Daniel Campos

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22/10/2011 - Eu vou, eu vou

Vou entrar debaixo das cobertas e só sair na próxima estação. Vou hibernar ou abrir os olhos para mim. Vou pensar uma forma de revolucionar o mundo real. Vou traçar um plano para vencer os cavaleiros do apocalipse. Vou fazer um eclipse particular com meus sóis e minhas luas. Vou fazer questão de esquecer que do lado de fora haverá sempre um jornal, uma revista, um homem ou uma mulher ou ambos me querendo dizer algo de novo de novo e de novo.

Vou ficar no escuro com os meus medos e segredos. Vou cantar baixinho. Vou me alimentar de poemas e romances. Vou estar perto e, ao mesmo tempo, fora de alcance. Vou dançar como dançam os lobos em suas cavernas. Vou entrar em transe. Vou chamar pelos deuses egípcios, gregos, romanos, celtas, astecas, maias, hindus... Vou reescrever a história da humanidade. Vou compreender o movimento de cada músculo, o vôo de cada pensamento.

Vou fazer uma verdadeira fortaleza à espera de um ataque. Vou tomar uma chuva de esperança. Vou acalantar meu desejo. Vou chocar um novo amanhã. Vou me aninhar com meu bem querer. Vou semear um jardim entre as dobras dos lençóis. Vou fazer meus feitiços. Vou me isolar para estar junto, cada vez mais junto. Vou sonhar com uma nova existência. Vou superar limites, mergulhar no fundo da inconsciência para ver se recobro a consciência do meu eu mais profundo.


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