Daniel Campos

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15/10/2012 - Patrões

Eles são aqueles que não honram as bandeiras que empunham. Eles são aqueles que não praticam, em hipótese alguma, os discursos que vivem a fazer. Eles são aqueles que encontram prazer ao fazerem sofrer. Eles são aqueles que caminham de salto alto enquanto enchem a boca para falar de “povo”, “base”, “gente”, “categoria”. Eles são clichês ambulantes, estereótipos retros, revolucionários quando reformistas, burgueses com máscaras de operário. Eles falam em ideologia, mas só conhecem o amor dos robôs. Eles são os gritos de guerra fora das trincheiras. Eles são a tortura, a loucura, a usura e a face mais impura do ser humano. Eles são ilusionistas, falsários, lobos em pelo de cordeiro. Pela frente eles evocam o manifesto da liberdade e por trás, sustentam as grades do nosso cativeiro.

Eles são generais, marechais, cardeais sob o rótulo de serviçais. Eles são os braços que nos querem marionetes. Eles são os “acima-da-lei” que nos querem pivetes. Eles são os manipuladores, os atores do caos, os detentores do poder. Eles são o trabalho escravo, a exploração sem limite, a mais-valia, o alvitre, o assédio moral, a covardia, o abuso de autoridade, a mordedura da realidade, o ultraje do capital, a maior perversidade que há. Eles são as promessas não cumpridas, a falsidade, os acordos quebrados, a desfaçatez, os engodos, a cara-de-pau, o salário atrasado, a hipocrisia, sapos e mais sapos engolidos todo mês. Eles são o câncer que nos devora mais e mais a cada dia.

Eles são os vampiros, as sanguessugas, as feras, as rugas, os parasitas, os que precisam de alguém para dizer saúde para seus espirros. Eles sãos os picaretas, os vigaristas, as promíscuas. Eles são o motivo da nossa cara amarrada, as pedras da nossa estrada, a coisa não amada.. Eles são as labaredas que retalham nossa fantasia. Eles são o riso da hiena, a garra da gralha, o antipoema, o desespero da mortalha. Eles são a falta de caráter, a falta de escrúpulo, a falta de educação. Eles são o não do não do não do não do não. Eles são o nada que quer ser tudo, eles são o ninguém querendo se apoderar do nosso alguém, eles são a negação do que queriam ter sido e a afirmação do que nunca serão.


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