Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 7 de 26.

03/07/2016 - Pássaro, flor e estrela

Quem tem alma de pássaro quando preso perde as asas, o canto, o viço... questão de tempo para tudo se perder e o pássaro deixar de ser pássaro, o que jamais poderia acontecer.

Quem tem essência de flor quando sufocada perde a beleza, a cor, a razão... questão de tempo para tudo se acabar e a flor deixar de ser flor, o que jamais poderia sequer imaginar.

Quem tem olhos de estrela quando encoberta perde a luz, o céu, a direção... questão de tempo para tempo para tudo implodir e a estrela deixar de ser estrela, o que jamais poderia assim seguir. ...
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03/12/2012 - Pássaros do axé

Amor, acordar amor, pelo furo da persiana olha o periquito no muro. Amor, vem ver amor, vem ver o azul petróleo do tiziu no meio fio. Amor, o agapornes subiu na gaiola e está lhe dando bola. Amor, tem jandaia na beira da sua saia. Amor, veja como é precoce a cacatua que se insinua pra Oxossi. Amor, espia a arara azul no telhado, ela e seu namorado. Amor, já é de manhã, vem saudar Nanã na cor do pintaroxo. Amor, a casa está mesmo que ver um viveiro. Amor, o pintassilgo subiu no coqueiro. Amor, a pombinha de nossa senhora não vai mais embora. Amor, pula miudinho acompanhando o pardal. Amor, a tesourinha pousou na janela. Amor, minha bela, me diga se o amarelo do tucano é de Oxum. Amor, o joão de barro está construindo no quintal. Amor, quem diria que era só no pantanal que tem tuiuiú? Amor, já reparou que o beija-flor brilha em feitio de carnaval. Amor, ai tem dó, vem aplaudir o curió. Amor, chegou, chegou o pichochó. Amor, acorda mulher, o garnisé já está cansado de tanto cocorocó. ...
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27/07/2011 - Passe amanhã

Hoje eu não tenho um texto para lhe dar. Passe amanhã, por favor, me perdoe. Hoje a inspiração me faltou. Problemas do dia a dia. Estresse. Fatiga. Correria. Não choveu e eu sempre escrevo melhor quando o dia dá em chuvoso. Acabou a bateria da minha fantasia. Também não tive ajuda espiritual. Meus guias devem estar ocupados com o caos do mundo. De ontem pra hoje, comigo não aconteceu nada desigual a ponto de valer uma crônica. Minhas personagens de contos saíram de férias.

A minha cabeça falha. Meu humor anda no fio da navalha. Impossível tirar um texto da cartola, ou melhor, da memória. Nem as músicas foram capazes de me deixar à flor da pele. Nem os uísques conseguiram dar lucidez aos meus sentimentos. Como a bola de cristal de uma vidente charlatã minha alma não diz nada. E vem uma preguiça, um mal estar, um enjôo do obvio. Coisas físicas e temporais. Olho ruim. Inveja. Coisa feita. Fecharam meus caminhos e minha mãe-de-santo está de recesso. ...
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18/04/2017 - Passe de guardador a soltador

Imagine-se como um armário. Seu corpo é um amontoado de gavetas, prateleiras, divisões, caixas, vitrines e compartimentos secretos. Enxergue-se como um guardador.

Guardador de quê?

Sentimentos e Ressentimentos. Lembranças e esperanças. Medos e segredos. Preocupações e frustrações. Mágoas e águas passadas. Problemas e dilemas. Culpas e desculpas. Vergonhas e peçonhas. Raivas e travas. Amores e temores. Esperas e feras. Crenças e desavenças. Ensejos e desejos. Saudades e vontades. ...
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03/04/2011 - Passos de alfazema

