Daniel Campos

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Encontrados 111 textos. Exibindo página 3 de 12.

14/07/2015 - Tire a vida pra dançar

Bota mais samba no seu requebrado. Capricha no molejo e faz o seu balançado. Sacuda a vida. Chacoalhe o tempo. Coloque pra girar a roda do sentimento. Dança mesmo que sem música. Baile com a alegria que for encontrando pelo caminho. Deixa o ritmo do coração levar seus passos. Não tema cair nem desafinar. Feche os olhos, busque a sua canção, e deixa a vida girar. São encontros, desencontros e reencontros numa constante troca de par. Gira, roda, dança, requebra e não medra. Tire a vida pra dançar.


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26/06/2015 - Toadinha

No meu violão eu digo sim, bendigo não. Todo mocinho tem seu dia de vilão. E nem todo ladrão rouba mais não. E se a canção for de amor não se importe nem note se a rima barata se casar com dor. O pássaro mais afinado nem sempre é o mais cobiçado. É preciso ter vida, sobrevida e ainda vencer a despedida. Quem vai querer uma melodia assim, aonde o fim vem antes do começo? Quem vai entender a letra que diz que para ser feliz é preciso sofrer? E se a lágrima for o preço do verdadeiro amor quem vai, quem vai se opor? Deixe-me propor uma canção calada, pois agora, que o coração chora, não é preciso dizer mais nada...


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25/06/2015 - Tem mais samba pra chegar

Tem mais samba para chegar, pode esquentar as cadeiras remexendo para lá e para cá. Escuta o tamborim que ao balançado do mundo diz sim, sim, sim. O surdo grita fundo. E os tantãs nunca tiveram tão sãos. Pode sambar, sambar, sambar só não deixa a harmonia atravessar. Tem samba demais ainda pra chegar. Samba no jardim, na sacada, no telhado, no banheiro, no terreiro, na estrada que vai dar em algum lugar. O samba não pode esperar. Deixa essa batucada lhe levar. Arrepia, arrepia, pois o samba foi feito para arrepiar. Gira sem medo do que será após girar. Cai nos braços e nos passos de quem do samba faz arte. Samba no quintal, no quarto, na calçada, em Marte. Samba porque o samba é o nosso estandarte. Samba num beijo bom. Samba e aumenta o som. Samba pelas costas de quem se ama. Samba pelas encostas da cama. Samba porque o samba não é de esquerda nem de direita, no samba toda gente se ajeita. Samba e deixa suar. Samba pra clarear. Samba sem se preocupar, pois tem mais samba ainda pra chegar. Samba descalço, de sapato, de salto, em pé, deitado, ritmado, na terra, no barro, no asfalto, atando ou desatando laço, samba no terraço, no compasso, no gingado, samba pra frente, pra trás, pro lado, samba pelo avesso, com apreço, em qualquer endereço. Samba só, acompanhado, solto ou dado nó. Samba fazendo moda. Samba samba de moça, samba de compositor, samba de roda. Samba e deixa o samba chegar. Samba e pro samba chegar é só começar. É só começar a sambar. Samba, samba, samba que o samba lá chega cá.


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30/05/2015 - Tomação

Toma juízo. Toma cuidado. Toma prosa. Toma água. Toma boca. Toma pé. Toma tento. Toma consciência. Toma rumo. Toma jeito. Toma flecha. Toma chuva. Toma língua. Toma costume. Toma caldo. Toma chão. Toma assovio. Toma nota. Toma chá. Toma tempo. Toma vento. Toma onda. Toma saudade. Toma fim. Toma pernada. Toma pílula. Toma pedrada. Toma poeira. Toma linha. Toma luz. Toma foco. Toma estrada. Toma ciúme. Toma voz. Toma sangue. Toma gol. Toma queda. Toma trilho. Toma dó. Toma pau. Toma liberdade. Toma olhares. Toma tiro. Toma gosto. Toma tenência. Toma raio. Toma benção. Toma xarope. Toma banho. Toma remédio. Toma ponto. Toma drible. Toma partido. Toma sol. Toma amor. Toma lá dá cá. Toma cá dá lá. Toma dá lá cá. Toma lá cá dá. Toma cá lá dá.


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07/05/2015 - Tintura

Pisa de vermelho chamando-me à loucura. Caminha de azul fazendo-me perder toda e qualquer bravura. Vem figurativa, abstrata e concreta ao mesmo tempo. Imprima em mim a gravura do seu desejo. Coloque-me perdido na sua perspectiva. Vem verdejando meus campos num verde que é só seu numa natureza viva repleta de texturas e tonalidades. Tira do tempo esse tom desbotado, levando-me o viço da demão do novo pela sua mão. Toma meus dias com sua cor e fala-me de amor entre tintas e pintas. Pinta-me, tinta-me, sinta-me em suas cores mais quentes. Joga-me na sua paleta, misturando meus olhos de guache aos seus altos-relevos. Façamos beijos craquelados dando, pouco a pouco, o acabamento mais que perfeito e sonhado. Dilua seus sonhos no que lhe proponho como arte. E muito cuidado para que a saudade não venha como aguarrás.


