Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 362 textos. Exibindo página 16 de 37.
23/03/2012 -
Contas e mais contas
Corre doutor, que lá vem o cobrador. O aluguel já venceu, ai meu deus. A coisa ta preta, fecharam seu crédito na caderneta. Ai coitado, acabou o fiado. Para aumentar o furo vem à dívida do seguro. Nossa Senhora da Esperança, piedade, ele tem que dar de comer à criança. É tanta taxa que lá se foi o dinheiro do lápis e da borracha. Não tem sim nem não na hora de comprar o pão com o vale-refeição.
Chora doutor que a verba foi embora. É bom procurar um falsário capaz de triplicar o salário. Tome um chá para abaixar a pressão, pois lá vem o IPVA e a inflação. E ainda tem carregar a cruz da conta de luz. Não há amor que resista ao penhor. A madame tá aflita tendo de raspar a marmita. E o contracheque não dá nem pro pileque. E tome cuidado ainda para não ser roubado, saqueado, lesado... ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/03/2012 -
Caminhante da noite
Ah! Se eu pudesse abrir a janela da noite e sair caminhando em direção à linha do horizonte. Seguiria meu destino pisando em nuvens, tropeçando em vagalumes, desviando de teco-tecos. Tiraria a roupa e os sapatos porque os astros e as estrelas andam nus. Deus também anda nu, tanto que assim nos entregou à Terra e assim nos recebe de volta. Por falar no divino, caminharia roçando os pensamentos os anjos do baixo clero. Flutuaria, planaria, boiaria, volitaria, voaria, ascenderia...
Sentir-me-ia como uma antítese de Apolo. Ao contrário do sol, a minha carruagem traria os encantos noturnos. Pisaria metaforicamente nas cidades iluminadas. Velejaria pelas luzes e velaria com atenção os jantares à luz de vela, as rezas em torno de uma vela, a vela sobre um bolo de aniversário, o samba da vela e as velas que margeiam um corpo já sem vida. Se eu pudesse abrir a janela deixaria a noite entrar em mim e nessa sala de modo que ela varresse dos nossos organismos todo resquício de sol.
Seja o primeiro a comentar
25/02/2012 -
Cezar Peluso é destino
Cezar é nome de imperador. Nome que impõe respeito e até certo temor pela sua sonoridade histórica. Mas Antônio Cezar Peluso foge ao estereótipo de seu nome. Ao contrário da força, usa a suavidade para consolidar e expandir seu império nas dimensões temporal e espacial. Império? Sim. Um império de justiça, de cidadania e de bem-estar social que contraria o próprio conceito de império.
Ao contrário de lanças e espadas, a letra da lei que tatua a alma de Cezar Peluso é a arma que o conduz nos embates e a ferramenta com a qual trabalha nas oficinas do Direito pelos territórios físicos e abstratos. Definitivamente, o código genético de Peluso é a relação entre a sequência dos feitos e efeitos de sua atividade jurisdicional. ...
continuar a ler
Comentários (4)
12/02/2012 -
Céu e inferno
Deus e o Diabo coexistem no mesmo ser. Todo anjo é metade demônio. Até a lua tem seu lado oculto. Todo cordeiro tem uma besta por debaixo de sua pele. O bem e o mal existem em cada um de nós porque somos reflexos de deus. Lúcifer é tão filho de Deus quanto Miguel, Rafael, Gabriel. Só que enquanto alguns filhos são dominados pela bondade, outros se rendem ao reino da maldade. Os que vivem de fazer ruindade são filhos do lado obscuro de Deus.
Foi Deus que expulsou Adão e Eva do paraíso. Foi Deus quem levou o ser humano à condição de mortal. Foi Deus quem criou as doenças e as adversidades para permitir que homens e mulheres pudessem morrer. Assim como a vida, a morte é criação divina. Foi Deus quem consentiu que seu filho fosse humilhado, torturado e crucificado. Foi Deus e não Lúcifer ou outro demônio quem fez tudo isso. E fez mais....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
22/01/2012 -
Cavaleira do vento
Ela cavalga em noite de tempestade como um raio no meio da noite. Cavalga a pelo e em certas horas é o próprio cavalo. Cavalga com uma espada nas mãos. Uma espada de fogo. Aliás, cavalga quente, suando de prazer. Cavalga como uma lenda feita de carne. Cavalga coroada de rubis. Cavalga como um clarão vermelho flamejando a escuridão. Cavalga movida pela fúria, pela paixão, pelo ciúme. Cavalga sem destino, mas sabendo perfeitamente onde vai chegar.
