Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 8 de 28.

27/01/2010 - O esquilo e a noz

Tem dia em que a gente vive e não viveu. É como se as horas passassem por nós sem desatar nossos nós. A noite chega e com ela uma sensação de que nada do que se queria foi feito. Quem já não se sentiu assim? E vem um desespero, um destempero, um vento mexendo nas folhas do coqueiro...

Em dias assim a nossa agenda biológica não combina com a mercadológica tampouco rima com a psicológica. E temos que cumprir tantas agendas que esquecemos de viver o dia como uma oferenda plena. Viver é mais do que um jogo de cena, do que uma única e solitária estrofe de poema... ...
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22/07/2008 - O exercício de esquecer

Ai de nós se não houvesse o esquecimento. Nosso corpo não suportaria tanto peso. Nossa mente não suportaria tantas gavetas. Nossa alma não suportaria tantas amarras. É preciso ter uma corda de descarga para mandar o inútil para uma espécie de lixeira. Ah! Ainda bem que existe essa dimensão chamada esquecimento para abarrotar lá as repetições sem graça do cotidiano e essa futilidade toda que nos cerca. Afinal, não podemos armazenar em definitivo o escândalo de um banqueiro, a barriga de um jogador de futebol, o discurso de um político, a fama de um participante de reality show... Por si só, eles são efêmeros. ...
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13/04/2008 - O Feitiço de Brasília

Há mais de meio século, um mineiro chegou ao interior de um Brasil desconhecido e, entre o sol e o cerrado, construiu de forma audaciosa e corajosa a nova capital de um país. Não faltou quem o taxasse de maluco e de outros adjetivos, todos sinônimos de loucura. Com o passar dos anos, Brasília não só saiu do papel, como queria Juscelino Kubitschek, mas se tornou patrimônio mundial da humanidade.

Quando todos diziam que o sonho estava terminado, um outro mineiro, tão apaixonado e louco quanto Juscelino (no bom sentido), chega a um dos pontos mais tradicionais de Brasília e começa a reconstrução dessa obra de arte, causando surpresa e emoção. Inspirado por esse contexto, esse texto foi construída na quadra 509 da W3 Sul. É nesse endereço que se encontra o Mercado Municipal de Brasília. Mercado Municipal em Brasília?...
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13/08/2008 - O fim da cultura do escapamento

Não há mais o que discutir, a saída para melhorar o sistema rodoviário e o clima do planeta é uma só: aposentar o uso de carros, ônibus, motos e similares. É hora de dizer adeus ao escapamento e escolher entre a bicicleta e a asa delta. Já imaginou? Bom tempo aquele em que se andava a pé. O povo tinha mais saúde e a paisagem de fim de tarde era o sol poente e não o engarrafamento.

O petróleo que vira piche é o mesmo que é despejado no céu e, também, em nossa cara. E eu não quero ter um pulmão cheio de piche. A cultura do escapamento precisa chegar ao fim. Para mudar essa poluída realidade nada melhor do que cortar o mal pela raiz. Essa história de rodízio de placa, de corredor de ônibus, de biocombustível não resolvem o problema. O melhor mesmo é fazer essa gente andar a pé. Uma multidão andando e cantando pelas ruas, admirando as flores e cultivando o amor. ...
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12/05/2008 - O fim das abelhas

Haverá um tempo em que você sentirá saudade de ser ferroado por uma abelha. Sim, porque não existirão mais abelhas. Como ficará o mundo sem o trabalho de levar pólen para lá e para cá feito por esses insetos do mel? Resposta: não ficará. Se a má distribuição de alimentos, o desperdício e o péssimo uso do solo já estão causando crise de alimentos, calcule os danos causados pela extinção das abelhas.

O resultado é o final dos tempos. Haverá dinheiro e não haverá comida. Haverá terra e não haverá alimento. Haverá céu e não haverá abelha, assim como não existirão besouros, joaninhas, libélulas, borboletas. E tudo isso porque o aquecimento global promete acabar com vários tipos de inseto até o final deste século. Além de faltar quem polinize nossas lavouras, faltará comida também para muitos animais, como as aves. O estrago promete ser bem maior do que aparenta. ...
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31/12/2011 - O fim do mundo

Se a previsão dos Maias for confirmada, esta pode ser a nossa última virada de ano. O fim do mundo está previsto para o dia 21 de dezembro de 2012, o dia do solstício. De certa forma, no plano místico, tudo está sendo encaminhado para a concretização deste enredo. Afinal, 2012 será regido por Oxalá, o orixá da renovação, e por Oxum, a senhora das novas vidas. Portanto, o próximo ano será de muitos nascimentos e renascimentos. Porém antes de nascer e renascer é preciso morrer.

