Daniel Campos

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09/12/2008 - Joga a âncora

Quem sabe na próxima eleição elege-se uma enguia ou uma ostra porque lula não dá pé. A água está pelo pescoço e o mar, como sempre, não está para peixe pequeno. E eu tenho medo do tu-tu-tubarão. Nosso salário anda mais apertado do que sardinha em conserva. Nosso desespero chega a dar choque tal qual peixe-elétrico. E toda esperança de mudança depositada no herói dos sete-mares se tornou tão ridícula quanto peixe-palhaço.

Toda hora jogam a tarrafa em nossos bolsos. Não respeitam nem a nossa piracema. Nossa jangada já virou e ninguém nos ensinou a nadar. O medo nos abraça, nos sufoca em seus tentáculos, nos intimida com seus olhos de polvo. Estamos a cada dia mais próximo de Atlântida, o reino submerso. Contra esse efeito naufrágio nós nos debatemos e até nadamos cachorrinho, mas os caldos são cada vez maiores.

Nestas raias, sondam-nos os perigos das águas-vivas, das arraias, dos araguaias e seus fantasmas. Não dá mais para viver catando conchinha ou deitado sob o guarda-sol. O mar está de ressaca a estibordo e a bombordo também. E não adianta se esconder em seu castelo porque ele é de areia. E a areia é do mar, da maré cheia. Até sereia arrumou perna e já está dobrando a curva do vento. Só a lula é quem sorri. Joga a âncora Brasil!


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