Daniel Campos

Prosas

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23/11/2016 - A bailarina não envelhece

A bailarina é a menina que conhece a passagem secreta para um mundo encantado, onde não existem palavras como impossível, maldade, traição. A bailarina é a pureza do primeiro beijo, a beleza completa, o último desejo, a curva em linha reta, o coração amiúde, a falta de gravidade, a fonte da juventude, a paixão que chega sem alarde e tudo invade. A bailarina é a menina que não cresce, tampouco envelhece.


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11/06/2012 - A banalização de "Deus"

O nome “Deus” está em todo lugar. Deus no outdoor. Deus nas fachadas comerciais. Deus nos adesivos de carro. Deus na capa das revistas. Deus nos programas de televisão. Deus no picadeiro. Deus nas transações comerciais. Deus nas cédulas de dinheiro. Deus nas embalagens de açúcar, de farinha, de leite. Deus na moda fashion. Deus no rótulo do refrigerante. Deus nas redes sociais. Deus nas camisetas. Deus nos comícios. Deus no cinema. Deus nos hits de celular. Deus está “bombando” em todas as faixas etárias e classe sociais....
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18/09/2008 - À beira da jabuticabeira

No fim de um caminho de pedras arrebitadas, por entre um pé de primavera e espadas de São Jorge, eis uma jabuticabeira. No correr de suas galhas, um único exemplar da negra fruta. Minhas mãos pedem licença ao dono das frutas, que não estava por ali, e apanham a jabuticaba. Tão logo a possuo, minha boca se transforma em um engenho, tirando todo o doce daquela espécie de açúcar do desejo. Os olhos procuram, reviram, vasculham e nada de encontrar outras bolinhas-de-gude penduradas naquela árvore de traços infantis. Só havia aquela que já percorria os sulcos de meu corpo provocando divinas reações químicas, físicas, psíquicas. ...
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14/07/2012 - A borboleta Amy Winehouse

Uma borboleta tatuada e de asas negras, assim é a borboleta Amy Winehouse. Uma borboleta com estilo próprio, geniosa e divertida. Uma borboleta vestida como uma garota dos anos 60. Uma borboleta pin-up. Uma borboleta em voo vintage. Uma borboleta confusa, tumultuada, turbulenta. Uma borboleta sem qualquer limite. Uma borboleta pronta para desobedecer a qualquer regra borboletiana vigente. Uma borboleta ousada como seu jazz. Uma borboleta menina do papai. Uma borboleta do showbiz. Uma borboleta que tem tudo para dar certo e dá errado ou uma borboleta que tem tudo para dar errado e dá certo? Uma borboleta charada....
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10/12/2016 - A busca constante pelo amor

Só se perde quem nunca se encontrou. Quando há um encontro de corações pode ter o terremoto que for que tudo continua ligado. Portanto, almas gêmeas não se perdem facilmente. E falo mais: almas gêmeas não se acham com essa facilidade toda. E não se preocupe em encontrar a metade perfeita, tudo se encaixa realmente quando menos esperamos. E o amor é justamente isso – uma tentativa constante. Amor é pra gente quebrar a cara mesmo, pra buscar a superação a cada queda, pra nos fortalecer colando os pedaços do coração. E o amor nos ensina o tempo todo mesmo quando não queremos aprender. É um aprendizado contínuo e necessário. O amor é para todos os momentos, inclusive para os momentos a sós. Uma separação não é o fim do mundo, tampouco o fim do amor. É a oportunidade de crescimento, de amadurecimento, de evolução. Portanto, nada de choro. Ou melhor, chore tudo o que tiver para chorar. Não deixe nada preso aí dentro de si. Deixe o choro sair de uma vez para poder seguir mais leve em busca de um novo amor. Novo amor, sim! A vida não nos quer de luto. A vida nos quer apaixonados. Portanto, desarme-se e se apaixone perdidamente, sem reservas, sem traumas, sem pensar no passado. O passado não existe mais. Dele, só ficou o aprendizado, que é o que te fará viver uma relação ainda melhor. Porém, não uma relação perfeita, pois o perfeito simboliza o fim da procura. E a vida é uma procura constante. Nascemos, crescemos e vivemos para procurar o amor. Nós, seres imperfeitos, existimos enquanto procuramos um amor mais que perfeito, nos sonhos e nas fraquezas que nos fazem humanos.


