Daniel Campos

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22/12/2009 - Meu tempo é quando

Vinícius de Moraes costumava dizer de forma sintética: "meu tempo é quando". Com licença do poeta, vou aprofundar o tema, afinal, meu tempo é quando... Meu tempo é quando o amor vinga. Meu tempo é quando a solidão encontra seu par. Meu tempo é quando o prazer não se envergonha de dar e receber prazer. Meu tempo é quando a morte me esquece. Meu tempo é quando outro corpo me aquece. Meu tempo é quando o destino tece novo caminho e, sem qualquer carinho, o pisa. Meu tempo é quando a razão contemporiza.

Meu tempo é quando a chama me chama. Meu tempo é quando um mais um é um (um só coração). Meu tempo é quando o tempo dá trégua. Meu tempo é quando o sangue estanca. Meu tempo é quando o céu some degradê sem saber se dia ou noite. Meu tempo é quando a tarde cai nas pernas de um grilo solista. Meu tempo é quando as gavetas são reabertas. Meu tempo é quando as palavras ganham o papel. Meu tempo é quando o peito extravasa.

Meu tempo é quando os olhos se cegam. Meu tempo é quando o sonho deixa de ser sonhado para ser vivido. Meu tempo é quando a rainha dá xeque-mate no rei. Meu tempo é quando a esquina se dobra. Meu tempo é quando o sentido supera a voz. Meu tempo é quando nada é mais que tudo. Meu tempo é quando dois olhares conversam. Meu tempo é quando dizemos em um só coro: valeu a pena. Meu tempo é quando os ponteiros do relógio se cruzam entre você e eu.


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