Daniel Campos

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Encontrados 200 textos. Exibindo página 14 de 20.

07/04/2011 - Mulher das adegas

Seu caminhar, mulher, cândido ao vento, vai bem com vinhos brancos leves. Anda, compondo-te em movimentos, enquanto a bebo num trago de Suavignon. Sua leveza é digna de um Pinot Noir. Diante de ti, ò mulher das adegas, curvar-te-á o meu paladar. Como é belo admirar suas expressões refletindo translúcidas ao longo de uma taça de Chardonnay. Bestifico-me de como seus olhos, frutados e frescos, me enchem de vontade e medo ao mesmo tempo.

Suas palavras, de uma adstringência característica, acompanham perfeitamente vinhos franceses das regiões da Borgonha e de Bordeaux. Já sua carne, incluindo o desejo que dela aflora, faz combinações surpreendentes do Malbec ao Cabernet, passando pelo Shiraz. E o que dizer de sua ironia, fina e ácida na medida certa como uma garrafa de Zinfadel? Vida esparramada em videiras, bebida guardada em cristaleiras. ...
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24/02/2011 - Mãe, onde está?

Será que me ouve e escuta o que digo em silêncio? Será que me vela como as velas velam teu altar? Será que me toma como filho ou esqueceu meu nome? Mãe onde está que não a vejo? Por onde caminha? Aninha a minha fé em seu colo, por favor, por amor.

Como eu faço para lhe encontrar? Já não sei mais onde lhe procurar. Já perguntei pros padres, pros anjos, pros santos da paróquia e até agora ninguém me soube dizer como faço para achar o seu passo, ver o seu rosto em meio a tanto desgosto. ...
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20/02/2011 - Mudança de horário

O texto saiu atrasado porque fiz questão de esperar pelo momento exato da mudança de horário. E não o fiz somente para dar adeus e comemorar o fim do relógio de verão que nos fazia acordar no escuro antes mesmo do concerto dos pássaros e trocava a luz das velas no jantar pela luz nada romântica do sol. À meia-noite pude tomar parte da magia de mudar o tempo, de voltar ao passado, de brincar de Deus.

Voltar os ponteiros do relógio em uma hora e poder viver novamente e de forma diferente aqueles últimos sessenta minutos é algo que mexe com dois mundos: o imaginário e o real....
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09/02/2011 - Matar o tempo

Estou atrasado. Perdi a condução, perdi a condição, perdi a minha hora, perdi o nosso horário. O relógio me passou a perna. E eu achei normal. Feliz o tempo em que os homens costumavam medir suas vidas de acordo com o tempo de plantar e colher. Ninguém se preocupava em medir o tempo em termo de exatidão matemática. O tempo era uma coisa divina, uma espécie de dádiva a ser usada em nosso favor. Hoje, é um castigo. O tempo é calculado em suas frações minúsculas numa ciência exata e objetiva. O tempo foi materializado. Tornou-se um vilão, um algoz, um elemento concreto. Um pesadelo permanente e constante. Afinal, já reparou que o tic-tac não cessa? ...
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27/01/2011 - Mulher jardim

Pare e olhe à rua, à mulher que passa levando consigo uma saia florida. Passa levando um jardim tatuado no corpo. O mundo enlouquece e louco anuncia uma primavera na qual padece a falta da flor. Muitos querem cheirá-la, apanhá-la, despetalá-la entre o romantismo e o casuísmo contido nos amores à primeira vista e nas paixões de florista.

Olhe lá vem descendo a mulher vestida com pétalas, sépalas, póles e folhas e Eva. Traz em suas pernas, ternas sementes de desejo e doçura. Flor do sexo, botão de beijo, cálice de perfume e cor. Como são macias as pernas da mulher à qual o catavento assovia mesmo sem vento. ...
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10/01/2011 - Morrer de amor, demodê?

Antigamente, entre poetas e plebeus, morrer de amor era um gesto nobre, digno de aplausos e suspiros. O amor transcendendo da carne para o espírito numa atitude romântica, sublime e sobre-humana.