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15/07/2012 - A cabeleira da palmeira

O vento mexe e remexe no penteado da palmeira. As franjas verdes chegam a tremular pelo céu como bandeiras de liberdade. O vento dá brilho à cabeleira da palmeira brincando com os raios do sol. Dá volume ao corte repicado em camadas de ilusão. Daqui do chão, os cabelos da palmeira têm um balançado de mulher. E se não bastasse todo esse movimento, o vento dá cor às madeixas da palmeira numa tintura que mais parece uma pintura em três dimensões.

A palmeira nas mãos do vento abusa das tonalidades de verde, ganhando contornos azuis, amarelos, dourados, vermelhos... Uma explosão multicolorida para a palmeira que bate a cabeleira ao vento. E nessa composição, os pássaros que pousam em suas folhas são brincos ora alvos ora tintos. E quantos poetas violeiros não lançam com todo mel seus olhares ao vento na tentativa de escalar as tranças de uma palmeira rapunzel. ...
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03/05/2012 - A canção de Nana não pode acabar

Nana decidir parar de cantar é como o sol resolver deixar de amanhecer, é como a primavera se entregar ao inverno perpétuo, é como o barco desistir do mar.

A filha de Dorival Caymmi e Stella Maris não pode se despedir dos palcos. Nana é a melodia original não corrompida pelo tempo. Nana é melodia com alta carga genética que deve seguir em permanente espetáculo.

Nana deve cada vez mais vista, ouvida, sentida, vivida em plenitude.

O fato de vivemos um período de antimúsica só reforça a necessidade de Nana continuar. A boa música não pode se silenciar, tampouco dizer adeus aos teatros. ...
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A capital do átimo ou o átimo da capital

