tempo é quando
Vinícius de Moraes costumava dizer de forma sintética: "meu tempo é quando". Com licença do poeta, vou aprofundar o tema, afinal, meu tempo é quando... Meu tempo é quando o amor vinga. Meu tempo é quando a solidão encontra seu par. Meu tempo é quando o prazer não se envergonha de dar e receber prazer. Meu tempo é quando a morte me esquece. Meu tempo é quando outro corpo me aquece. Meu tempo é quando o destino tece novo caminho e, sem qualquer carinho, o pisa. Meu tempo é quando a razão contemporiza. ...
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22/07/2015 -
Meus cantores
Milton nascente nascido nascença Nascimento. Gilberto braseiro brasileiro brasil Gil. Chico Buarque de angola, de luanda, de Hollanda. Paulinho do violão, da cuíca, da Viola. Martinho do bairro, do morro, da praia, da Vila. João bossa nova Gilberto. Edu lua uivo Lobo. Tom mata atlântica Jobim. Nara leoa leonina Leão. Zé rama trama chama Ramalho. Vinícius vícios amoritíssimos de Moraes. Ney bosque selva mato Matogrosso. Raul trem das sete Seixas. Caetano arcano Veloso. Elis feliz Regina. Beth mangueira ipê angico Carvalho. Clara claridade Nunes. Clementina dos santos dos orixás de Jesus.
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25/11/2015 -
Meus óculos e Iemanjá
Já estava me despedindo do mar quando Iemanjá quis os meus óculos. Estavam comigo há quase dez anos, mas isso não é nada diante do querer da rainha do mar. Eu não relutei, tampouco reclamei. Pelo contrário, agradeci. Afinal, Iemanjá quis algo meu. E, inconscientemente ou não, sorri. Dei de bom gosto. Não sei o que queria com meus óculos velhinhos, mas isso também não me compete saber. Se Iemanjá quer, Iemanjá terá. Hoje ainda penso como ela deve estar fazendo uso deles. Talvez esteja vendo por aquelas lentes tudo o que eu vi em quase uma década olhando por aí. Muita coisa ficou capturada naquelas lentes. O valor de lembrança certamente é muito maior do que o financeiro ou estético. E ela quis minhas visões, o que chegou do mundo até meus olhos. Iemanjá viu tudo o que eu vi nos últimos anos. Dividir minhas visões com a rainha do mar é algo que me fez sair daquelas ondas em estado de graça. Iemanjá sabe agora tudo o que eu vi e vivi. Enquanto muitos dão espelhos, flores e perfumes para Iemanjá eu, de certa forma, dei os meus olhos. ...
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Comentários (3)
20/10/2013 -
Meus quatro caveleiros
Desde sempre, toda noite, antes de dormir, rezava pelos meus quatro avós. Rezava para que nada de ruim acontecesse com eles. Rezava agradecendo por tê-los perto de mim. Rezava para que eles continuassem vivos. Liberato e Adélia e, Antônio e Ofélia, foram durante minha infância, juventude e início da fase adulta meus quatro cavaleiros. Aqueles que estavam sempre comigo. Cada qual com seu jeito, com suas características e particularidades, me ensinaram, me forjaram, me amaram. Quatro caminhos que se cruzaram, de formas distintas e bonitas, no meu caminhar. ...
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02/01/2014 -
Meus, minhas
Minha morada tem telhado estrelado. Minha cama tem mola de sabiá. Meu sapato tem calço de brasa. Minha janela tem vista pro lado de lá. Meu forno tem pão de sonho. Meu tempo tem corda. Meu cachorro vive no mundo da lua. Minha estrada tem pé de solidão. Meu riacho tem peixe de lã. Minha história tem linhas de macramê. Meus roseirais têm espinhos furta-cores. Meus pomares têm enxovais. Meus olhos têm aquários d’alma. Meu corpo tem cometas por todo lado. Minha cabeça tem porta giratória. Meus pensamentos têm essências do mato. Minha prosa é almoço de domingo. Minha poesia é jantar a dois.
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10/03/2016 -
Miario
O gato miou na calha, na galha, na batalha onde fez cantador. Miou e arranhou o telhado para não cair no ladrilhado. Nem todo gato cai em pé. Muitos caem e morrem no colo de uma mulher. O gato miou e se assanhou quando a gataria o provocou. Miou gritado todo arrepiado. Miou chorado dando mostras de que ia se apaixonar. Miou pequeno fugindo do sereno, gato não gosta de se molhar, mas sabe como ninguém se lambuzar.
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