Em algum lugar da minha memória genética, real, hipotética, carnal, física, imaterial, afetiva ou proibitiva, a cidade me amanheceu cheirando à alfazema. Entre o dilema dos romances, o desbotado das fotos e o desenrolar dos filmes, das matas às ruas baratas a cidade se perfumou. E a fragrância durou o tempo, breve e necessário, de uma mulher passar pelo perímetro dos meus olhos. Passou como quem não quer nada e quer tudo ao mesmo tempo. Passou como passa o vento, dobrando árvores, arrastando emoções, ouvindo apelos, embaralhando letras e ouriçando os cabelos. Passou deixando tortas as sarjetas que se jogaram aos seus tornozelos. ...
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12/09/2008 - Patacoada

A comunidade científica está em festa após a construção da máquina gigante que possibilitará dar uma espiadinha na noite de núpcias de Adão e Eva. Enterrado a cem metros da superfície terrestre, entre a Suíça e a França, o LHC (Grande Colisor de Hádrons) tentará descobrir a origem e o funcionamento do universo. Seria só mais uma vaidade científica se não houvesse o risco da Terra ser tragada para um grande buraco negro. E para os românticos há outra ameaça: a lua pode desaparecer do céu após ligarem esse aparelho maluco que gera um micro-buraco negro por segundo. ...
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15/10/2012 - Patrões

Eles são aqueles que não honram as bandeiras que empunham. Eles são aqueles que não praticam, em hipótese alguma, os discursos que vivem a fazer. Eles são aqueles que encontram prazer ao fazerem sofrer. Eles são aqueles que caminham de salto alto enquanto enchem a boca para falar de “povo”, “base”, “gente”, “categoria”. Eles são clichês ambulantes, estereótipos retros, revolucionários quando reformistas, burgueses com máscaras de operário. Eles falam em ideologia, mas só conhecem o amor dos robôs. Eles são os gritos de guerra fora das trincheiras. Eles são a tortura, a loucura, a usura e a face mais impura do ser humano. Eles são ilusionistas, falsários, lobos em pelo de cordeiro. Pela frente eles evocam o manifesto da liberdade e por trás, sustentam as grades do nosso cativeiro....
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09/10/2008 - Pausa poética no cotidiano

Cotidianos carregam concreto nos andaimes. Cotidianos lavam carros no meio-fio. Cotidianos arrastam vassouras. Cotidianos passam apressados com pastas, bolsas e celulares tocando, despertando, falando. Cotidianos digitam números, contam dinheiro, carimbam documentos, entregam panfletos, fazem anotações técnicas, nada poéticas. Cotidianos correm. Cotidianos malham. Cotidianos duelam contra seus próprios limites. Cotidianos se sufocam. Cotidianos discutem com o computador. Cotidianos decifram livros, códigos, fórmulas. Cotidianos aparam a grama. Cotidianos têm tantos planos que sempre caem no mesmo jeito cotidiano de ser....
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11/10/2015 - Paz na guerra

Um dia saio do mundo
Noutro eu caio na vida
Giro em torno do eixo
Vou fundo na ferida
Encaro tudo de frente
E de ventre a ventre
Eu me deixo

Deixo-me em beijos
Arrepios e rios
De desejos e mais
Beijos e paz
Eu me deixo em paz
No meio da sua guerra
Nascendo na sua terra


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07/03/2008 - Paz verdadeira

Ao saber que o presidente da Venezuela, Hugo Chavéz, está em busca da paz verdadeira fiquei preocupado: será que já começou a época dos paturis? Lembro de ser percorrido pelo vento, em silêncio, na varanda das árvores. Há uma diferença entre casa na árvore e árvore na casa. O meu caso é o segundo! São dezenas de joão bolão, pau-d´alho, imbaúba, amoreira, castanheira, ameixeira amarela... E eu ali, no meio daquele verde com os olhos divididos entre o céu e o lago...

Fico entregue a um movimento constante. Cabe destacar que a vida é a arte do ir e vir. Bandos e mais bandos de paturi pousam no lago e ficam por ali a deslizar. Pés de todos os tamanhos vão se movendo em fila indiana, criando trilhos azulados e provocando pequeninas ondas que se quebram contra o barranco, que abriga os ninhos das tilápias. São aves pequenas, de penugem escura, que mergulham a cabeça na água em busca de alimento. Fico horas observando-as. ...
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