Num átimo, os alísios desviam as naus com 1.500 descobridores comandados por Cabral. Num átimo, línguas portuguesas e tupis se misturam num mesmo beijo. Num átimo, a Ilha de Vera Cruz se veste de Terra de Santa Cruz que se tranveste de Brasil numa quadrilha à moda de Drummond. Num átimo, JK se sente desafiado a erguer a capital federal em pleno cerrado. Num átimo, Niemayer rabisca Brasília. Num átimo, a capital ganha as asas de um Lucio sem acento. Num átimo, os fabianos, sinhás vitórias e baleias de Graciliano Ramos se encontram com os severinos de João Cabral. Num átimo, suor e esperança na mesma argamassa da Esplanada. Num átimo, o concreto se alastra. Num átimo, malandros de contrato, gravata e capital, que nunca se dão mal. Num átimo, os poetas simétricos não rimam árvores tortas com praças de pedra. Num átimo, as flores do cerrado são colhidas nos camelôs da Catedral, onde, num átimo, encena-se um balé de anjos suspensos e propensos a milagres. Num átimo, o general Costa e Silva revira pelo avesso as bacias mais democráticas do país. Num átimo, o irmão do Henfil parte num rabo de foguete. Num átimo, gregos e troianos deixam-se levar pelo romantismo brega chick das fontes da Torre. Num átimo, estrelas salpicam e incitam e suscitam olhos candangos. Num átimo, o lago Paranoá vira praia, mar, oceano e se deixa povoar por biquinis, varinhas de bambu, jet sky, velas e barcos de néon. Num átimo, turistas se perdem no labirinto das tesourinhas. Num átimo, centenas de pessoas invadem seis pistas de piche, com tênis, cachorros, bicicletas, patins, velotróis e celebram o domingo. Num átimo, sol e lua flertam-se, olhos nos olhos, no céu esgarçado de Brasília. Num átimo, saboreia-se o churrasquinho de gato ou o frango esfumaçado das entrequadras. Num átimo, Dom Bosco é uma profecia, uma visão, um santuário. Num átimo, os fossos dos palácios se transformam em espelhos d?água. Num átimo, a torre Eiffel se transforma na Torre de TV. Num átimo, os jardins suspensos da Babilônia ganham à assinatura de Burle Marx. Num átimo, as pirâmides do Antigo Egito se transformam num templo ecumênico. Num átimo, Garrincha vira um estádio de arquibancadas tortas. Num átimo, a Catedral se transforma num feixe de trigo. Num átimo, o Paraguai cabe numa feira. Num átimo, três arcos olímpicos abraçam a terceira ponte. Num átimo, para se chegar a Villa-Lobos é só descer as escadas do Teatro Nacional. Num átimo, a Praça dos Três Poderes ganha a simbologia e a hemorragia das pombas. Num átimo, zebrinhas vermelhas cortam a cidade. Num átimo, o vocabulário ganha verbetes cartesianos: SQS 400, QL 2, CLN 115, SCS, SDN, SHLN, MI 3, SRTVS, SIA. Num átimo, Brasília se torna fria lírica úmida distante de uma forma tão atimica. Num átimo, crianças brincam debaixo do bloco. Num átimo, amoras, mangas, acerolas, goiabas e tamarindos perfumam as quadras. Num átimo, o amarelo e o roxo dos ipês roubam à cena do branco de Niemayer. Num átimo, comemora-se a primeira chuva de setembro. Num átimo, invasões de luxo e de miséria. Num átimo, a estrutura do pós-modernismo se quebra nas quebras da Estrutural. Num átimo, Glauber Rocha, Pedro Almodóvar e Frederico Fellini caminham pela Academia de Tênis. Num átimo, foliões colecionam bocas na micarecandanga. Num átimo, a W3 se transforma em L2 num grande circular. Num átimo, corpos submergem e imergem em piscinas de água mineral. Num átimo, nasce uma lei e um fora-da-lei. Num átimo, o vermelho do pau-brasil mancha o chão do Areal e as curvas do Blue Tree Alvorada. Num átimo, Ceilândia e Cinelândia se confundem. Num átimo, cidades deixam de ser satélites para serem planetas. Num átimo, alguém ama e mata em um setor, seja comercial, bancário, de hotéis, de mansões, de autarquias, de diversões ou de indústrias gráficas. Num átimo, come-se tapioca, pastel, pato no tacupi, vatapá, bombom de cupuaçu e algodão-doce na mesma feira. Num átimo, o Brasil passa a ser a capital de Brasília. Num átimo, a solidão nos cerca. Num átimo, a equação distância/ tempo se materializa e tem-se a impressão de que os alísios do Paranoá trarão a esquadra de um novo Cabral. Num átimo, novos descobridores da capital do átimo ou do átimo da capital....
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03/05/2010 - A cartola da mágica

A cabeça da mulher amada é como cartola de mágico, dela pode sair de um tudo. De brisas agradáveis a tsunamis devastadoras, de dias ensolarados a dilúvios divinos, de camafeus a pimentas dedo-de-moça, tudo é possível e permitido quando se trata dos pensares da mulher amada. Há quem se pele todo diante da figura da mulher amada pensadora, extremamente reclusa e desapegada de olhares.

O que pensa a mulher amada? É isso que todo homem apaixonado quer saber. Há quem empenhe a própria vida na descoberta deste que é um dos maiores segredos da humanidade. Para religiosos, a cabeça da mulher amada esconde outra bíblia tão temida quanto os evangélicos apócrifos. Para filósofos, o pensamento da mulher amada é algo que transcende a compreensão humana. Para matemáticos, uma conta irracional que pende para a numerologia. ...
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06/10/2011 - A casa do caboclo

O que cai do céu não se sabe se é chuva ou o choro do Caboclo das Sete Encruzilhadas diante da destruição de sua casa. Ao golpe de marretadas, telhados e paredes que abrigaram o berço da Umbanda vão ao chão. Acabam com o marco inicial da religião genuinamente brasileira. Destroem mais de cem anos de história, forjada com muita luta e sacrifício. Ôô sacerdote, ôo curandeiro! Os espíritos dos caboclos e dos pretos velhos estão na rua Floriano Peixoto, número 30, no bairro de Neves, no município de São Gonçalo, Rio de Janeiro, despedindo-se do terreiro que é a certidão de nascimento da Umbanda. ...
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