Daniel Campos

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27/09/2010 - Cajus do oriente

Como são belos os cajus do oriente, nascidos e amadurecidos numa vermelhidão pungente. Doces adstringentes, vermelhos penitentes, delicados e ardentes. Como são belos os cajus do quintal, tão esperados, tão encantados, tão vestidos de vermelho quanto o velhinho do Natal. Como são belos esses frutos, benedictus frutos, que conseguem transformar a seca em açúcar, poeira em mel. Pássaros e abelhas: abusai dos cajus do oriente, que mancham os céus como estrelas cadentes.

Como são belos os cajus que surgem coloridos por entre os ruivos cabelos de Iansã. Cajus que causam inveja na maçã do paraíso. Cajus que nos fazem perder o juízo a cada manhã. Cajus que colorem o riso de acauã. Cajus das castanhas e das castanholas. Cajus do oriente miscigenados na paixão espanhola. Cajus perfumados como mulher amada em noite de núpcias. Cajus abocanhados como mulher amada em um momento de astúcia. Cajus de sentimentos caudalosos, de argumentos poderosos.

Como são belos os cajus do oriente, nem presentes nem ausentes demais, descendentes das serpentes do Nilo. Cajus de Cleópatra, de Zenóbia, de Semíramis. Cajus do oriente: ame-os ou mate-os no dente. Cajus vermelhos como o pôr-do-sol, como um rastro de farol. Cajus do oriente, vermelhos sanctus, como o sangue de Jesus. Cajus avermelhados como o galope selvagem do andaluz. Vermelhos sacros na luz, vermelhos pecados na contraluz. Definitivamente, como são belos os cajus do oriente.


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