Ela cavalga no ritmo dos tambores que batem do outro lado do oceano. Cavalga numa passada firme e decidida. Cavalga calando bocas, firmando sua verdade, levando e deixando saudade. Cavalga conduzindo o rumo, a forma e a intensidade do vento. Furacões e vendavais, brisas e tufões, surgem de seu galope. O coração passa em trote. Mulher do ar. Do ar em movimento. Cavalga em terras, céus, mares e corpos. Cavalga em linha reta, sempre em frente, como o próprio tempo que nasce de seus cascos. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/01/2012 -
Cidade sem tempo
Tudo é tão rápido, tão acelerado, tão breve. A vida é um tiro de festim. Mal começa e já termina antes do fim. O tempo não para. O tempo nos cala. O tempo é tão desigual. É eterno para a dor e curto para o carnaval. O mundo gira e nos leva a girar com ele numa velocidade absurda que nos tira do eixo. O tempo é tão violento quão um murro no queixo. Não se sabe se é preciso correr do tempo, para o tempo, contra o tempo...
Ah! Tirem-me do tempo. Das garras, das presas, das ditaduras do tempo. Minha cabeça é um calendário, meu coração é um relógio. Eu não tenho asas, mas ponteiros. Tenho que estar ali no horário marcado. Tenho de chegar lá sem estar atrasado. Tenho que sair daqui num tempo combinado. Estou jurado aos segundos. O tempo que me empurra é o mesmo que me corrói. Tropeço como folha ao vento enquanto a ferrugem me dói. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
08/01/2012 -
Correrias
Eu já corri da chuva e pra chuva. Eu já corri para não perder aula. Eu já corri rumo ao fim de semana. Eu já corri contra o tempo. Eu já corri pro mar. Eu já corri perigo. Eu já corri a pé ,de carro, a cavalo. Eu já corri pra ser feliz. Eu já corri sem motivo. Eu já corri por um triz. Eu já corri pros braços da mulher amada. Eu já corri pra ir e pra chegar. Eu já corri em público. Eu já corri na lua. Eu já corri da idade. Eu já corri de olhos vendados. Eu já corri como uma mensagem e como um mensageiro. Eu já corri em círculos. Eu já corri de mim. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
03/01/2012 -
Corações
Coração semeado. Coração doado. Coração suado coração sem saída. Coração de salto. Coração tensionado. Coração impermeável. Coração não durável. Coração inflexível. Coração de aço. Coração de corda. Coração de inverno. Coração de vento. Coração de pilão. Coração de peso. Coração pra viagem. Coração vacinado. Coração bobagem. Coração viralata. Coração solidão. Coração de pano. Coração oceânico. Coração verde. Coração canção. Coração de fora. Coração curioso. Coração indiscreto. Coração secreto. Coração magnético. Coração monossilábico. Coração condor. Coração de batom. Coração do porto. Coração ponto cruz. Coração civil. Coração de lado. Coração atrasado. Coração de centavos. Coração nu. Coração em silêncio. Coração propenso. Coração parcial. Coração enfeitiçado. Coração na floração. Coração nas nuvens. Coração com ferrugem. Coração proibido. Coração rei. Coração de mirra. Coração de incenso. Coração de ouro....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
31/12/2011 -
Capítulo 68
Sebastian acorda. Na verdade, acorda para outro plano. Levanta-se de seu corpo. Nada de sustos ou de dramas. Pela primeira vez em sua experiência medúnica recente tem plena consciência enquanto perispírito. Enxerga seu corpo físico, a luminosidade do cordão de fluídos que o prende mantendo-no vivo na crosta terreste, Malena deitada ao seu lado na cama. Não está em outro mundo como das outras vezes, mas em seu próprio quarto.
Em sua frente, sentado numa poltrona vermelha, um homem de quarenta anos, estatura mediana, moreno claro, de olhos castanhos e cabelos longos e lisos cobertos por um chapéu de feltro. Veste calças marrons e camisas de mangas longas. Traz uma bengala em uma das mãos. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
31/12/2011 -
Capítulo 69
Malena se remexe na cama. Alonga os braços. Diz palavras inintendíveis. Sebastian se assusta, quer voltar para o corpo. Jhaver estende a mão, acalma Malena e traz Sebastian de volta para as proximidades de sua poltrona.
- Pode ficar calmo. Ela está bem. E eu ainda não terminei. Nossa conversa já chamou atenção de quem não devia. Ainda estamos seguros, mas temos pouco tempo.
- Como você escreveu no livro em que sou personagem principal, depois de séculos reinando como Castigador, decidi optar por outro caminho. Um caminho de plena luz. Depois de tanto ser castigado, senti-me confortável no papel de Castigador. Buscando justiça a qualquer preço, independentemente das conseqüências. Cumpri muito bem meu papel. No entanto, quando me deparei novamente com você senti que ainda tinha algo por fazer, que minha evolução não estava terminada. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar