Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 6 de 20.

23/08/2014 - Merthiolate

Você tem razão, brigamos com quem mais amamos porque sabemos que vamos contar com a plena compreensão desse alguém além de uma espécie de perdão ad aeternum. Mas é feio descontar nossos problemas em quem só é digna de nossos poemas. É súbito o arrependimento em não tratar bem quem só nos faz bem. O amor aguenta tudo, releva tudo, cura-se de tudo, mas não podemos nos esquecer de imediatamente nos arrepender, reconhecer que passamos da conta, e prometer nunca mais, nem sem querer, fazer quem mais amamos de um jeito ou de outro sofrer. Nós que amamos demais devemos ter cuidado para controlar o coração indomado que nos leva a atropelar a razão, a passar dos limites do bem e do mal, a cavalgar para além da melhor intenção do verbo enciumar. Nós que amamos demais não devemos descuidar jamais da humildade de voltar atrás e pedir desculpas, e assumir a saudade, como que passando merthiolate na realidade.


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16/08/2014 - Mais de trinta

Acordei, olhei no espelho e me assustei: eu tenho mais de trinta anos. Eu tenho trinta milhões de sonhos pra ser realizados. Eu tenho muito a fazer neste plano. Eu tenho mais passado do que futuro. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não aprendi a ser humano. Coleciono enganos, desenganos, entradas pelo cano. Eu tenho inocência de beijos e abraços. Eu tenho impaciência e carência de um outro tempo. Eu tenho tantos laços para ser amarrados, apertados ou desatados. Eu tenho mais de trinta anos e ainda tenho a inocência de que vou ser amado como amo. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não me conheço por inteiro ao ponto de me pegar me chamando de fulano. Eu tenho mais de mil possibilidades e incuráveis saudades. Eu já não tenho mais desculpa. Eu tenho muito que fazer, falando sério tenho mesmo que correr, afinal eu preciso, sim eu preciso acontecer. Eu tenho mais de trinta anos carregando o piano do meu destino. Não sou mais um menino e ainda sou, e tudo sou... Já passei da época de ganhar brinquedo, de colecionar segredo, de ter medo... Eu tenho mais de trinta anos e ainda me encano com contos da carochinha. Às vezes ainda acho que a minha vida não é minha. O tempo passa e a morte existe e nem disfarça. Eu tenho mais de trinta anos e esse meu sangue cigano não me aquieta. Eu ainda acordo poeta. Eu ainda me faço sentimento. Eu ainda esculacho o cotidiano de gente grande. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não pilotei um aeroplano, não virei vegetariano e não me acostumei em ser urbano. Eu tenho tanto ainda a conhecer que às vezes me dá vontade arrumar as malas e ir embora de mim. Em quantos casulos ainda terei que entrar para conseguir voar para onde eu quero. Eu tenho mais de trinta anos e ainda espero. Não danço valsa, arrasta-pé ou bolero. Já passei dos trinta e nem coloquei fogo como Nero. Eu já tenho mais de trinta anos e meu coração não tem nada de veterano. Eu nem sei o quanto o sal das lágrimas já marcou minha pele. Eu tenho mais de trinta anos e pressa em ter menos frustrações, expectativas quebradas e fantasias não realizadas na minha bagagem. Eu não espero envelhecer para ser somente parte da paisagem. Minha arte não tem idade. Eu tenho mais de trinta anos e ainda não fiquei nu na tempestade. Encontrei minha metade que preferiu completar outra realidade. Já tenho cabelos brancos e já não acredito mais em santos. Meus heróis já se foram. Eu tenho mais de trinta anos. Não tolero os draconianos nem me encaixo freudiano. Eu sou o mesmo Viniciano de Moraes, que anda amando, amando, amando demais. Acordei, olhei no espelho e me assustei: eu tenho mais de trinta anos.


