Daniel Campos

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Encontrados 278 textos. Exibindo página 27 de 28.

26/06/2013 - Oswaldo mago Montenegro

Há imagens que, de imediato, reviram a memória, trazendo emoções e lembranças ainda desconhecidas. Oswaldo Montenegro, com aqueles olhos negros que contrastam com a brancura de seus cabelos longos e da barba por fazer, traz à tona o sentimento de um mensageiro. Mais do que uma condição, estar de passagem para Oswaldo Montenegro é uma sina. Uma espécie de cavaleiro que passa a pé. A montaria, no caso desse trovador, é o tempo. O tempo que, ao seu comando, anda para trás e para frente, e até para o lado ou para cima e para baixo, ou para direções ainda não descobertas, com a mesma fluidez. Parece mágica, mas é Oswaldo Montenegro, que se vestiu de cigana para cantar o sol. ...
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26/12/2014 - Ou o fim ou o fim

O verde amarelou. O caminho a sujeira fechou. O mato se alastrou. O telhado do rancho desabou. O poço secou. A aranha o fim teou. A saudade suas garras fincou. Por aquelas quartas nunca mais se semeou. O destino de todos que dependiam daquelas mãos férteis virou. O trator nunca mais roncou. O pé de valsa por ali não mais dançou. O deserto da solidão pra ficar chegou. A terra sangrou. A paineira da estrada chorou. O lago avermelhou. O que era bonito se estragou. O vento nunca mais suas modas assoviou. Os ninhos ficaram vazios da galinhada que nunca mais chocou. O lixo se espalhou. O abacateiro tombou. A magia nunca mais madurou. O pé de esperança não vingou. O trem diante daquele cenário engasgou. O galo silenciou. Até assombração por ali não ficou. A cachorrada debandou. A nova safra não vingou. O senhor daquele mundo nunca mais voltou. O descaso tudo abandonou. O encanto do dia pra noite se quebrou. O coração de terra parou e tudo se espatifou. O bom e velho sítio se acabou. ...
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22/12/2012 - Ou, ou, ou

O gato miou. O bolo queimou. A mágoa inflamou. A boca provou. O garoto beijou. A menina amou. O coração capotou. A morte levou. O galo cocoricou. O tempo fechou. A lua raiou. O sol minguou. O ponta-esquerda amarelou. O santo titubeou. O pintassilgo assoviou. A realidade atropelou. A estrela dançou. O velho travou. A guerra acabou. O romance rasgou. A vida pecou. O mundo pesou. O desejo chamou. O vento virou. O perdão apagou. O mar vazou. A paixão estreou. A poesia despetalou. O medo desafiou. O laço arrebentou. A febre piorou. O começo recomeçou....
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17/10/2013 - Ouça bem

Ouça a lua em cada uma de suas fases. Ouça as estrelas em cada uma de suas pontas. Ouça as pedras em cada uma de suas lapidações. Ouça os insetos em cada uma de suas profecias. Ouça os pássaros em cada um de seus vôos. Ouça as mulheres em cada um de seus sapatos. Ouça as criaturas extintas em cada uma de suas lembranças. Ouça as bruxas em cada um de seus feitiços.

Ouça a água em cada uma de suas corredeiras. Ouça a terra em cada um de seus tremores. Ouça os antepassados em cada um de seus passados. Ouça as noivas em cada uma de suas caudas. Ouça os travesseiros em cada uma de suas confissões. Ouça os espelhos em cada um de seus reflexos. Ouça as rodas em cada uma de suas voltas. Ouça o silêncio em cada uma de suas infinitas faixas. ...
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15/04/2015 - Ouça o moto-contínuo da criação

Ouça o que o pássaro veio lhe contar, o que os rios estão a lhe falar, o que as nuvens querem lhe revelar... O mundo está aí para ser ouvido. Pode ser um grito, um gemido, um sussurro... Mas tudo está a conversar... Ouça a língua dos ipês, das pedras, das águas profundas, do fogo vermelho... Basta colocar em prática o ouvido interior, aquele que compreende a tudo e a todos... Escuta o que diz o vento, o horizonte, a folha, o bicho, o coração... Ouça o que soluça, o que aguça, o que pulsa... Já parou para ouvir o pirilampo, a lua, a arruda...? Quantas histórias há pelos galhos de uma roseira, pelos anéis do cerne de uma árvore milenar, pelas ondas do mar... Sem cerimônia, ouça a conversa das raízes, dos matizes, das perdizes... Ouça o capim brotando, a chuva chegando, o universo conspirando ao seu favor... Escuta o quão bonito é o nascimento e o desenvolvimento de um amor... Quanta música há ao seu redor, para, vai, para e escuta... Escuta as estrelas brilhando, as sereias cantando, a vida raiando em todo lugar... Ouça os pensamentos, os sentimentos, os firmamentos... Escuta a poesia versada de tantas maneiras pelas ladeiras, seringueiras, cumieiras, poeiras, gafieiras, biqueiras, fogueiras, mangueiras... Ouça o moto-contínuo da criação...


