Daniel Campos

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Encontrados 372 textos. Exibindo página 11 de 38.

A mulher que passa cantando coisas de amor

Quem não se lembra dos versos da música A Banda? Versos que falam de coisas simples. Feche os olhos e se deixe só por alguns instantes (como há tempos não se deixa). As bandinhas a desfilar pelas ruas da cidade, sem maiores pretensões ou contentamentos. A cidade se enfeitava para vê-la passar. E tinha lá a sua beleza. E existia algo em comum - a banda. Fruto de uma espécie de magia, ela, a banda, seduzia os transeuntes com marchas que falavam coisas de amor.

Mas as bandas calaram as cidades de ruas pacatas e coretos na praça da matriz. As ruas tranqüilas se transformaram em ruas de hemorragia e as praças se divorciaram dos coretos. A cidade tomou um drinque qualquer e nunca mais se deu às alucinações. Ninguém pára mais para ouvir, ver e dar passagem para os artistas comuns. Ninguém mais fica à toa. O ritmo é sempre o mesmo. As coisas simples, as canções que falavam de amor, uma porção de cada um e outras singularidades ficaram esquecidas em alguma lembrança. Cada lembrança no seu canto, no seu passo. ...
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29/11/2008 - A mulher sentada na janela

A mulher sentada na janela quer ser paisagem de si mesma. A mulher sentada na janela quer, ao mesmo tempo, se jogar dali e ser amparada. A mulher sentada na janela quer seguir junto aos carros, ônibus, caminhões, aviões. A mulher sentada na janela cobre e encobre edifícios. A mulher sentada na janela quer criar asas de pássaro. A mulher sentada na janela tem sonhos azuis. A mulher sentada na janela tem desejos de nuvem. A mulher sentada na janela, feito veneziana ao tempo, é consumida pela ferrugem. ...
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08/09/2011 - A mulher, o cacto e o mar

Entre o mar e o deserto, um sorriso róseo que, por si só, se destaca naquele marrom-acinzentado tornando-se, assim que surge, uma caça em potencial. Mas como surge? O sol grita e a mulher nasce daqueles cactos corpulentos. Nasce ferida pelos espinhos, manchada pelo sofrimento de um amor mexicano. Seus olhos, ora áridos ora marejados, têm bordas infinitas que desobedecem as regras da perspectiva.

Sai pelo deserto afora e dança, entre rochas e areia, os passos de uma seresta de mariachis. Mulher de um calor abrasador, cujo hálito é refrescante como os ventos do Pacífico. Pelos seus pensamentos rodopiam tormentas tropicais e casamentos zodiacais. Não há como acertar a previsão climática, sentimental, astral dessa mulher que muda corpo e espírito com a mesma freqüência e facilidade de grãos de areia ao vento. ...
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26/09/2010 - A naturalidade da mulher amada

Não existe sinal de solenidade nem de formalidades na mulher amada. Ela é de uma espontaneidade típica do amor verdadeiro. Para além do mistério natural, ela tem olhos arejados e iluminados, fonte eterna da renascença. Por entre os silêncios da mulher amada, corre um certo burburinho. Dizem que esse barulho provém da mistura de dois coros: o dos anjos adorando a criação e o dos demônios marmanjos entoado a partir de cantadas baratas. Entre o céu e o inferno, no centro de uma bagunça metodicamente ordenada, está a mulher amada. Nem santa, nem pecadora, mas tudo ao mesmo tempo. ...
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29/06/2008 - A noiva de São Pedro

Um dia ela chegou de vestido branco remendado com um buquê de flor de São João derramando das mãos. Era a noiva mais cobiçada da quadrilha. Tinha olhos de fogueira, sorriso de bandeirolas e corpo de viola caipira. Mas ninguém tocava aquelas cordas, posto que para todos os efeitos, ela era noiva de São Pedro. Sua mãe a prometera ao santo, caso ela vingasse. Nasceu fraquinha, quase morta, cheia de complicações, por volta dos dias do santo que, segundo a lenda, guarda a chave do céu. Não demorou muito para sua mãe, religiosa convicta, prometê-la ao santo. Por mais estranho que possa parecer, o povo do lugarejo levava essa história a sério e ela era considerada uma pessoa santa para os fiéis e uma fruta proibida para os infiéis....
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27/05/2016 - A nossa hortênsia floriu

