Daniel Campos

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Encontrados 95 textos. Exibindo página 7 de 10.

26/04/2010 - Um espantalho, pelo amor de Deus

O que você quer do milharal? Milho de pamonha, de cural, de pipoca? Pois eu não. Eu quero o espantalho. Um espantalho, pelo amor de Deus, para espantar os corvos que me cercam. Eu quero um espantalho que seja capaz de proteger a minha plantação de sonhos e esperanças. Quero colocar esse espantalho no meu quintal, no meu trabalho, na calçada da minha casa, na minha sala de estar. Melhor, quero levá-lo nos meus ombros, carregá-lo dia e noite afora como arma ou amuleto sagrado. Pelo amor de Deus, um espantalho, por favor. ...
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16/04/2010 - Universus

Amo pelo espaço, pulando de planeta em planeta com botas de astronauta. Amo ruborizado nas mais altas temperaturas de mercúrio. Amo deitando em estrelas. Amo na cauda dos cometas, sob chuva de meteoros e na língua dos extraterrestres. Amo me casando nos anéis de saturno. Amo interceptando as mensagens dos satélites. Amo sem gravidade e com toda a seriedade que o assunto necessita. Amo dentro e fora de órbita. Amo em anos-luz. Amo abrindo os braços ao vento-estelar. Amo cosmologicamente. Amo num fenômeno luminoso. Amo universus, “todo inteiro”. ...
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25/01/2010 - Uma casinha na lua

Senhor astronauta, encoste por gentileza o seu foguete porque eu quero uma informação: quanto custa um terreno na lua? Um terreno bem distante da Terra, numa quadra sem vizinhos, sem linha telefônica nem rua pavimentada. Se eu puder escolher, quero morar na lua minguante na qual caiba só eu e a criatura amada. Pode ser uma cratera bem larga com vista para uma noite estrelada.

Se puder me dar uma carona no seu foguete eu já levo meu amor, minha bagagem e um bilhete com a inscrição “não perturbe”. Tudo o que eu preciso agora é de uma casinha no meio do nada para eu viver em paz com minha eterna namorada de um jeito que ainda não pude. Não me importo com chuva de meteoritos, com ausência de gravidade nem com os mitos envolvendo distância e saudade. ...
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10/01/2010 - Um amor condenado

Ela sabia que se amasse estaria condenada à morte. O amor sempre apareceu como pistoleiro em sua vida. Depressões, dores, tiros, facadas, socos, pontapés, agressões, palavrões, bebedeira, tentativas de suicídio, ameaças... todos os seus relacionamentos lhe traziam um quê de morte. Por mais inocente que fosse a paixão ela se transformava em algo assombroso, digno de filme de terror ou de boletim de ocorrência.

Ela tinha medo. Mas não conseguia deixar de gostar, de amar, de jogar. Gostava de se jogar de cabeça em seus romances. Era ciumenta demais. Era possessiva demais. E traia demais. Seu amor não tinha sentido, não se sustentava, mas ela vivia enchendo a boca para dizer que amava e, pior, amava demais. Enlouquecia seus namorados, noivos, amantes. A doçura dos beijos e o inferno das atitudes. ...
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01/01/2010 - Uma nova lavoura

A terra está preparada. Pode começar a lavoura. Converse com o tempo e entrem em um acordo. Flerte com as sementes. Quanto mais rápido plantar, mais rápido terá do que se alimentar. No entanto, que essa plantação lhe valha a curto, médio e longo prazo. Afinal, o infinito é finito. E que a plantação seja sua imagem e semelhança. Plante sentimentos, plante pessoas, plante sonhos. Plante o que quiser plantar desde que seja responsável pelo que estiver em seu terreno.

