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Encontrados 208 textos. Exibindo página 13 de 21.
06/12/2011 -
Eu, cegonha
Como cegonha, vou voando e levando um amontoado de filhos presos em meu bico. Meus rebentos são feitos de palavras. São contos, são poemas, são crônicas, são romances que eu carrego comigo por onde for. Muitos se espalham pelo vento, chegando assim a olhares desconhecidos. Porém, ao primeiro assovio, eles já estão todos ao meu lado novamente. São narrativas crianças armando um berreiro. São versos meninos brincando de rimar. São sentimentos que nascem herdando as minhas asas e a minha vontade de voar cada vez mais alto. ...
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13/11/2011 -
Elevação
Pelo amor das criaturas que nos observam do alto, eleva seus pensamentos. Pensa num tempo sem sofrimento, pensa que por detrás das trevas sempre existe um alento, pensa que a esperança sempre há de ser o nosso melhor rebento. Abstraia-se de toda e qualquer fonte negativa de energia. Rompa os elos com o pessimismo e voa um vôo leve, duradouro, intenso e livre de protestantismo. Reúna seus sentimentos num sentimentalismo capaz de mudar o rumo das coisas concretas e abstratas que lhe cercam, rondam seu corpo e habitam sua alma....
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11/11/2011 -
Eu preciso de você
Eu preciso de você como o veleiro precisa de vento. Eu preciso de você como o três precisa do dois e do um e do zero para existir. Eu preciso de você como a luz precisa da escuridão. Eu preciso de você como criador e criatura se precisam. Eu preciso de você como a bailarina precisa de suas pontas. Eu preciso de você como a canção precisa do silêncio. Eu preciso de você como o espelho precisa de alguém para se ver refletido nele. Eu preciso de você como a quiromante precisa das linhas de outras mãos. ...
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04/11/2011 -
E se não fosse você
E se não fosse você, qual seria o porquê dessa caminhada por abismos e desertos, pisando em pedras, espinhos e desafetos? E se não fosse você, qual seria o meu teto, o meu trajeto, o meu traje de passeio completo? E se não fosse você, onde estaria o exagero e o discreto? E se não fosse você que nome balbuciaria em meu dialeto? E se não fosse você quem eu desejaria perto?
E se não fosse você, onde eu colocaria todas as razões, motivações e pretextos para subir, cair e seguir em frente. E se não fosse você, onde se encaixaria e, se enlaçaria e se abraçaria o elo da minha corrente? E se não fosse você o que seria do meu “eu” mais carente? E se não fosse você teria de me transformar num outro tipo de tempo, nem consciente nem onipresente, um tempo simplesmente ausente. ...
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22/10/2011 -
Eu vou, eu vou
Vou entrar debaixo das cobertas e só sair na próxima estação. Vou hibernar ou abrir os olhos para mim. Vou pensar uma forma de revolucionar o mundo real. Vou traçar um plano para vencer os cavaleiros do apocalipse. Vou fazer um eclipse particular com meus sóis e minhas luas. Vou fazer questão de esquecer que do lado de fora haverá sempre um jornal, uma revista, um homem ou uma mulher ou ambos me querendo dizer algo de novo de novo e de novo.
Vou ficar no escuro com os meus medos e segredos. Vou cantar baixinho. Vou me alimentar de poemas e romances. Vou estar perto e, ao mesmo tempo, fora de alcance. Vou dançar como dançam os lobos em suas cavernas. Vou entrar em transe. Vou chamar pelos deuses egípcios, gregos, romanos, celtas, astecas, maias, hindus... Vou reescrever a história da humanidade. Vou compreender o movimento de cada músculo, o vôo de cada pensamento. ...
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04/10/2011 -
Eduardo Matarazzo Suplicy
Suplicy. Tradicional e, ao mesmo tempo, contemporâneo. Suave nas notas iniciais e extraforte nas finais. Tipo exportação. Cultura permanente. Safra em movimento. Suas palavras têm aroma e sabor. Discursos encorpados que despertam e estimulam a criatividade e as atitudes alheias. Ideias e ideais que podem ser bebidos no café da manhã, após o almoço, numa roda de amigos ou solitariamente. Pensamentos que brotam, dão flores e lançam sementes como um bom pé de café. Presente nos barracos, nas casas do campo, nos palácios. Puro ou acompanhado, Suplicy é sempre uma boa pedida. Simples e sofisticado, faz parte do dia-a-dia de brancos e negros, de homens e mulheres, de jovens e idosos. Charme e elegância saborizados. ...
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27/09/2011 -
Ela voltou
Ela voltou. Ela voltou boemia, noite adentro, madrugada afora. Ela voltou calma e tranqüila. Ela voltou na ponta dos pés. Ela voltou leve e deveras perfumada. Ela voltou no meio de um vendaval. Ela voltou calando a terra. Ela voltou provocando cantorias. Ela voltou num clima de comemoração. Ela voltou com os olhos d’água do verão passado. Ela voltou com hálito úmido e corpo intimamente encharcado.
Ela voltou à boca miúda, sem estrondos ou holofotes. Ela voltou magra e fresca. Ela voltou no mesmo ritmo, dona da mesma sinfonia. Ela voltou apagando a poeira da saudade. Ela voltou beijando as flores em coma. Ela voltou declarando guerra aos pássaros secos. Ela voltou contínua, prometendo longa estadia. Ela voltou entre o sono e a fantasia. Ela voltou banhada de doce sem saber se veio por si ou se algo a trouxe....
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21/08/2011 -
Espíritos do tempo
Mártir de um sentimento tão intenso quão denso, eu quero deixar meu corpo livre para que ele possa ser receptáculo dos espíritos do tempo. Espíritos que nos fazem mudar de rostos e de atitudes, de gostos e de virtudes. Espíritos joviais e ancestrais, espíritos de guerra e de paz. Espíritos do crescimento, do amadurecimento, do conhecimento, do envelhecimento, do princípio e do firmamento.
Não procurarei entender a fala desses espíritos, mas o que deles me cala. Espíritos que trazem as mãos cheias de falta. Espíritos que me roubam memórias, histórias, vitórias e até mesmo o que jamais esqueço. Espíritos, figuras da loucura, que tatuam em meu avesso ideogramas de cores e texturas. Espíritos de finais (felizes ou não) e de sucessivos recomeços. ...
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12/08/2011 -
Estouros
Do silêncio mais fundo que há no mundo o amor estourou como bomba de Hiroshima, como bolha de sabão, como flor de São de João. Estourou feito balão em festa de criança, feito sorriso na boca de palhaço, feito bolha na mão de lavrador. Estourou num atestado de instabilidade, de desequilíbrio, de volatilidade. Porque não pode mais conter, estourou. Estourou o cano, estourou o cheque especial, estourou os pontos e estourou o grito de carnaval. Estou a guerra, a crise e o inferno astral. Estourou sem ontem nem amanhã estourou carpe diem como bolsa de grávida. ...
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07/08/2011 -
Ela não era do mar
E foi então que ele entregou seu maior segredo na frente das câmeras, em rede nacional, no horário nobre, no intervalo do jornal. Ela titubeou, gaguejou, fez olhos de choro, envermelhou as maçãs do rosto. Não conseguiu dizer que era mentira. Diante de tanta indelicadeza, assumiu, sem qualquer vaidade, sua fraqueza, sua fragilidade. Ela tinha medo do mar. Era uma espécie de sereia da areia. Não suportava as ondas da maré cheia. Dizia até que o sal do mar deixava-a feia. Mas não havia desculpa que desse jeito na situação. Um tremendo mal-estar. ...
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