Oxalá prevê a recriação do mundo, dos homens, das relações e Oxum traz à tona a gestação de um novo tempo. Oxalá, o senhor dos panos brancos, e Oxum, a rainha dourada, vão passar de mãos dadas em 2012, trazendo promessas de paz e amor. Oxalá, o guerreiro pacificador, e Oxum, a mãe da vaidade, vão nos conduzir à morte para que a partir dela encontremos um novo mundo. Oxalá é considerado o fim pacífico de todos os seres. Oxalá é quem determina o fim da estrada, o fim da vida, o momento de partir em paz. ...
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18/04/2014 - O findar das dores

Sexta das dores. Das dores da distância. Das dores do tempo. Das dores da saudade. Das dores do coração. Das dores da lembrança. Das dores da falta. Das dores da vontade. Das dores da carne. Das dores do beijo que não beija.

Sexta das dores. Das dores dos suplícios. Das dores das implorações. Das dores dos martírios. Das dores dos choros. Das dores das introspecções. Das dores dos silêncios. Das dores dos desejos. Das dores dos braços que não abraçam.

Que todas as dores sejam quebradas nesta sexta. Que todas as dores sejam expulsas nesta sexta. Que todas as dores sejam destronadas nesta sexta. Que todas as dores sejam curadas nesta sexta. E que das dores venha à luz o amor, o amor, o amor...


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15/06/2016 - O frio deve tê-la

O frio deve tê-la corado as maçãs de seu rosto, numa maquiagem espontânea para lá de convidativa à contemplação. O frio deve tê-la deixando fanhosa, numa voz boa de contar histórias de ninar. O frio deve tê-la obrigado a usar um daqueles casaquinhos que guarda tantas histórias. O frio deve tê-la tido desejo de certas comidinhas que te deixaram mal-acostumada. O frio deve tê-la dado mais vontade de dormir e ainda mais preguiça de sair da cama. O frio deve tê-la feito gostar ainda mais do sol – ah como é linda ensolarada... nublada, chuvosa, anoitecida. O frio deve tê-la lembrado do tempo que se protegia sobre asas. O frio deve tê-la deixado com vontade de brincar de neve como fazem as princesas do gelo. O frio deve tê-la concedido um brilho único aos olhos, algo como geada. O frio deve tê-la incitado a um belo e farto cappuccino. O frio deve tê-la reforçado os ares novas iorquinos. O frio deve tê-la tomado nos braços aproveitando-se da minha distância. O frio deve tê-la dito quão frio é o vazio que me abriu. O frio deve tê-la, mas só eu hei de sabê-la amar em toda e qualquer estação.


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19/12/2011 - O futuro caminha

O futuro caminha na corda bamba de sombrinha. Qualquer descuido ele pode vir ao chão. E se quebrar. E se atrasar. E tomar outro rumo. O futuro caminha de olhos vendados. Ele já sabe o que vai encontrar. Ele já sabe onde vai chegar. Ele não pode se distrair pelo caminho e de repente fugir do seu destino. O futuro é menino. Vive afoito demais. Vive aprontando demais. Vive inocente demais. O futuro é pequenino, cabe na palma da mão, num canto do olhar, numa palavra. O futuro é sim e não, é o que grita e o que cala, é metade amor e metade solidão. ...
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22/04/2015 - O galo do dia

Galo cantou alumiando o dia. Gato roncou no telhado português. Poeta cantou sua poesia pro cachorro maltês. O jornaleiro queria falar de amor, mas amor não vende jornal. O carro não pegou de primeira e diante da ladeira quem é que empurrou? O vento o passado não carregou. E o profeta professou tanto que santo de casa não faz milagre quanto que até o melhor dos vinhos pode virar vinagre. A menina pediu fé. O menino pediu mulher. O galo sem saber qualé cantou puxando o dia que não queria sair da toca. A lua provoca de baby-doll transparente, inocente, envolvente... O cego de paixão tropeça procurando suas lentes. Por entre estrelas atrasadas há dança de salão, dança do ventre, dança de corpo presente. Dizem amém e ah nem com a mesma força. O choradeiro de quem perdeu um amor de verão fez uma poça no meio do estradão. Clareia, mas pela cidade já não passa mais boiada, não tem mais café na cama pra namorada, não se toca mais o sino pra chamar pra benção do galo. O galo já desistiu de se maestro do dia e anda atrás de uma galinha que só quer sabe de encher sua moela. Enquanto isso, o dia, sem freio ou esteio, desce na banguela...


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