Daniel Campos

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Encontrados 97 textos. Exibindo página 5 de 10.

22/06/2010 - Que falta sinto eu

Que falta sinto eu dos seus olhos verdejando essa paisagem tão seca e árida chamada realidade. Que falta sinto eu de ouvir sua voz, forte como trovão e amável como o canto dos pássaros, contando-me coisas no sopro do vento. Que falta sinto eu de poder contar com o seu incentivo, com o seu amparo, com a sua inspiração mesmo a quilômetros de distância. Que falta sinto eu de saber que aquela camisa vermelha está devidamente engomada sobre a cama, esperando seu peito para mais uma dança.

Que falta sinto eu de ser alimentado por suas histórias tão cheias de sentimento e detalhes. Que falta sinto eu de apertar sua mão áspera e ganhar um abraço daqueles capazes de afastar todos os meus inimigos. Que falta sinto eu de escutar seus conselhos e seguir seus passos como naquela brincadeira “faça tudo o que seu mestre mandar”. Que falta sinto eu de sentar-se à mesa e prosear enquanto se come uma bela polenta com frango caipira. ...
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19/09/2013 - Que gente?

Que gente é essa que semeia plástico? Que gente é essa que planta caco de vidro? Que gente é essa que come propaganda? Que gente é essa que vive de engolir sapos? Que gente é essa que não sabe de onde vem o leite, o ovo, a carne?

Que gente é essa que fala cobras e lagartos? Que gente é essa que vive no lixo? Que gente é essa que enterra baterias radioativas? Que gente é essa que só troca o canto dos pássaros pelos toques de celular?

Que gente é essa gente que daria tudo para ter um pé de coca-cola no quintal? Que gente é essa gente transgênica? Que gente é essa gente que vive de colesterol e calorias? Que gente é essa gente sadia quando doente?


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21/08/2008 - Que história é essa, Caymmi?

Caymmi, eu não lhe entendi em nada desta vez. Como é que você foi morrer longe do mar de São Salvador? Você sempre cantou com aquela voz trovejante que seria doce morrer no mar e agora, nem deu oportunidade para ele se despedir de você. Essa história de morrer no concreto da cidade e ser enterrado em terra firme não lhe caiu tão bem. Afinal, o que é que a baiana tem? Além de saia engomada, sandália enfeitada e brincos de ouro, ela tem um jeito todo Caymmi de ser.

Ah! Algodão, o mar dos pescadores e de tantos sonhadores queria tocar mais uma vez esses seus cabelos grisalhos. A Bahia queria reencontrar pela última vez um de seus criadores, mas... Você, como poucos, colocou um quê a mais na terra do Senhor do Bonfim, mas... Já tinha jangada no mar esperando para lhe ver, mas... Para desespero dos orixás, você foi velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro e enterrado em um cemitério carioca. Isso não tem nada a ver com Dorival Caymmi. Seu corpo deveria ser velado em uma rede, trançada em dois coqueiros, e, depois, sob a ovação dos berimbaus e das baianas, ser entregue ao mar. Você, com esse estilo tão comum de ser, surpreendeu a todos. ...
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08/12/2011 - Que me enterrem na lua

Quando eu morrer que me enterrem na lua bem longe do que restou da humanidade. Não quero ser enterrado ao lado de quem banalizou o amor, de quem viveu para falar da vida alheia, tampouco de quem saiu da vida pela porta dos fundos. Se estando vivo eu já não me dou com tanta falsidade, morto então... Não quero defuntos falando de futebol ao lado da minha cova. Também não vou suportar morar pelo resto da eternidade tendo como vizinhos aqueles que nunca viveram um amor Shakespeariano, nunca leram Vinícius de Moraes, nunca ouviram Tom Jobim. ...
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26/10/2011 - Que nosso amor...

Que nosso amor possa vencer qualquer mal de amor. Que nosso amor possa ir para adiante e para trás sem nunca ser tarde demais. Que nosso amor possa ter sempre um ineditismo, um truque e uma carta guardada na manga. Que nosso amor saiba guardar coisas que nunca tivemos coragem de falar. Que nosso amor seja forte e concreto, mas que consiga ter leveza para voar onde pássaro algum ousou chegar.

Que nosso amor possa ir além de qualquer limite ou padrão. Que nosso amor dure tanto quanto uma canção bonita. Que nosso amor se encontre mesmo trilhando estradas opostas. Que nosso amor seja uma versão pós-moderna de um pot-pourri de contos de fada. Que nosso amor seja uma espécie de divindade cujo demônio é a saudade. Que nosso amor seja feito perfeito com garantia contra qualquer defeito. ...
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04/01/2013 - Que o mar...