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14/08/2014 - Menina de coração azul

Menina que dá cambalhota. Menina que faz suas molecagens. Menina cheia de princesices. Menina dos olhos de bosques. Menina que gosta de fruta no pé. Menina que ri de desenho animado. Menina que se joga na cama. Menina do beijo tuti-fruti. Menina do riso leve. Menina que se atreve. Menina dos biscoitos recheados e iogurte. Menina que ama e não diz. Menina de tantas cócegas. Menina que sonha o hoje. Menina sem pressa de viver. Menina dos olhares de lua cheia. Menina que rodopia sem se importar se vai cair ou não. Menina de intimidades à tona. Menina de tanto frescor. Menina sem frescura. Menina na rua, no carro, na cama. Menina que se espreguiça em abraços. Menina que (se) apaixona dormindo. Menina do sol. Menina que se lambuza. Menina que cruza as pernas em mim. Menina flor. Menina que se deixa conduzir. Menina translúcida. Menina que chama. Menina que pede colo para dormir. Menina que não é de fugir. Menina que expõe as cartas sem truques. Menina boneca. Menina moleca. Menina sapeca. Menina de coração azul.


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08/08/2014 - Mal acostumado

Você me mimou. Você me mal acostumou a querer você a toda hora e numa exclusividade tal. Você me ensinou que amar é tratar bem. Você me mostrou como é ser bem amado, bem cuidado, bem apaixonado. Você me cortejou de forma tão natural. Você me viciou num amor que está acima do bem e do mal. Você me flertou permitindo meus flertes. Você me achou para não mais perder. Você se importou com os pormenores que para nós sempre foram por demais maiores. Você me alucinou no melhor dos sentidos. Você me golpeou certeiramente no cerne do meu juízo. Você me doou seu tempo. Você me garimpou. Você me dominou sem nunca me prender. Você me sustentou para além da minha fantasia. Você me tomou como nunca ninguém dantes havia ousado. Você se alastrou em mim de um segundo pro outro. Você me calou num beijo de contos de fada ainda não escrito. Você me inspirou a viver o que há de mais bonito. Você me iluminou de um jeito que agora que tudo se apagou não sei como continuar...


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03/08/2014 - Mais nada a fazer

Não há mais nada a fazer, não há mais nada a esperar, não há mais nada para lutar, não há mais nada a sofrer, não há mais nada a perder, não há mais nada a declarar, não há mais nada a assumir, não há mais nada a fugir, não há mais nada a dizer, não há mais nada a confessar, não há mais nada a morrer, não há mais nada a sucumbir, não há mais nada pra sorrir, não há mais nada a prometer, não há mais nada a ouvir, não há mais nada pra acontecer, não há mais nada pra pedir, não há mais nada pra perdoar, não há mais nada a futurar. ...
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28/07/2014 - Mimos

Minha pele bebe seu perfume. Eu durmo em meio as suas texturas e acordo nos sonhos da nossa loucura. Solitário, converso com seus solitários que me ensinam a ser apaixonadamente eternamente irredutivelmente solitário. Deito nos seus lençóis egípcios. Sua toalha branca acarinha minhas costas. Seus sapatos me dizem sobre seus passos rosas. Beijo as cores de seus batons. Vejo a lua pousar e cheirar noite em seu pescoço. Entre idas e vindas, meu mar deixa pérolas em seus pulsos. Suas camisolas bailam nupcialmente antes de eu cair no sono. Seu ouro amarelo lembra fios dourados de um cabelo ensolarado. Seus embrulhos me guardam por detrás de laços e fitas esperando o momento de você me achar. Seu anel leva o resultado do garimpo de minha alma. Meu eu respeita o seu lado da cama, embora meus braços e pernas teimem em abraçar seu corpo fluídico. Seus pijamas absorvem o choro da minha saudade. Suas meias brincam pelo meu quarto como pontas de bailarina. Mimo seus mimos enquanto me mimam trazendo você em cada peça de pano, de metal, de papel...