A nossa hortênsia floriu. Floriu num azul que conheço bem. Para comemorar, fiz aquele doce de morango que tanto gosta. Depois de cantar para eu dormir e acordar, Chico Buarque já me disse que “Essa Pequena” já deixou de ser uma letra, para ser você. Mesmo sabendo que você não pode mais, ainda compro Sprite toda vez que vou ao mercado. E tudo é tão marcante que ainda vejo suas tatuagens tatuadas no lençol. Ainda vejo seu vulto brincado pelas paredes em noite de lua, e nas sem lua também. Ainda me pego comprando o que acho parecido com você para guardar para um dia, quem sabe, talvez... Uma espécie de enxoval. Vejo os seus desenhos, troquei de mal com o cinema, escrevo, leio e releio as nossas histórias. Tudo meio que se tornou uma memória em círculos, pois quanto mais caminho mais me encontro com você. Minha mala está sempre pronta para nossa viagem à praia a ponto de chegar a ver seu sorriso no mar. E já são tantas plantas que nossa casinha no campo praticamente se tornou realidade. Pego-me fazendo suas cruzadinhas, mas não consigo descobrir o real significado de tudo isso senão o amor. E saio escrevendo amor por todo canto. Pensei em criar uma gata e chamá-la de saudade, mas certamente ela iria embora de mim. Vou fundo no fundo do fundo, mas quando ouço sua voz eu volto ao mundo, mesmo sua voz já sendo só um eco, só um não. A nossa hortênsia floriu pela segunda vez e você não viu.


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A nossa missão

Hoje é domingo. Mas hoje é um domingo especial nesses mais de quinhentos anos de Pátria Brasil. Eu sei leitor, cada ser humano tem o seu domingo guardado na memória. Cada um tem as suas jovens tardes, manhãs ou noites de domingo. Cada um de nós guarda um prazer, um amor, um olhar de algum domingo. Entretanto, caro leitor, hoje é diferente. Hoje é um domingo onde o sonho pertence a todos.

Hoje, o dia, por si só, tem uma saudade. Quem não se lembra de Ayrton Senna? Quem não se lembra das corridas de domingo? Quem nunca torceu, sofreu, viveu Ayrton Senna aos domingos? Diante da tela da televisão, acima de qualquer coisa, éramos brasileiros. Quando Ayrton ia às pistas no domingo, o sonho era possível. É nesse plano coletivo que o domingo, hoje, pode se tornar um marco. Mais uma vez, somos brasileiros....
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25/03/2010 - A nova vida de Isabella

Se Deus existe e realmente existe, Isabella deve estar correndo por campos floridos junto a outras crianças desencarnadas. Hoje ela já consegue volitar por alguns instantes e até pular de nuvem em nuvem. Mas demorou até a menina de franjinha e olhos acastanhados conseguir vencer o medo de altura. Também, ter seu corpo jogado de seis andares não é um trauma fácil de esquecer. Os ferimentos, os hematomas e as dores foram, pouco a pouco, desaparecendo com o tratamento espiritual. Hoje, a pequena Isabella, embora de forma bastante tímida, já consegue sorrir. ...
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A nudez de um encanto

Noite. Noite qualquer. Embora noites tenham sempre algo que foge do qualquer. Calada, sem mais anunciações, surge a lua. Surge sozinha em si e sem ninguém por perto. Surge nua, simplesmente lua. Lua nua lua, rimas perfeitas. Se surgisse cheia de enfeites talvez não tivesse graça e, sobretudo, mistério. A nudez da lua é a nudez a ser perseguida pelas criaturas femininas. Lua que surge com o corpo despojado (inteiramente nua) e passa coberta de lembranças, profecias, mistérios. Enfim, coberta com sua própria nudez. ...
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08/08/2008 - A Olimpíada é aqui

Lula está na China para assistir a abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, que acontece hoje. Ora, ora, caro presidente, não é preciso ir tão longe para testemunhar uma Olimpíada. Por aqui, há muito brasileiro quebrando recorde nos 100 metros rasos para fugir de ladrão. E no toma lá dá cá, há muito bandido fazendo ótimos tempos nos 200 metros com barreira para fugir da polícia. O que tem de gente aqui e ali praticando tiro não está no gibi. Só está faltando Robyn Hood para competir no arco e flecha, afinal os ricos continuam mais ricos. ...
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