Ou exibir apenas títulos iniciados por:
A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todosOrdernar por: mais novos
Encontrados 26 textos. Exibindo página 2 de 3.
06/01/2012 -
João Gilberto chegou
Silêncio. João Gilberto chegou. Aquiete-se. Não se mexa. Ruído algum é permitido. João Gilberto chegou. Deixe as palavras para depois. Não ouse cantar. João Gilberto chegou. Não assovie, tampouco aplauda. João Gilberto chegou. Cale o corpo e a alma. Nada de demonstrar euforia. João Gilberto chegou. Amordace os sentimentos. Nada de gargalhadas ou chororô. João Gilberto chegou. Chega de saudade. João Gilberto chegou.
Que a terra pare de rodar. João Gilberto chegou. Que folha alguma caia das árvores. João Gilberto chegou. Emudeça os cachorros, os gatos, os pássaros. João Gilberto chegou. Desligue a televisão, o rádio, o computador. João Gilberto chegou. Controle os batimentos cardíacos. Nada de barulho. João Gilberto chegou. Controle as crianças. Não grite, não esperneie, não faça arruaça. João Gilberto chegou. Bim-bom. João Gilberto chegou....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
30/09/2011 -
Jacy (Minas-Brasília) Afonso
Ê Minas, ê Minas!
Aos apitos festeiros, uma maria-fumaça traz vagões e mais vagões de histórias para uma cidade que ainda constrói seus trilhos. Nos olhos de um homem-menino o mundo das tradições se mistura ao cenário contemporâneo. O barroco voa nas asas do modernismo. Aleijadinho e Niemayer dividem a mesma escultura. As veredas de Guimarães Rosa seguem paralelas aos eixos de Lucio Costa. Com muito a contar, as folhas das janelas de madeira se abrem aos calados prédios espelhados. As pedras das ladeiras e os azulejos de Athos Bulcão se encontram no botequim do horizonte. ...
continuar a ler
Comentários (3)
16/04/2011 -
Jogando com números
Um amor pra vida inteira. Dois corpos na noite se dão. Três, dois, um - ação. Quatro são os cavaleiros do apocalipse. Cinco são os pecados capitais. Seis Marias, sesmarias. Sete mares. O oito deitado vira infinito. Depois de nove meses, o parto. Dez mandamentos. Trem das onze. Uma dúzia de ovos. Treze signos depois do Serpentário. Luis Quatorze, o rei sol. Quinze, vamos ao baile?
Dia dezesseis de abril de 1989, nascia Chaplin. Dezoito: maioridade e irresponsabilidade. Dez e nove... dezenove. Vinte, eu tenho mais de vinte anos. Vinte e um, bati - alguém quer conferir as cartas? Vinte e dois, os famosos patinhos na lagoa. Rua vinte e três de maio. Vinte e quatro: dia de celebrar Nossa Senhora Auxiliadora. Vinte e cinco, bodas de prata. Vinte e seis estados. Roleta, vermelho vinte e sete. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
15/04/2011 -
Janelas abertas à chuva
De repente, um anjo distraído tropeça e derrama uma lata de nanquim pretejando as nuvens, que, na tentativa de expelir a tinta que as deixa pesadas (gordas), choram. Guardiões da ordem celestial lançam raios na tentativa de iluminar aquela escuridão e castigar quem provocou aquela confusão. O anjo tenta se esconder a todo custo, arrasta móveis para lá e para cá, bate portas e portões... Trovões. O choro aumenta, a chuva aumenta. O vento é convocado para limpar aquela lambança. O choro caído, sentido, colorido, quando carregado pelo vento ganha direções e nações....