Hoje não basta só morrer de amor. É preciso ressuscitar por amor, reencarnar por amor, tornar-se anjo por amor. Juras terrenas são pequenas e o suicídio é breve demais diante da promessa de esperar a criatura amada em outro plano e lá amá-la por toda eternidade. Fazer valer essa história de alma gêmea não é para qualquer um. Exige esforço, dedicação e fé. Fé em vida após a morte e fé em si mesmo. Afinal o que está em jogo é uma existência física....
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05/01/2011 - Mulher Jerusalém

Jerusalém é uma cidade com vida própria, ou melhor, uma mulher que ganhou vida. Uma mulher que coloca aos seus pés as três principais religiões monoteístas do mundo. Uma mulher que faz com que homens sintam-se as próprias reencarnações de São João Batista. Uma mulher que deixa qualquer um, crente ou não, atônico diante de sua beleza, da sua religiosidade, da sua tensão política. Uma mulher que é alvo de milagres e que faz pecar.

Jerusalém é a mulher velha, com quatro mil anos de história, com limites e muralhas, da época do Rei David. Pelas entranhas dessa mulher, a via-crucis, o muro das lamentações, o jardim das oliveiras, o santo sepulcro. Mas Jerusalém é também nova, mais moderna e laica. Uma mulher com bares e jovens e música eletrônica. Uma cidade alto-astral. Mulher alta, 750 metros acima do nível do mar, perto do paraíso. Mulher de baixa umidade, purgatório e inferno. ...
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04/01/2011 - Mulher dos olhos de dry martini

Ah! Como é existencial para qualquer vida o encontro com a mulher dos olhos de dry martíni. Olhos milimétricos, canônicos, eternos feitos, como que por um alfaiate, com quatro gotas de vermute Noilly Prat debruçadas sobre uma dose de gim em bastante gelo na coqueteleria. Depois de misturado e mexido, coa-se o gelo de seus olhares e seus olhos são serviços numa taça de cristal de 100 ml.

Não há nada mais elegante que um cavalheiro segurar seus olhares de dry Martini. Sente-se como David Nive, Fred Astaire, Sean Connery. Diante de seus olhos não há de se ter pressa, tampouco pensamentos paralelos. É preciso sintonizar a cabeça com a freqüência exata de seus coquetéis de globos, retinas e meninas dos olhos. Um coquetel finamente elaborado. ...
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02/01/2011 - Mulheril

Foi de ilusão eu sei que meu destino desaguou no que sonhei. Tão logo previ, encontrei. Tão logo sorri, chorei. Tão logo morri, dancei. Dancei nos seus braços, tropeçando em meus passos. E o cansaço da noite escura foi me deitando em sua formosura. E entre fogos de artifício, pirilampos explodindo no céu, fiz do meu louco a sua loucura. Os carros batiam, os navios naufragavam, os aviões caiam com todo o magnetismo que houve entre meu corpo e seu corpo.

Suores e lágrimas de prazer e de torpor. Folclores de amor e de sofrer. Calor escorrendo pelas costas e frases de bendizer tecendo nos ouvidos. Foram gritos e bramidos. Sua pele se comunicando com a minha em fá sustenido. Namorada e namorado, esposa e marido, amantes. Mulher de papéis e rapéis. Mulher de cachoeiras e corredeiras. Mulher de ar e da falta de ar. Mulher de um vôo cego e da cruz que me prego. Mulher que desejo e medro num amor varonil. Mulher mulheril.


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31/12/2010 - Mitológica e antológica

Você que conhece mais e melhor a linha que separa o bem do mal. Você, Eva, Cleópatra, Dalila. Você sempre sedutora, sempre pronta a ludibriar os homens que a devoram com olhos e dentes. Você, divina inspiração de pensamentos pecaminosos. Você que lê pensamentos e desbanca as teorias de Freud. Você que é um ato amoroso sem fim. Você que não distingue o amor físico do espiritual. Você que é outro tipo de afeto, ainda não descoberto pelos intelectuais. Você que é entrelaçada ao eu profundo de todas as coisas. Você que nos apequena diante de sua amplitude cotidiana e literária. ...
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