Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 2 de 37.

23/06/2014 - Cadê minha estrela?

Tempo fechado. Céu carregado. Olhos nublados. Cadê minha estrela, cadê? Camadas e mais camadas de nuvens grossas. Um vento na cadência de bossa. E um frio que na alma roça. Cadê minha estrela, cadê? Anunciam o final dos tempos. Meu coração se contrai ao relento. Um reino de fantasia para habitar eu invento. Cadê minha estrela, cadê? São tantas e tantas cobertas. São tantas horas incertas. São tantas trilhas desertas. Cadê minha estrela, cadê? No horizonte nem sol nem avião. Pelas encostas um extenso barradão. Tudo parece vir ao chão. Cadê minha estrela, cadê? Estenda as velas, pois o barco é a própria cama. Tente ouvir, mas não há ninguém dizendo que ama. Há uma solidão generalizada queimando como fria chama. Cadê minha estrela, cadê? Ninguém conversa alto. Mulher alguma passa de salto. E o destino não sofre sobressalto. Cadê minha estrela, cadê? Pelas paredes uma brancura de neve. Pelas ruas ninguém se atreve. E a cabeça se enche do que não deve. Cadê minha estrela, cadê? Pedidos por um bolo de chocolate. Pedidos pela vermelhidão de um esmalte. Pedidos de que nunca assim falte. Cadê minha estrela, cadê? Os pássaros fecham suas asas. Os amantes internam-se em suas casas. Os esperançosos sopram suas brasas. Cadê minha estrela, cadê? Toma gosto pelo que não vê. Pega as entrelinhas da atmosfera e lê. Para ser feliz ignore da vida cada por quê. Cadê minha estrela, cadê?


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18/12/2012 - Cadê Nanã?

Cadê Nanã? Cadê Nanã e toda a riqueza que ela proporciona? Cadê Nanã, já passou dia e noite, já é de manhã e Nanã não deu o ar de sua graça? Cadê Nanã, dona da criação? Cadê Nanã, cujo barro deu origem à civilização? Cadê Nanã? Já fui à lagoa da garça e à ponta do mar, já pisei a lama da estrada, subi a ladeira da praça, bebi da água parada e rodei na saia engomada e nada de Nanã encontrar. Nanã, cadê Nanã? Onde será que Nanã foi parar? Já procurei em tudo que é baobá? Cadê Nanã, a senhora dos ibás? ...
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30/10/2010 - Cadê o rei do baile?

Hoje amanheci com vontade de comprar uma vitrola e um bom disco de Tião Carreiro. Hoje amanheci querendo voltar a um tempo que não volta. Hoje amanheci querendo ver aquelas canelas dançando ao som de um violeiro. Hoje amanheci querendo acordar dez anos atrás no Sítio Boa Vista. Hoje amanheci com um gosto danado de passado na boca, como se a saudade tivesse me roubado um beijo. Hoje amanheci com desejo de viver aquela alegria simples e inocente outra vez, pelo menos mais uma vez.

Hoje amanheci assoviando modas e mais modas de viola. Hoje amanheci gastando sola, querendo me encontrar com Tião Carreiro. Hoje amanheci querendo rir e, me embalar, me emocionar e chorar diante daquele cavalheiro que curvava damas e vassouras pelo salão. Hoje amanheci perguntando ao vento pelo paradeiro daquele dançarino. Hoje amanheci comprando costela pra churrasco, amassando limões pra caipirinha e quebrando o sol na palhinha do chapéu que me ensinaram a usar tão bem. ...
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01/06/2015 - Cadê o tempo?

Cadê meu amor o tempo que estava aqui? Cansou de esperar e se foi num pé de vento? Tomou chá de sumiço, indo-se embora como que por obra de feitiço? Cadê, cadê o tempo que não deixou rastro? E eu pensei que o tempo tinha comigo algum lastro. Imaginei que iria me esperar, mas o tempo, meu amor, foi ter com outro. O tempo virou mundo. O tempo fechou a porta. O tempo deu pra bater noutro lugar. Cadê meu amor o meu tempo, o seu tempo, o nosso tempo de ficar juntos? O tempo tomou rumo, nem olhou pra trás. E olha que a gente carregou esse tempo nos ombros como quem carrega um andor. Pensamos que o tempo era santo, mas até o tempo botou quebranto no nosso amor. O tempo se enciumou e nem acenou adeus. O tempo se zangou e se enfiou no breu. O tempo nem avisou apenas se levantou de nós e ganhou chão a sós.