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26/02/2015 - Toca o barco

Toca o barco camarada que o rio é grande e não dá para deixar tudo a cargo da correnteza ou do vento. Toca o barco, bora remar. Toca o barco de braçada. Toca o barco e para de reclamar. Toca o barco pra frente porque até a água é corrente. Toca o barco camarada fazendo do horizonte o norte da sua estrada. Toca o barco como se ele fosse flecha disparada do arco do passado rumo ao futuro que é agora. Toca o barco pro quarto da lua. Toca o barco cachoeira abaixo. Toca o barco sem se esquecer de escrever sua história nas margens do rio.


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09/02/2015 - Tempo de tempo

Nunca tenho tempo de ter tempo. Tudo sempre passa rápido demais. Tudo sempre antes de vir já fica para trás. Nunca tenho tempo de sentir os sabores a fundo, de admirar as cores do mundo, de me atentar ao movimento da vida. Sempre faltam beijos, abraços, eu te amos na minha conta. Sempre tenho a sensação de que podia ter tido mais, independentemente do que quer que seja, podia ter sido mais. Há uma sensação de incompletude em razão da pressa dos ponteiros que giram cada vez mais velozes. Há um envelhecimento precoce generalizado sobre tudo e todos. A vida passa ligeira sem que percebamos. Quantos textos se perdem antes de serem escritos? Quantos amores se vão sem ao menos ser vividos por inteiro? Quantos filmes, livros, passeios ficam pelo caminho, distantes de nós, que rumamos sempre na mesma falta de tempo? Quanto tempo nós perdemos pensando no dia em que teremos tempo? O tempo não para, não espera, não volta e demoramos a entender isso. Nós custamos a entender que o tempo não cede à chantagem, não quebra suas regras, não facilita em nada nossa vida. Não que seja cruel, mas o tempo é razão absoluta, de uma seriedade singular. O tempo não nos trai nunca, somos nós que nos traímos e culpamos o tempo.


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06/02/2015 - Tomando chuva

No meio de tantos que correm e se cobrem da chuva, que fazem uso de sombrinhas pretas ou coloridas, das românticas às psicodélicas, há quem passe literalmente tomando chuva. Tomando no sentindo de beber, pois cada milímetro quadrado de tecido, cada poro, cada célula é devida e inteiramente preenchido pela chuva que há. Homens que não se importam em manchar seus sapatos engraxados, embaçar seus óculos, incitar o linho de suas camisas de mangas longas ao desejo de florescer. Mulheres que tomam aquela chuva borrando a maquiagem, desmanchando o penteado, revelando segredos corporais. Felizes os que não gritam com suas crianças quando elas vão pela enxurrada ou poças. Aliás, como seria bom se fossemos barquinhos de papel sendo levados pela água no meio fio pela força da gravidade, vivendo o êxtase até ser desmanchados e tragados por alguma boca de lobo. Olhemos a chuva e saibamos com ela como nos comportar. A chuva não combina com gritos, com correria, com desespero. A chuva alimenta a alma, e por maior que seja sua força, é um convite ao silêncio, à contemplação, à entrega. Ninguém toma uma bebida caríssima num gole só, é fundamental a existência de um ritual que permita o aproveitamento a fundo de todos os sabores que compõem aquele sabor. E não há bebida mais cara neste mundo do que a chuva. Portanto, não desperdice a chuva correndo ou blasfemando o quanto de deus (de deuses) há nela. Viva a chuva para que a chuva possa viver você.


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07/01/2015 - Tia Dodô e o céu das águias

No céu de Madureira, a águia-mãe se veste de negro e alça um voo triste sobre passistas que não passam, acenam o luto da despedida. Tia Dodô, com o coração de águia que sempre teve, voou pra outras bandas em busca de um jardim de flores brancas e azuis. Dama das damas, Maria das Dores Alves silenciou os nossos tamborins. Aos 95 anos, a primeira porta-bandeira, que desfilava desde os 14 anos defendendo a azul e branco, foi sambar noutro lugar junto de Paulo da Portela, Candeia e Heitor dos Prazeres. Salve os bambas que aplaudem da janela Tia Dodô, que aos 84 anos desfilou como rainha da bateria nota 10 de Madureira; Coisas de Portela. Lá em Mangueira e na velha quadra da Estácio se chora a partida de Tia Dodô. Aplausos e repiques para mais uma rainha que subiu para os céus das águias que bebem das águas do carnaval do Rio.


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19/12/2014 - Todo o amor do mundo

Todo o amor do mundo até o fim dos tempos é isso que eu prometo ser, amor, amor, amor. Todo o amor do mundo a tudo o que foi, é e ainda será vivo um dia. Todo o amor do mundo aos que cantam, aos que dançam, aos que voam, aos que crescem, aos que movimentam a roda da vida que roda nos fazendo rodar. Todo o amor do mundo aos que se dizem apaixonados e, principalmente, aos que vivem como apaixonados. Todo o amor do mundo aos que flertam com a lua e se sentem transformados em noite de lua cheia. Todo o amor do mundo aos que como eu se dão em sentimento. Todo o amor do mundo aos que caminham de dentro para fora. Todo o amor do mundo aos que acreditam no faz-de-conta. Todo o amor do mundo aos que enxergam nuvens de palavras no céu. Todo o amor do mundo a quem não tem vergonha de professar o seu amor. Todo o amor do mundo aos que amam demais.


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