Não sufoque a plantação com cercas. Opte pela diversidade, pela multiplicação, pela comunhão de culturas. Cuidado com os corvos, com os gafanhotos e com outras criaturas que possa a vir chamar de pragas. E saiba que ao escolher entre a mão e os tratores estará influenciando diretamente no sabor das coisas. Não se esqueça da adubação, da irrigação, da relação entre planta e plantador. Quanto maior a cumplicidade nessa relação maior será a colheita. ...
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25/12/2009 - Um Natal eterno

Que o Natal não seja somente uma data, mas um tempo. Que os presentes não sejam perecíveis, ou melhor, que vão além do período terreno. Que as árvores continuem enfeitadas e respeitadas. Que o bom velhinho continue andando por aí. Que as luzes se multipliquem. Que a mesa seja farta todos os dias. Que um trenó puxado por renas seja o pretexto para dizer que o sonho existe. Que sempre haja um motivo para um abraço e um sorriso. Que se comemorem cada nascimento como sendo único. Que o espírito natalino dê frutos, sementes e novas flores. Que saibamos seguir as estrelas para além da noite de Natal. Que se compreenda o sentido do dia de hoje aplicando-o nos demais. Que ninguém, daqui por diante, sinta-se sozinho. Que a vida tenha finalmente seu sentido redimensionado. Que os anjos, hoje e sempre, digam amém ao amor em todas as suas variações. ...
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11/11/2009 - Uma boa média

Chamei o atendente do botequim e pedi uma boa média. Tom e Vinícius num mesmo copo. Nada melhor do que começar o dia bebendo o poeta e o maestro. O romantismo de Moraes aliado à natureza de Jobim dá ânimo para não só enfrentar, mas viver o dia. Aliás, viver a plenitude do dia. Cada qual a sua maneira, ambos foram intensos. Vinicius buscou a mulher amada em nove casamentos e infinitas histórias de amor. Já Tom buscou se encontrar consigo mesmo numa procura incessante pelo eu sublime.

Os dois poderiam perfeitamente existir e fazer sucesso separadamente, sem nunca precisarem ser parceiros. No entanto, ao cruzarem seus destinos a magia falou mais alto. Garota de Ipanema ganhou dimensões divinas, como que parte de um tipo de mitologia. Nem grega, nem romana, nem nórdica... Mitologia viniciana, Mitologia jobiniana. Cantar o amor, a partir deles, deixou de ser piegas para se tornar algo requintado e simples ao mesmo tempo, algo novo, aliás, algo bossa nova. ...
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22/11/2008 - Um portal aos seus pés

Muitos se perguntam sobre um portal mágico, cujo destino é uma outra dimensão, uma espécie de paraíso perdido, uma manjedoura de sonhos. Todos perseguem, mas ninguém dá notícia deste lugar. E todos nós temos acesso a ele e nem percebemos. Afinal, você já parou para pensar o ralo do banheiro? Esse inofensivo mecanismo instalado sob seus pés tem a missão de levar suas expectativas, suas lágrimas, seus suores, as marcas de seu corpo, seus medos, as conversas que não se calaram, o dia que passou e o que ainda não chegou para um outro mundo....
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01/10/2008 - Um atentado lingüístico

Agora é lei: o presidente bateu o martelo em relação as novas regras na língua portuguesa. Vamos ter que desaprender a escrever. Afinal, quem escreve errado saiu ganhando. Já imaginou escrever idéia sem acento? E abolir o trema dos textos? Mais do que uma questão fonética, o trema confere uma outra beleza ao texto. Uma beleza que, graças ao Lula, está praticamente extinta. É claro que restarão os românticos do trema, mas a tendência é eles desaparecerem um a um.

Há tanta coisa para ser feita e a maior autoridade do país resolve acabar com um inofensivo trema. Se ao contrário daqueles dois pontinhos horizontais fosse um colarinho branco, garanto que o Lula não teria mexido com ele. Pois é, o trema caiu. E com ele, alguns acentos agudos e circunflexos, os populares risquinhos e chapeuzinhos. Agora, o que vale é enjoo, abençoo, deem, leem. Há ou não a sensação de que as palavras estão peladas?...
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Comentários (2)

30/09/2008 - Uma outra cidade

Eu não entendo a língua dos brancos. Eu não vivo nos brancos da página. É melhor viver no negro, no azul, no vermelho das palavras que tingem a brancura desta cidade de papel. Mas essa cidade é secreta, feito uma terra que já virou lenda. Ao menos, para os olhos dos brancos. E é assim que passo os meus dias, moendo o açúcar das palavras em busca dessa cachaça poética, que pinga dos tonéis e é levada por meus pensamentos no gemer dos carros de boi. Passo os dias dançando em busca da chuva das palavras, invocando o Tupã das palavras, caçando e colhendo a alma das palavras. ...
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