Daniel Campos

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Encontrados 112 textos. Exibindo página 7 de 12.

14/05/2013 - Vida à disposição

Que a morte não demore a chegar. Estou no fundo do poço, no fim da linha, no fio da navalha. Estou pronto para partir. Partir para mundos que permitam voos mais altos ou, simplesmente, que lhe permita um voo raso. Depois de tanta escravidão, exploração, submissão, é preciso que a vida se quebre e liberte a essência de tudo. A morte não é para os fracos, como dizem, mas para os fortes que tiveram suas forças e coragens sugadas pelo dia a dia. A morte não é uma saída ou um atalho, mas o caminho natural para a renovação. ...
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02/04/2013 - Visão na velhice

O homem no fim da estrada, mesmo com a vista cansada, enxerga melhor. Enxerga o mundo rico em detalhes, em sentido, em nitidez. Tem foco. Não desperdiça olhares com bobagens. Sabe que o tempo para encher as vistas é precioso. Enxerga o que realmente vale à pena ser enxergado. É uma visão que decifra todos os códigos secretos contidos na imagem. Uma visão que lê e compreende as entrelinhas. Uma visão de longo e raro alcance. Uma visão mística, que se debruça sobre segredos e mistérios. Depois de tanto olhar como caçador, aprendeu a olhar como caça. Uma visão mais lenta, porém com gana de sobreviver. ...
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31/12/2012 - Vem chegando o ano novo

O ano novo vem chegando pelo estradão, marcando passo pela curva do destino, mostrando-se pouco a pouco para os olhos de quem acredita. O ano novo vem pedindo à benção, lavando-se na fonte da água bendita. O ano novo vem feito maria-fumaça, apitando, fazendo graça, levando esperanças e promessas de criança. O ano novo vem com gosto de romã, pulando sete ondas, estourando em feito de champanhe.

O ano novo vem transformando tudo por onde passa. O ano novo vem acendendo e reacendendo paixões. O ano novo vem numa completude, sem exageros. O ano novo vem promovendo abraços, beijos e outras manifestações de afeto. O ano novo vem despertando saudades, colocando lembranças à tona, misturando passado com futuro. O ano novo vem num grito, numa contagem regressiva, na mentalização de um sonho. ...
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08/12/2012 - Vivo Oxóssi

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas matas. Eu vivo o verde. Eu me dou, eu sou, eu tenho sedo do verde, do verde de Oxóssi. Vou pelas suas flechas que são como fragatas riscando o horizonte. Salve Oxóssi e suas princesas das cascatas. Salve seus caboclos que pintam de verde a lua de prata. Salve Oxóssi dos pretos velhos dos sorrisos brancos como nata. Salve o senhor das mesas fartas. Salve o senhor das minhas cartas. Salve Oxóssi, o senhor das minhas marcas.

Eu sigo os passos de Oxóssi pelas capoeiras. Eu sigo cavaleiros da lança verde. Eu sigo os guias verdes das cachoeiras. Eu sou das fileiras de Oxóssi, com muito gosto e axé. Sou a flecha e o arco na mesma madeira, sou Oxóssi de quinta a quinta feira. Sou do reino verde, do reino das aves, das naves, dos rios, dos pios, dos cantos, dos encantos, dos frutos, dos muitos, das chuvas, das curvas, dos fortes, de Oxóssi......
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02/03/2012 - Variações sobre Érika Jucá Kokay

Érika Kokay poderia ser Érika Kokar, em referência ao cocar dos indígenas, das linhas e falanges que a acompanham. Salve os caboclos índios e caboclos de penas, salve as caboclas de Iemanjá. Caboclas Yara, Jandira, Sete Conchas... Érika é árvore, Jucá, a árvore de madeira dura e de flores amarelas que os indígenas usavam para fazer tacapes e curar feridas.