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06/05/2015 - Ouça os pássaros

Ouça, ouça os pássaros. Eles trazem mensagens de mundos distantes. Ouça os pássaros que não passam por acaso. Eles cruzam nossos céus, pousam em nossas janelas, passam sobre nossas cabeças, dependuram-se nas árvores do nosso quintal por alguma razão. Ouça os pássaros, aprenda a decifrar cada canção. Pássaros são mensageiros de outros reinos e tempos falando a língua do sentimento. Aos seus estralos, calo para ouvir, ouvir os pássaros. Ouça, ouça o que dizem, revelam, querem contar. É muito mais fácil ouvir os homens, mas os homens não sabem voar. Ouça, ouça os pássaros e você só terá a ganhar. Entrega-se à melodia da passarada que faz revoada para seguir a estrada como seguem as constelações. Ouça sem resistência, sem porquês, sem senões. Ouça, ouça os pássaros que falam diretamente aos corações. Abra os ouvidos e as entranhas ao que diz o pássaro e seja feliz, pois o pássaro que vem é o que você merece, traz o que na hora lhe convém, jamais o que quer ou quis. Ouça, ouça os pássaros cujos estralos dobram qualquer aço e orientam seu compasso.


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28/04/2016 - Ouça-me

Ouça meu grito. Ouça meu lado mais bonito. Ouça minha afetividade. Ouça meu sonho mais profundo. Ouça meu mundo. Ouça o que proponho a fundo. Ouça a minha cidade interior. Ouça o meu eu condor. Ouça meus lábios. Ouça meu mais sábio beija-flor. Ouça minha metade mais feliz. Ouça o que você sempre quis de mim. Ouça as cores e os cheiros do meu jardim. Ouça o meu jeito. Ouça as minhas movimentações. Ouça o meu amor-perfeito e as minhas solidões. Ouça o que ecoa do meu ninho. Ouça os rastros do meu caminho. Ouça meus perdões. Ouça as cordas do meu destino. Ouça o meu ancião, o meu adulto, o meu menino. Ouça o que me faz pulsar, vibrar, brilhar. Ouça as minhas entranhas. Ouça as minhas necessidades, as minhas vontades, as minhas manhas. Ouça o meu eu de dentro. Ouça-me enquanto sentimento.


Comentários (1)

11/09/2012 - Outra coisa

Ela quer outra coisa. Ela quer outra roupa, outra comida, outra estrada. Ela quer outro sorriso, outro florista, outro viver. Quer outro crediário, outro carro, outro amanhecer. Quer outro beijo, outra cidade, outro prazer. Quer outro cachorro, outro tolo, outro perfume. Quer outro feriado, outro ardume, outro passado. Quer outro plano, outro cigano, outro fulano. Quer outro deus, outra bebida, outro lado. Quer outro sonho, outra lida, outro adeus.

Ela quer, ela quer, ela quer... Quer outro salário, outro céu, outro calendário. Quer outro papel, quer outra estação, quer outro menestrel. Quer outra canção, outro falsário, outra paixão. Quer outro telefonema, outra aparição, outro poema. Quer outro emprego, outro jardim, outro sossego. Ela quer outra fantasia, outra boca, outro dia-a-dia. Ela quer outro jornal, outro natal, outro carnaval. Ela quer outra dança, outra criança, outra esperança. ...
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Outra vez solidão

O giro da chave era como um sim. Sim. Aquela mulher estava decidida. Não sabia se estava apaixonada, amando, se iludindo ou se a última caixa de remédios que tomara para impressionar a mãe havia afetado seus pensamentos. Mas o importante naquele momento não era a causa. E sim a decisão. E a decisão estava mais do que amadurecida. Afinal, ficara a noite toda pensando. Ou melhor, as últimas noites. Trocara o sonho com roupas de grife, por um sonho mais real. Ao menos, ela achava que o sonho poderia ser mais real. ...
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10/12/2014 - Outro adeus

Hoje não vai ter como eu estar aí, mas mesmo de longe vou a sua lembrança para me despedir outra vez. Pode me julgar, me condenar, pois eu não tenho interesse algum em me redimir. Eu confesso que não fiz esforço algum para fugir e lhe encontrar. Eu quero mesmo é me desvencilhar de tudo o que houve entre nós. Por favor, pelo amor das estrelas, deixe-me a sós. Hoje enquanto você comemora os seus motivos eu me interno debaixo dos meus lençóis. Hoje você está por cima e espero que continue assim. Para o que eu quero colher no meu jardim está ótimo o clima. Eu vou revirando a terra, preparando meu solo para o novo. E é só na poesia novidade rima com saudade. Adeus, mais uma vez.


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