Daniel Campos

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27/07/2011 - Passe amanhã

Hoje eu não tenho um texto para lhe dar. Passe amanhã, por favor, me perdoe. Hoje a inspiração me faltou. Problemas do dia a dia. Estresse. Fatiga. Correria. Não choveu e eu sempre escrevo melhor quando o dia dá em chuvoso. Acabou a bateria da minha fantasia. Também não tive ajuda espiritual. Meus guias devem estar ocupados com o caos do mundo. De ontem pra hoje, comigo não aconteceu nada desigual a ponto de valer uma crônica. Minhas personagens de contos saíram de férias.

A minha cabeça falha. Meu humor anda no fio da navalha. Impossível tirar um texto da cartola, ou melhor, da memória. Nem as músicas foram capazes de me deixar à flor da pele. Nem os uísques conseguiram dar lucidez aos meus sentimentos. Como a bola de cristal de uma vidente charlatã minha alma não diz nada. E vem uma preguiça, um mal estar, um enjôo do obvio. Coisas físicas e temporais. Olho ruim. Inveja. Coisa feita. Fecharam meus caminhos e minha mãe-de-santo está de recesso.

Apelei para meus escritos antigos, mas o cheiro de poeira me atacou a rinite. Nessa sequidão não posso beber da seiva das árvores, tampouco contar com a brisa do canto dos pássaros. É sertão. Tudo agoniza. Tudo morre antes mesmo de nascer. Ontem nem a lua ousou sair da escuridão. Ninguém telefona me dando boas notícias. Mesmo novo tudo é velho. Preciso urgente e desesperadamente me fazer inédito. Por favor, me perdoe, hoje não tem texto não, passe amanhã.


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