Érika é rio, rio Jucá, que sangra doce pelo solo árido do Ceará. Rio em cujas margens viviam diversas etnias Tapuias, dentre elas os Jucá. Érika é a força, a luz e a energia que estão em toda parte. Érika está em plena comunhão com as forças vivas do planeta. Érika é o movimento, o fluxo contínuo, a jornada permanente de um cometa. ...
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26/02/2012 - Vôo a dois

Amor, seu eu pedisse amor, mais amor, amar-me-ia assim sem fim? Seria capaz de me deixar viver os seus sonhos e, mais, adaptá-los, moldá-los, forjá-los a minha realidade? Por mim, seria como a esperança – a última a morrer? Permitira que eu tatuasse sua alma com desenhos de meu corpo, trançando o meu DNA ao seu a cada beijo? Trovejaríamos e relampejaríamos de desejo, de muito querer, de puro prazer, ensurdecendo e iluminando um ao outro. E a saudade seria um potro correndo leve e selvagem por uma paisagem que não se atreve a existir para mais ninguém....
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18/11/2011 - Viés e revés

Quando eu era nada, mais que nada, você era meu tudo, meu mundo, meu desejo mais profundo de amor. Tempos atrás, tarde lilás, axés e oxalás, eu já a tinha daqui, em sonhos que sonham longe demais. Nossa história apagou quase por completo a minha memória. Uma amnésia que só deixa eu me lembrar de você. Já não sei quantos anos se passaram, quantos caminhos começaram e acabaram diante dos meus pés. Só me recordo das nossas mãos, das nossas bocas, das nossas pernas dadas ao longo dessa andança que marcha rumo a nossa velha infância. ...
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14/08/2011 - Vou indo de trem

Enquanto você não vem, vou indo de trem. Vou além das linhas, de onde alcance os olhos do maquinista. Não sei se lhe convém saber, mas vou de estação em estação à procura de um pouso. Se com alguém ou de ninguém, vou de trem. Sem você, viajo refém de uma esperança que já se cansa de pulsar em mim. Sem você, sou o mais recém-passageiro que arde nas fornalhas desse trem carmim. Sem você, sigo num vaivém entre querências e clemências. Vou com dezenas de vagões de canções e solidões e também ao lado das ilusões que me fazem pagar seus bilhetes. Vou de trem e lá se vai meu vintém, minha sorte, meu querer-bem. ...
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26/05/2011 - Vento de maio

O vento finado de abril vem lá do fundo do mundo, meio sem cor meio sem graça, descontente de amor, desacreditado da paixão. Vem frio e vazio, dobrando o horizonte, fustigando o chão. Vem raivoso querendo fazer tempestade, vem vento odioso querendo varrer da terra a saudade. Vem cortando de tristeza quem ama. Vem com fama de violento, levando cabra valente pra debaixo da cama. Vem vento agourento, apagando da fé a chama.

No entanto, conquanto, pra mó do espanto, quando encontra a flor de maio, aquieta-se entre os seus espinhos e tinge-se de vermelho, de rosa, de salmão, de champanhe, de branco. No branco dos véus das noivas que caminham pelos tapetes das igrejas de maio. O vento brabo fica manso, vira brisa nas bocas que trocam seguidos eu te amos. Deixa de ventar e começa a soprar um sopro divino, que dá alívio e criação à civilização da ventania. ...
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30/04/2011 - Verdades e mentiras

A vida é feita de verdades e mentiras. Toda história tem um pé na realidade e outro na ficção. Há sempre uma verdade por detrás de uma mentira e vice-versa. A serpente mentiu para Eva que mentiu para Adão que mentiu para Deus que nunca mentiu. Ou mentiu? Corruptos e santos se igualam na mentira. Algumas mentiras são maiores, perversas, outras são pequenas e sutis, mas todas são mentiras. A minha verdade é a sua mentira. E a sua mentira é a verdade de quem?

A verdade está no reflexo ou no fundo do espelho? Tudo é uma questão de ponto de vista, de saber enxergar, de valores. A dor e a fraqueza habitam a mentira tanto quanto a dor e a coragem forjam a verdade. A dor está sempre presente. A dor de contar ou ouvir a mentira, a dor de contar ou descobrir a verdade. Elas coexistem. Afinal, para que haja verdade é preciso que haja mentira. Quem nasceu primeiro: o ovo da verdade ou a galinha da mentira? ...
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