16/09/2010 - (In)felicidade
Quer algo mais complexo do que a felicidade? Uma busca permanente, com doses caprichadas de sacrifício e adversidades. Pode parecer paradoxal, mas para ser feliz é preciso primeiramente ser triste. Viver a tristeza em todas as suas faces e fases até chegar a um período de contentamento. Porque, por natureza, a felicidade é efêmera, como um sopro. O sopro divino. Por essas e outras, ser feliz é algo que condiz com o terreno imaginativo e abstrato do eu que existe em cada um de nós. Tentar ser feliz é se dispor a uma queda livre infinita por poços sem fundo e submundos da (in)consciência.
Eu ouso dizer que a busca pela felicidade é a tradução mais explícita em torno de um amor platônico. Querer ser feliz é padecer, é sofrer, é morrer um pouco a cada construção de um sorriso. É impossível alcançar a felicidade com bilhões de neurônios despejando preocupações, expectativas e elucubrações em nossa cabeça contra apenas um coração para alimentar nossos sentimentos. É uma guerra sem fim. E em como toda guerra há explosões de alegria e de temor, muitas baixas e feridas, e uma sensação de que não há vencedores, apenas vencidos.
Pessoal, profissional, conjugal... A felicidade não é algo puro ou inocente como muitos pensam. A felicidade é porca, por isso muitas vezes se coloca à venda por preços ridículos. Mais parece coisa do demônio, pois se costuma vender a alma ao mesmo para ter acesso a ela. Felicidade é o que nunca se completa. Já disse ou ouviu alguém dizer que é plenamente feliz por mais de três dias seguidos? Ser feliz é ser mentiroso, o mesmo que acreditar em duendes e gnomos. Por tudo isso, quer algo mais complexo do que a felicidade?
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