Daniel Campos

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01/12/2016 - Menos sofrimento e mais amor

Nunca estamos preparados para mortes brutais, como a que se abateu sobre os jogadores da Chapecoense e demais passageiros do avião que caiu na Colômbia. É bem verdade que temos mais facilidade em aceitar a perda de alguém, com idade avançada, um tanto debilitado, depois de ser derrotado em uma longa batalha por alguma doença. A morte de jovens, sonhadores, vitoriosos nos deixa sem chão. Difícil de assimilar, de explicar, de digerir.

Porém, nada disso justifica a exploração, a exposição, a banalização do sofrimento pela mídia. A TV fala na tragédia o dia todo, trazendo velhos novos fatos, cutucando feridas, remoendo informações até a última gota. Sites de notícias fazem o mesmo. Até as redes sociais estão replicando a dor. Imagino os parentes das vítimas, totalmente fragilizados, sendo submetidos à tortura sem fim dos meios de comunicação. Ora um jogador está vivo ora está morto. Ele está bem, mas pode ficar paraplégico, perder mais uma perna. Quem é o culpado? Podia ter sido diferente? E o que fulano tem a falar sobre isso? O resultado de tudo isso é simplesmente desumano.

Infelizmente, a tragédia dá ibope. Ainda temos muito a aprender. É inevitável não se comover, não ficar triste, não doer diante de um acontecimento como esse. Porém, não podemos alimentar o sofrimento. O masoquismo não nos evolui. A dor pode nos tocar, ampliar nossos horizontes, mudar algo em nós, nos chamar a Deus, mas o sofrimento pelo sofrimento não ajuda em nada.

Eu não acredito na morte. Acredito que fazemos uma passagem quando cumprimos uma etapa, deixando esse planeta para habitar outro lugar no universo. Para quem gosta de videogame, mudamos de fase. Perdemos o corpo físico, mas nossa essência continua viva, nossa centelha divina segue em busca de evolução. Esse é o dinamismo e a beleza da existência. Nossa jornada espiritual nunca cessa.

A vida na Terra é um grande aprendizado, somos constantemente submetidos a uma série de provações, desafios, dificuldades. Nada é fácil. Nenhum daqueles jogadores que morreram tiveram uma vida “cor-de-rosa” até chegar ao auge, traduzido pela disputa da final da Copa Sulamericana. Esses desencarnes coletivos não são por acaso. Eles precisavam estar ali, juntos, para terminar de cumprir um resgate conjunto que já vinha se dando em sua convivência.

Não sabemos o que eles foram ou fizeram em suas vidas passadas, mas, com certeza, reencontraram-se para terminar algo inacabado. E, pelo visto, conseguiram concluir essa tarefa. Os que sobreviveram ainda têm algo por cumprir, por exemplo, junto aos familiares. Porém, a maioria se libertou de um carma coletivo e seguiu para outros mundos, para dar continuidade a sua caminhada.

Nada acaba, tudo continua.

Portanto, eles não morreram, apenas foram para outro lugar. E, onde quer que estejam, são atingidos por essas vibrações dirigidas a eles. Todos estamos conectados, independentemente se habitando este ou outro plano. Os níveis de ligação são diferentes, mais frágeis ou mais intensos, dependendo da nossa herança transcendental com o outro, mas todos estamos entrelaçados.

Pensamentos e sentimentos são formas de energia, e toda energia se desloca. Então, imagine uma cidade toda, um país inteiro fomentando essa onda de choro, de sofrimento, de inconformismo. É como se fosse uma enorme fábrica gerasse uma nuvem eletromagnética, pesada, escura, densa. E essa nuvem chega até aqueles que têm a difícil tarefa de se adaptar à nova realidade.

Não é fácil para um espírito que tem uma morte brusca assimilar que morreu, que não faz mais parte deste mundo, e seguir sua estrada, deixando para trás família, casa, trabalho, amores, paixões, sonhos. Em desencarnes em massa, cujo roteiro já está preparado, há o auxílio espiritual necessário para receber aqueles que chegam ao outro lado. Porém, tudo fica mais complicado com essa corrente de sofrimento incidindo sobre os recém-desencarnados. Uma corrente que, de certa forma, não os deixa seguir em frente.

Eles precisam de nossas preces, de nossas vibrações de amor e paz, de nossas correntes positivas, jamais de emanações de desequilíbrio. Dor sim, sofrimento não. Se queremos homenagear os que partiram, que seja enviando energias consoladoras, curadoras, esclarecedoras... pois temos sempre de oferecer o nosso melhor. E o nosso melhor é a luz que cultivamos em nosso íntimo. Então, vamos sair dessa frequência negativa, nebulosa e pesada. Vamos dar um basta a esse culto ao sofrimento. Vamos fazer brilhar o nosso sol interior.

Um sol cujos raios alcançarão, sem dúvida alguma, aqueles que estão tão distantes e, ao mesmo tempo, tão perto de nós. Menos sofrimento e mais amor, sempre!


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