Daniel Campos

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Encontrados 362 textos. Exibindo página 26 de 37.

25/06/2010 - Cheirar e ser cheirado

Meu pai sempre teve o costume de, ao passar perto de um pé de limão, arrancar um e levar no bolso. Dizia que era por conta do cheiro. Vez ou outra cutucava o fruto e aquele perfume cítrico invadia o ambiente. Pois bem, eis que, inspirado em sua atitude, decidi colocar uma manga, madura e rosa, em minha mesa de trabalho. Que bom poder escrever sentindo o cheiro de pomar. Fechar os olhos e me ver correndo pelo meio daquelas árvores que fazem nascer de seus galhos frutas de época.

Como andar com um fruto no bolso é um tanto desconfortável, resolvi colocar raspas de limão e laranja no bolso. Parece que levo uma árvore dentro de mim. Dando vazão ao romantismo, arrumei um prato com morangos e uvas na cabeceira da cama. Além de mordiscar as frutas entre beijos, a essência de sedução que essas frutas emanam durante a noite é algo digno de bons sonhos. Uma boa penca de banana é salutar para dar um quê de quitanda na cozinha. São tantos aromas e receitas de prazer. ...
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24/06/2010 - Capítulo 32

Será que Jhaver é inocente? Difícil de acreditar. E se não foi ele, quem promoveu tamanha barbaridade? A morte brutal de um médium, a morte literal de um anjo, a morte figurada de sua mulher. Entre os feridos, o seu casamento, a sua relação com Micaela, a sua evolução espiritual, a sua imagem. Tudo está muito confuso dentro e fora da cabeça de Sebastian.

Mas por que um anjo castigador que não precisa dar satisfações aos seus castigados se preocuparia em dizer que não fez nada? Talvez isso faça parte do plano de castigação. Dizer que nada fez para continuar fazendo. É como a construção do estereótipo amoroso de Deus enquanto Ele próprio desconstrói uma série de criaturas que diz ter criado a sua semelhança. ...
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22/06/2010 - Capítulo 31

No plano superior, em um dos degraus de uma espécie de montanha desértica em meio a um profundo fundo turquesa, Jhaver, de asas abertas, testemunha os últimos acontecimentos. Dali, também acompanha, mentalmente, o que dizem e pensam outros anjos. E, segundo as falas, a briga de Sebastian com Hernández, o fato de ele ter duvidado da fidelidade de Malena e sua atitude de tentar quebrar a imagem de São Miguel em um altar de igreja indicam que ele não teve a evolução espiritual esperada e, portanto, merece os castigos. ...
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17/06/2010 - Capítulo 30

A boca de Sebastian, tão acostumada a passar horas a fio orquestrando palavras em um tribunal de júri, emudece. Os olhos baixos também não se expressam. Sempre tão firme e objetivo em suas decisões, o promotor cambaleia. De forma maquiavélica, Jhaver o colocou na condição de castigador. Independentemente de quem escolhesse, castigaria a todos. Seria para sempre lembrado como o carrasco dessa história.

A equipe médica aguarda a decisão daquele homem que, a partir de então, será acusado fria ou emocionalmente, não importa, de ter matado alguém. Não pode escolher mãe e filho. Não pode ceder sua vida para salvar outra. Não tem outras opções senão escolher entre a mulher que ama e a criança que é resultado deste amor. Por mais que pense e tente fugir, não existe outra saída. ...
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15/06/2010 - Capítulo 29

Diante daquela cena, Sebastian tem vontade de atirar, de esfaquear, de espancar, de esganar. Seu desejo é de atear fogo naquela cama, em nome de Deus, assim como os católicos medievais queimavam suas bruxas. Quem dera se tivesse condições de se internar em uma caverna, isoldando-se para sempre. Pela óptica da dramaticidade, quer arrancar o coração do peito e jogá-lo aos leões.

Há uma sucessão incrível de pensamentos em sua cabeça. A dor de presenciar aquela cena joga turbilhões de adrenalina em sua corrente sanguínea. No entanto, ao contrário de explodir em agressividade, as pernas enfraquecem e ele se ajoelha diante daquele altar profano enquanto se entrega a um choro quieto e corrosivo. Sem escândalos, o choro queima, como ácido, sua face e todos os sentimentos bons que encontra pelo caminho. ...
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10/06/2010 - Capítulo 28

Todos voltam satisfeitos para casa depois de passarem boa parte do dia no evento beneficente do centro espírita comandado por dona Valentina. Nem mesmo o fato de ter encontrado a cunhada Alicia esparramada e bêbada no sofá de sua casa, e o filho dela brincando com sua coleção de livros jurídicos, abalaram o humor de Sebastian. Um novo tempo parecia ter começado. E mesmo não querendo se encher de esperanças, ele, no fundo de suas crenças, acreditava que Jhaver havia dado uma trégua em sua onda de castigos. E melhor: que poderia revogar sua punição. ...
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08/06/2010 - Capítulo 27

Sebastian desce do carro com uma cesta cheia de chocolates e um urso de pelúcia gigante. Com ele, descem Malena, Tomás e Micaela. O promotor conversa com o porteiro que, por sua vez, aciona o interfone. A voz do outro lado da linha autoriza a subida daquela família de rostos leves, animada com o que está prestes a fazer.

Três andares depois, quando a porta do elevador se abre, eis um cartão de boas-vindas. A mulher que registrou queixa contra Sebastian na delegacia naquele episódio do acidente os aguarda com um sorriso tendo a filha, aquela que ficou entre a vida e a morte no hospital, entre os braços. ...
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03/06/2010 - Capítulo 26

- Se sou inocente, Jhaver, por que prosseguir com tal castigação?

- Porque há algo de muito errado nessa história.

- Você mesmo admitiu que eu não possuo vibrações, energias ou sinais que me tornem culpado.

- Quando fechei minha posição sobre o seu castigo, suas vibrações lhe condenavam sim.

- E como explica essa mudança?

- Eis o que tento descobrir em minhas incursões aqui. Primeiro pensei que foram seus protetores espirituais, sob o comando de sua sogra, que influenciaram sua aura....
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01/06/2010 - Capítulo 25

O promotor, agora na condição de réu, é envolvido por suores e arrepios frios. A cabeça ameaça doer. Os olhos ardem. Uma tosse forçada, como que um pigarro inconveniente, surge como sinal de estresse. O corpo se contrai, a respiração fica difícil e o coração dispara. É acometido por uma vontade irresistível de se beliscar para saber se aquilo tudo é real. Mas não tem coragem. Assim como tem vontade de ir lavar o rosto, de tomar um drinque, de sair correndo, de perguntar o que aconteceu com Malena, com Valentina, com dona Soledade e seu Esteban. Mas falta coragem. Afinal, isso tudo pode demonstrar fraqueza. E tudo o que ele não quer é se mostrar fraco diante de seu anjo castigador. ...
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30/05/2010 - Crise inspiratória

Eu não escrevi nada ontem, anteontem, trasanteontem. Por hoje, a caneta ainda não riscou o papel que, com sua palidez desvairada, continua suplicando por um borrão de tinta. Como pode o papel viver sem uma história, sem um arroubo de amor, sem palavras que lhe façam viver novamente como no tempo em que era árvore rodeada de pássaros, nuvens e sementes. Infelizmente, senhor papel, não consegui lhe ofertar nada neste dia. O resto de hoje, assim como nas datas anteriores, deve ser marcado por um misto de esperança e aflição. Queima em mim a vela de um desespero subido e indeterminado. ...
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