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04/07/2014 - Meu espaço é já

Nos últimos tempos tenho estado perto quando longe e distante se próximo. O espaço geográfico duela constantemente com o território psíquico, que tende a me governar de sul a norte. Uma simples palavra vence milhares de quilômetros. Dentre duas bocas podem surgir ou desaparecer estradas inteiras. Um gesto derruba fileiras de cordilheiras. Perto dela, volto a ser Pangeia. Longe, sou arquipélago cerca por um oceano de faltas. Meus trópicos e meridianos se cruzam nas pernas da mulher amada. A roda dos ventos floresce pelo campo dos seios da mulher que amo. Os olhos da mulher que detêm meu apaixonamento são minha bússola, que me indicam que sempre tenho que ir a sua direção. O complexo disso tudo é que ir a sua direção nem sempre significa ir ao encontro dela. Ao mesmo tempo em que é quântico meu espaço é tântrico.


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29/06/2014 - Marcas que ficam

Entre o sim e o não, ela vem pela escuridão acendendo estrelas, ateando fogo na lua-balão. Quebrando o silêncio, vem cantando em outra língua uma canção pra ficar. Passa ora calculando seus passos ora transformada em asa delta entregue ao vento. Deixa a poesia da sua boca nas bordas dos copos, das taças, das tulipas pelo horizonte afora. Cruza as pernas como se cruzasse hemisférios em linhas nada imaginárias, mas que rendem tanta imaginação. Alimentando a mágica da noite, sopra vaga-lumes que voam embriagados de paixão num zanza daqui zanza dali. Sorri. Chora. Gargalha. Engole o choro. Vem e vai embora sem dar satisfação. Como flor ora nasce no leste ora no oeste ora no verde ora entre quatro paredes ora na cidade ora na saudade. Pelas vielas do sentimento ela devora o coração ao mesmo tempo em que faz dele sua rede pra balançar nas suas horas de verão. Ora grita ora interna-se em seu monastério particular. É tanto mistério que nem ela se conhece. E faz do amor algo que definitivamente não se esquece.


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25/06/2014 - Menina que não cresceu

Alma rosa choque. Menina que não cresceu. Estrelas no teto. Pelúcias que conversam sobre você e eu. Mãos que não sabem dizer adeus. Príncipes encantados sob sua janela. Música alta. Choro quieto. Travesseiro embebido de segredos. Sonhos sustenidos. Pés beijados. Amores encantados. Liberdade sem tramela. Roupas de poesia. Vestidos de palavras. No lugar do sangue, corre lava. Rimas pela maquiagem. Intuição perfumada. Borrifos de ilusão. Cama soprada ao mar aberto. Coração em alta-voltagem. Desejo nada discreto. Par de asas. Pele em brasa. Unhas ousadas. Cabelos noturnos. Olhos gatunos que roubam o que bem querem. Prosa adocicada. Boneca animada. Medos que ferem. Sapatos e raptos. Braços e pernas em dobraduras. Costas para aportar depois da adrenalina. Maestrina das loucuras. Abraços em farturas. Carne dura bailando, rodando, dançando por um amor de menino e menina. Santa demônia. Tremores de prazer e querer tempo adentro. Insônia do bem. Noite no alto firmamento. Suores essenciais. Conjunções carnais. Signo de rapina. Alma rosa choque. Menina que não cresceu.


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14/06/2014 - Mestre Zezito, um modelo a ser seguido

Salve Deus! Salve Pai Joaquim das Cachoeiras! Salve Pai Joaquim de Aruanda! Salve aquele que é exemplo a ser seguido! Salve o mestre que se coloca sempre na condição de aprendiz, numa lição constante de humildade. Não falta quem, como eu, queira agradecê-lo por um motivo especial, porém, sempre pede para que agradeçam ao Pai Seta Branca e aos seus mentores, jamais a ele. Um mestre que vive a doutrina sendo amor e doação a todo instante, seja dentro ou fora do Templo. Um José que podia muito bem ser José da Caridade, José da Generosidade, José da Solidariedade... Mestre José Fernandes, conhecido carinhosamente por todos, do flanelinha ao presidente do Templo, como Mestre Zezito....
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