Daniel Campos

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09/02/2015 - Tempo de tempo

Nunca tenho tempo de ter tempo. Tudo sempre passa rápido demais. Tudo sempre antes de vir já fica para trás. Nunca tenho tempo de sentir os sabores a fundo, de admirar as cores do mundo, de me atentar ao movimento da vida. Sempre faltam beijos, abraços, eu te amos na minha conta. Sempre tenho a sensação de que podia ter tido mais, independentemente do que quer que seja, podia ter sido mais. Há uma sensação de incompletude em razão da pressa dos ponteiros que giram cada vez mais velozes. Há um envelhecimento precoce generalizado sobre tudo e todos. A vida passa ligeira sem que percebamos. Quantos textos se perdem antes de serem escritos? Quantos amores se vão sem ao menos ser vividos por inteiro? Quantos filmes, livros, passeios ficam pelo caminho, distantes de nós, que rumamos sempre na mesma falta de tempo? Quanto tempo nós perdemos pensando no dia em que teremos tempo? O tempo não para, não espera, não volta e demoramos a entender isso. Nós custamos a entender que o tempo não cede à chantagem, não quebra suas regras, não facilita em nada nossa vida. Não que seja cruel, mas o tempo é razão absoluta, de uma seriedade singular. O tempo não nos trai nunca, somos nós que nos traímos e culpamos o tempo.


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