Que o mar em suas ondas carregue todos os males, aprisionando-os em conchas e os transformando em pérolas. Que a imensidão do mar temporize nossos problemas, reduzindo nossos dilúvios a algumas gotas d’água. Que o sal marinho cicatrize nossas feridas externas e internas, fechando dores que fazem nosso corpo e/ou nosso espírito sangrarem. Que as águas do mar arrastem nossa impaciência, nossa desesperança, nosso malquerer, nosso desânimo, nossa insatisfação para longe de nós, expurgando-nos de tudo de ruim. ...
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16/08/2008 - Que país?

Rússia... Geórgia... Brasil... Tem país que pari e país que mata. Tem país que ama e tem país que nunca ouviu falar disso. Tem país que adota e outros, que são pura anedota. Tem país que abandona, levando o filho a lona em nocaute. Tem país que sabe que é país e tem filho que há muito não sabe o que é ter país, mesmo ele estando ali, próximo, debaixo de nossos pés.

Tem país que dá presente, e país que dá porrada. Tem país por acaso e país que só cria caso. Tem país que não se preocupa com o filho e país que educa. Tem país que não tem tempo, tem país que sofre, tem país que esquece. Tem país que assume e que rejeita a sua missão. Tem país que acaricia e afaga, e outro que alicia e chama a cria de praga. Tem país que só pensa no ócio. Tem país que acha que a nação é um negócio. ...
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30/01/2010 - Que pena, velho, que pena...

O velho já não me conhece mais, já não fala coisa com coisa nem sabe quanto tempo faz. O velho se esqueceu da própria rua, já não decifra mais a lua e pouco importa se a terra se levanta seca ou com orvalho. Do trabalho ao torresmo, o velho deixou a esmo tudo o que mais gostava só pelo medo de ficar a sós consigo mesmo. O velho se esqueceu dos velhos tempos e hoje passa pequenino, maltratado e sem carinho porque optou por um desvio em seu caminho.

Ao mesmo tempo em que quer viver mais e demais, o velho que deu pra beber pede para morrer logo mais. O velho não sabe se ama ou se odeia o coração, se é época de colheita ou de plantação. O velho apostou que a intensidade de um novo romance poderia superar a nuance de um amor que ficou e perdeu. O velho perdeu as rédeas e vai de queda em queda, com febre adolescente e choro de menino carente nos olhos quase cegos de paixão intermitente. ...
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05/09/2008 - Que se chamava Alfredo

Vai indo longe lá vai o tempo do ceifador, que passa pelos campos de trigo ceifando o dourado amor. Sob seu corte, a flor do pão nasce depois da morte. Sob seu corte, o sangue de seu consorte. Sob seu corte, um passo firme e forte. Sob seu corte, a fé moldada em recorte. Sob seu corte, o caminho segue para o norte. Sob seu corte, ser primavera ou inverno é uma questão de sorte. Sob seu corte, o entrecorte do horizonte que vai indo longe lá vai...

Corte a corte, o ceifador vai ponteando as horas de um vento que chora a dor de não poder levar à frente as sementes do alvorecer. No meio do trigo, o ceifador encontra abrigo. Com a tinta do trigo, o ceifador escreve seu artigo. Na solidão do trigo, o ceifador encontra seu castigo. No cair do trigo, o ceifador é um desejo antigo. No dourar do trigo, o ceifador espreita o perigo. Com sete pés de trigo, o ceifador faz seu jazigo e vai indo longe lá vai......
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03/05/2015 - Que seja bem-vinda!

Você chega falando palavras estranhas como se eu não soubesse lhe decifrar. Você chega fazendo pirraça como se eu não pudesse lhe amar. Você chega entrando pedindo licença como se eu fosse de cerimônia. Você chega tomando minhas bebidas, as permitidas e as proibidas, como que querendo brigar. Você chega me testando, roubando-me a paciência, atiçando-me a querência, exigindo-me toda e qualquer parcimônia. Você chega encenando a demônia esperando que eu seja anjo de sétimo céu. Você chega com a beleza das feras que adormecem exalando primaveras. Você chega com olhos de catedrais e mãos repletas de punhais. Você chega e me dobra como se eu fosse de papel. Você chega como quem não fosse chegar e quando menos se espera já está de partida como se a chegada se fundisse com sua ida e assim, sem começo nem fim, eu entoo: linda, que seja bem-vinda.


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