Daniel Campos

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Encontrados 254 textos. Exibindo página 5 de 26.

17/05/2013 - Paratudo

Para todo mal existe cura. Para toda dor existe conforto. Para toda tempestade existe aragem. Para toda estrada existe fim. Para todo choro existe propósito. Para toda crise existe saída. Para todo pecado existe perdão. Para todo obstáculo existe superação. Para toda treva existe luz. Para todo silêncio existe música. Para todo desespero existe alívio. Para toda angústia existe remédio. Para todo grito existe socorro.

Para toda tragédia existe amanhã. Para todo imprevisto existe improviso. Para toda guerra existe trégua. Para todo problema existe solução. Para todo adeus existe volta. Para toda moléstia existe tratamento. Para todo sacrifício existe recompensa. Para todo desencontro existe reencontro. Para toda decepção existe ilusão. Para toda vingança existe arrependimento. Para todo terror existe amor.


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04/07/2011 - Pardon

Pardon, se ultimamente tenho dito menos eu te amo do que eu gostaria de dizer ou do que você gostaria de ouvir. Pardon pela minha pressa, pela minha constante falta de tempo, pela brevidade de tudo. Pardon por tantas reclamações, por tantas indefinições, por tantas divagações. Pardon pelo que fiz e também pelo que não fui capaz de fazer. Pardon pela cara fechada, pelo humor impreciso. Pardon pelo excesso de choro e pela escassez de sorrisos.

Pardon pelas promessas não cumpridas e pelas sucessivas despedidas. Pardon por pensar que você pode se perder ou se quebrar a qualquer instante. Pardon por tentar lhe proteger a qualquer custo. Pardon pelos vôos altos e pelos pousos forçados. Pardon por eu viver num mundo irreal, abstrato e puramente sentimental. Pardon por querer que você acredite no que eu acredito. Pardon se eu não sou um conto de fada ou uma comédia romântica, mas um drama pesado. ...
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28/03/2015 - Partes de mim

Meu pai entrava no meu quarto para ouvir Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano Veloso. Minha vó criava tartarugas. Acostumei ver minha mãe com as mãos envoltas de linhas, botões e farinha. Meu avô era dono de histórias que me faziam viajar na imaginação. Minha bisavó foi posta num balão e sumiu pelos céus. Meus melhores e únicos amigos de infância e juventude foram lápis, borracha, papel. Meu primeiro cachorro, que não era meu mais do meu pai, chamava Bizuco. Minha avó me passava dentro de seu terço. Meus personagens sempre deixaram as páginas dos romances para conviver comigo. Meu professor de desenho não me deixava criar, só copiar. Meu avô, com seus olhos de catireiro, só me admitia um caminho: ser um homem bom. Meus pés sempre gostaram de pisar descalços na grama orvalhada, na terra fofa, nos botões de algodão que ficavam guardados na tulha. Minha vizinha tinha um mercadinho onde eu marcava tudo na conta de minha mãe. Meus animais de estimação eram cachorros, gatos, porcos, vacas, galinhas, pássaros... Minha tia queria me embebedar com geleia de pinga e licor de jabuticaba. Meu pai sempre me encantou com o barulho de máquina de escrever que fazia em meus ouvidos. Minha língua sempre foi a língua das árvores. Minha professora de inglês dizia que eu só ia aprender a língua quando deixasse de escrever as histórias em português na minha cabeça. Meu tio foi o maior piloto que já conheci mesmo só o tendo visto voar no chão. Minha mãe arrancava as folhas do meu caderno até que a lição estivesse do seu gosto. Meu irmão arrancava meus dentes e ainda fazia cara de santo. Meu pai me deixava caído com seus dribles desconcertantes no campinho do sítio. Muito da minha história foi escrita com terra vermelha. Minhas namoradas eram princesas de reinos distantes, estrelas que viravam mulheres, sereias de mares profundos que vinham flertar comigo e só eu via. Meus pés sempre foram de jabuticaba, manga, goiaba... Meus tios-avôs eram personagens de um enredo grego-mexicano, regado a dramas apimentados. Minha professora do ginásio me achava um ótimo escritor. Minha cachorra, chamada Kika, comia chocolate e pulava de cama em cama para tomar sol. Meu irmão fazia cidades inteiras com pecinhas de montar. Meu professor de violão gostava mais de comer os bolos e doces de minha mãe do que de me ensinar alguma coisa. Meus padrinhos de batismo nunca foram à missa comigo. Meu bisavô tinha um pé de groselha. Meu mundo sempre foi um mundo paralelo, feito de seres fantásticos, de criaturas encantadas, de lendas e magias.


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08/12/2010 - Partes e apartes

Parto. Partilha. Partner. Pelas partes do mundo eu vou. Pelas artes do fundo eu sou. Pelos fraques do moribundo eu estou.

E em que parte do todo ou em que todo da parte está você, filha de Sartre com Afrodite.