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08/04/2012 - Cadê os coelhos?

A menininha acorda apreensiva em busca de patinhas. Na verdade, rastros de coelho. Procura os tais vestígios pelo chão de seu quarto, pelas paredes e até no teto. Tamanha sua ansiedade chegou a sonhar com um coelho orelhudo, branco e de olhos vermelhos. Pensou que ao abrir os olhos enxergaria coelhos pulando para lá e para cá sem parar. Quando não viu nada fez beicinho e ameaçou um chororô sem fim. Chamou pela mãe, pelo pai, pela avó, mas ninguém apareceu. Será que havia sumido junto com os coelhos?...
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Caetaneando mais uma vez


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Café com Cony

Desde muito cedo adquiri o hábito saudável de tomar café da manhã com Carlos Heitor Cony. O jornaleiro, antes mesmo de o galo gargarejar com as primeiras gotas de sol, atirava aquele amontoado de notícias contra a minha janela. Não sei como, mas ele tinha pré-disposição em me acordar. Acredito que ele, o jornaleiro, só tinha ânimo para sair de casa, lá pelas três horas da madrugada, e pedalar a bicicleta, que o deixava com as pernas suspensas, só pelo íntimo prazer de me acordar.

Podia estar sonhando no mais perfeito paraíso, mas o menino travesso insistia em me trazer para a realidade. Tinha medo de que minha alma, que ficava vagando de mundo em mundo, se assustasse com o barulho, nada sinfônico, produzido pelo beijo forçado entre manchetes do dia com as frestas da minha veneziana, e não mais encontrasse o caminho para voltar ao meu corpo. Cheguei a espiar o menino pelo portão, acordando mais cedo que ele, e pude notar o sorriso em seu rosto ao arremessar o jornal contra o meu sono. ...
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09/03/2015 - Caipirice de luto

Há alguns pés de vento que vêm para cumprir o destino. No mesmo sopro, o vento sertanejo levou Zé Rico e Inezita Barroso. Ambos são parte da minha infância e juventude. Os domingos no sítio ao som de Milionário e José Rico. Os domingos em casa ao ritmo de Viola Minha Viola. Antônio e Liberato, meus dois avôs, encantavam-se tanto com a música de Zé Rico quanto com a de Inezita. Pode parecer antiquado para aqueles que colocaram o sertanejo na universidade, mas não há nada mais atual e autêntico do que essa dupla caipira levada pelo vento de março. ...
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14/05/2008 - Caiu uma floresta inteira

Caiu a última pedra que incomodava no sapato dos desmatadores. Marina Silva pediu demissão. Segundo os ambientalistas que atuam nessa área, o pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente é a declaração da abertura da temporada de derrubada oficial da Amazônia. Além disso, a saída da ministra é vista como sinal claro do fracasso da política ambiental de Lula.

Marina tentou mostrar durante seis anos que, para o Brasil ser moderno, ele precisava integrar a dimensão ambiental ao seu desenvolvimento. Infelizmente a dimensão econômica falou mais alto. A Amazônia perdeu, o meio-ambiente perdeu, os ambientalistas perderam, a sociedade perdeu e os donos do capital ganharam mais uma batalha....
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27/09/2010 - Cajus do oriente

Como são belos os cajus do oriente, nascidos e amadurecidos numa vermelhidão pungente. Doces adstringentes, vermelhos penitentes, delicados e ardentes. Como são belos os cajus do quintal, tão esperados, tão encantados, tão vestidos de vermelho quanto o velhinho do Natal. Como são belos esses frutos, benedictus frutos, que conseguem transformar a seca em açúcar, poeira em mel. Pássaros e abelhas: abusai dos cajus do oriente, que mancham os céus como estrelas cadentes.

Como são belos os cajus que surgem coloridos por entre os ruivos cabelos de Iansã. Cajus que causam inveja na maçã do paraíso. Cajus que nos fazem perder o juízo a cada manhã. Cajus que colorem o riso de acauã. Cajus das castanhas e das castanholas. Cajus do oriente miscigenados na paixão espanhola. Cajus perfumados como mulher amada em noite de núpcias. Cajus abocanhados como mulher amada em um momento de astúcia. Cajus de sentimentos caudalosos, de argumentos poderosos. ...
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