Daniel Campos

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27/04/2015 - Essa tal gravidade

Se não fosse essa tal de força da gravidade nós poderíamos andar nas nuvens sem nos prender a nada. As árvores ficariam de ponta cabeça, com raízes descabeladas aos céus e frutos ao alcance das mãos dos mais pequeninos. Os peixes nadariam por outros azuis e os pescadores poderiam fisgar anjos distraídos. A terra não prenderia ninguém, todo e qualquer corpo seria alforriado. Seríamos como balões de gás namorando pelo horizonte. Voaríamos, flutuaríamos, boiaríamos como astros e estrelas que somos. As pedras da calçada, das montanhas, das geleiras diriam que estávamos enganados sobre seus pesos, pois levitariam sem precisar de mágica. Ah, se a força gravitacional não nos atraísse arbitrariamente o universo nos seduziria muito mais. Não teríamos endereço fixo, pois nossas casas não parariam no lugar. Seria o caos se o caos não fosse o hoje, da forma como se está tudo aparentemente no lugar mas realmente tudo, do raso ao fundo, de pernas pro ar.


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