continuar a ler
Comentários (1)
28/06/2010 -
Jogando conversa fora
Eu já lhe falei, ò meu senhor, das tantas coisas que trago no peito? Eu já lhe contei, ò minha senhora, por que meu coração chora descompassado desse jeito? Pois bem, é tanto ciúme, amor e defeito pulsando seus pulsos e impulsos no mesmo lugar. Ah! De centenas de espinhos apenas um ignora seu destino transformando-se em flor. E depois da dor do florescer vem o vento da separação, levando uma pétala para cada canto. E pétalas não são sementes de encanto ou de pranto, são apenas pedaços de um coração frágil e inquieto. Ah! Meu amor, por favor, fica por perto....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
08/01/2010 -
Jandaias
Como é bom acordar pela manhã e, ao saudar o dia recém-nascido, encontrar um casal de jandaias nas galhas desfolhadas por um outono fora de época. Equilibrando-se entre as cruzas dos ventos sudoestes, os enamorados periquitos realizavam uma espécie de dança naquela árvore do cerrado. De maneira bastante sutil, beijavam-se, agarravam-se, desejavam-se. O céu gritava azul ao contrate das duas jandais que insistiam em misturar seus corpos verdes.
A poucos metros de distância tentei escutar o que diziam. Mas como não entendo jandaês, pus-me a imaginar o cancioneiro poético que o macho soprava no ouvido da fêmea. Não estavam discutindo a relação, afinal a conversa era intimista demais. Também não falavam amenidades, pois as palavras motivavame e eram motivadas por carícias. Devia ser algo impróprio para o horário já que o barulho costumeiro das aves se restringia a sussurros. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
17/12/2009 -
Juras marilênicas
Ah minha amada por essa estrada eu lhe enalteço enquanto cresço de sorriso e pranto no acalanto desse amor preciso em cor e calor e fome. Conforme o encanto do feiticeiro do amanhã, envolva-me no cancioneiro da delicadeza ò semideusa, titã da beleza. É pela fantasia que lhe peço que meus versos nos livrem dos dias perversos e do verbo "despeço" - ápice da desalegria. Que entre nós a conjugação da despedida seja proibida como a maçã de Adão e Eva. Contra a treva, seja para sempre sol e lençol dessa terra que nos erra e enterra. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
07/11/2009 -
Já faz algum tempo
Já faz algum tempo que não digo o quanto lhe tenho amor. O tempo é tanto que as palavras já congestionam a minha boca. E esse vazio de declarações vai silenciando a tarde que arde de saudade ao meu redor. Tenho tanto a dizer e a redizer que já começo a rodar como um disco antigo e buscar um abrigo para me esconder dos minutos que passam sem você me ouvir falar de você. E se eu não puder lhe dizer o meu amor não quero dizer mais nada. Podem ceifar a minha língua e me deixar marcando a página de um livro. ...
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar
19/10/2009 -
Jacy Afonso, cavaleiro de sonhos
Vivendo a riqueza das tradições mineiras, sua família partia em romaria cruzando os sertões brasileiros no lombo de um cavalo em honraria aos céus. Sem tempo para se dedicar aos costumes de Minas, ele corre, articula, aponta, discute, analisa, debate, mobiliza. Trocou o cavalo pelo avião e as veredas pela ponte aérea Brasília - São Paulo. Jacy Afonso de Melo foi uma das primeiras personalidades do peculiar mundo político da capital federal que conheci frente a frente, na época, diante de uma xícara de café nas mesas de uma casa de tortas com sotaque italiano. ...
continuar a ler
Comentários (10)
09/12/2008 -
Joga a âncora
Quem sabe na próxima eleição elege-se uma enguia ou uma ostra porque lula não dá pé. A água está pelo pescoço e o mar, como sempre, não está para peixe pequeno. E eu tenho medo do tu-tu-tubarão. Nosso salário anda mais apertado do que sardinha em conserva. Nosso desespero chega a dar choque tal qual peixe-elétrico. E toda esperança de mudança depositada no herói dos sete-mares se tornou tão ridícula quanto peixe-palhaço.
Toda hora jogam a tarrafa em nossos bolsos. Não respeitam nem a nossa piracema. Nossa jangada já virou e ninguém nos ensinou a nadar. O medo nos abraça, nos sufoca em seus tentáculos, nos intimida com seus olhos de polvo. Estamos a cada dia mais próximo de Atlântida, o reino submerso. Contra esse efeito naufrágio nós nos debatemos e até nadamos cachorrinho, mas os caldos são cada vez maiores....
continuar a ler
Seja o primeiro a comentar