De champanhe em uísque, de pedra de gelo em pedra de vulcão, de cálice em taça eu tomo. Eu a tomo; tomá-la-ei. De beijo em abraço, de desejos em ensejos, de carne em espírito eu como. Como, cama, coma. De mordedura em rugido, de fera em louco, de primavera em gemido eu domo. Eu a domo dama minha. ...
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21/05/2011 - Particularidades

Eu não bebo coca-cola. Eu não fumo hollywood. Eu não quero aparecer na rede globo. Eu não moro perto do central park. Eu não ando de lamborghini. Eu não tenho um monet na parede da sala de estar. Eu não leio grego. Eu não cheiro a chanel. Eu não como mcdonald’s. Eu não comemoro com uma flute de champagne. Eu não visto levi’s. Eu não sou sócio do barcelona. Eu não caso goiabada com queijo roquefort.

Eu não enxergo pelas lentes dos óculos da cristian dior. Eu não passo meus fins de tarde na sacada de uma cobertura olhando os jardins de luxemburgo. Eu não como sobremesa numa taça de cristal de baccarat. Eu não ouço putini. Eu não sou Eu não faço cooper de nike. Eu não danço no festival de berlim. Eu não caibo numa bolsa louis vuitton. Eu não comungo na catedral de notre dame. Eu não vejo as minhas horas num bulgari. ...
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20/06/2014 - Parto de canção

Meus dedos correndo as cordas do violão tentando fazer canções para serem ouvidas a léguas de mim. Tudo o que eu canto é silêncio. O tempo pode fazer seus falsetes, mas jamais desafina. Há sempre um acorde a ser buscado, a ser tentando, a ser provocado... e, quiçá, inventado pra melodia sobreviver. A batida do meu violão tem um quê de fantasia que dá luz a minha imaginação. E eu como menino malino imagino, imagino, imagino enquanto notas e palavras vão se casando pelo violão que se confunde com meu braço. Compor é um vício, tenho lá meus artifícios, mas no final quem manda é a magia, afinal, eu fico nu como minha poesia entregue à inspiração. E são beijos de bossa, são desejos de jazz, são ensejos de frevo num corpo mulher. A lua sopra, a demônia vira brisa, e tudo vibra no aço das cordas enquanto o sentimento derrama das minhas bordas. E vem a loucura de enxergar cinematograficamente, cena a cena, texto e música numa só partitura. E a certa altura, o peito enverga, o olhar navega e a canção não é mais minha, mas do ar que a carrega.


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07/02/2013 - Parto de carnaval

Coração de pierrô, alfinetado como almofada de costureira. Corre-corre de carnavalesco. Paixão de folião. Resistência e flexibilidade. Beijo no pavilhão. Colombinas mulatas. Quadra de samba marcada por passos e contrapassos. Grito de carnaval rompendo o silêncio. Carrilhão de fantasias. Procissão seguindo trio elétrico.

Traquinagens de arlequim. Suor e confete, feitos um para o outro. Loucuras ganhando as ruas. Gingado e balançado por todo lugar. Pés em brasa. Anjos se apaixonando por diabinhas. Piratas saqueando a solidão. Super-heróis sendo vencidos pela emoção. Princesas e maltrapilhos de mãos dadas. Estrelas no chão. Blocos de faz-de-conta.


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15/05/2013 - Passada

Passa por onde não passo. Passa marcando ritmo pela avenida. Passa como redemoinho mesmo que brisa. Passa num abraço longo e apertado. Passa forte, altiva, soberana mesmo que ferida. Passa com olhos de aço, mesmo chorando algodão. Passa pelas linhas do decote do tempo sem se intimidar. Passa com uma feminilidade ativa, dama das nações do faz de conta. Passa querendo passar. Passa por fronteiras, por barreiras, por territórios desconhecidos, não vencidos e até proibidos.

Passa sem se revelar. Passa criando e recriando estradarias. Passa com porte de rainha da colmeia e sorriso de plebleia. Passa fazendo plateia. Passa totalmente minha. Passa transformando as pedras do caminho em pedrarias. Passa num golpe de gravidade. Passa num ar de revolução. Passa grávida de fantasia. Passa pelas tranças do vento. Passa ditando moda na cidade. Passa falando de amor cara a cara. Passa à revelia. Passa numa floração rara. Passa aflorando o calor de sua passada.


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06/08/2015 - Passado pássaro

Eu me visto com penas como se eu fosse pássaro e passo como apache. Eu tenho nas aves a minha força nativa viva como os índios que já não vivem. Ache ou desache, eu guardo asas e as uso quando me convém. E eu vou como os pássaros me vêm. Não tenho medo de altura e sou dado a loucuras pelos céus. Faço ninho e canto de amor a quem quiser ouvir, mulher ou pássara. Podem arrancar minhas penas que elas crescem como seus cabelos. Ninguém me rouba dos ares. Ninguém prende meu coração alado. Ninguém me afasta dos meus ancestrais. Sou do tempo em que os homens voavam e se amavam pelas nuvens. Só tome cuidado, pois em certos momentos meu pássaro interior não canta, ruge.


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07/07/2015 - Passamos nós

Por onde quer que vá, vamos juntos
Passam árvores, bichos, conjuntos
Ou solitários de fêmeas e machos
Mas não passamos nós. Eu acho
Eu acho que devemos permanecer
E nos querer sempre lado a lado
Por mais distantes que estivermos
Seja presente ou futuro do passado
Juntos não há paraíso ou inferno
Que não possamos superar
Ou alcançar. Passam carros, nuvens,
Placas, casas, postes, plantações,
Um sim que surge e tantos nões...
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