Daniel Campos

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Encontrados 91 textos. Exibindo página 2 de 10.

26/10/2015 - Banhação

Banho de chuva. Banho de manjericão. Banho de luz. Banho de sal grosso. Banho de poeira. Banho de perfume. Banho de ilusão. Banho de confete. Banho de ouro. Banho de mel. Banho de lavanda. Banho de sabonete. Banho de lama. Banho de açúcar. Banho de fogo. Banho de tinta. Banho de areia. Banho de folha. Banho de flor. Banho de semente. Banho de raiz. Banho de verde. Banho de música. Banho de loja. Banho de prazer. Banho de espuma. Banho de bruma. Banho de mar. Banho de rio. Banho de cachoeira. Banho de ar. Banho de chocolate. Banho de língua. Banho de fé. Banho de energia. Banho de todo dia. Banho de lua. Banho de prata. Banho de choro. Banho de sol. Banho de verniz. Banho de anis. Banho de brilho. Banho de balde. Banho de caneca. Banho de chuveiro. Banho de banheira. Banho de orvalho. Banho de gato. Banho de chuva.


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01/09/2015 - Beijos pelo caminho

Olha na minha boca a procura do nosso último beijo. Veja quanto tempo faz. Pensa no quanto de beijos já deixamos pra trás desde que nossa boca se encontrou pela primeira vez num mês que já nem me lembro mais. Mentira! Eu guardo em mim cada detalhe seja quanto ao lugar, ao horário, ao medo, à textura, ao sabor do nosso beijo primogênito. Tudo segue intacto em minha memória. Tudo é nítido demais para mim. E isso é bom porque revivo cada movimento. E isso é ruim porque me vejo cada vez mais beijos ficando ao longo do nosso caminho. E beijos longe da boca não sobrevivem pra sempre. São como balões que ficam ao vento por dias, mesmo que mais murchos, mas quando tocam o chão ou até mesmo a ponta de uma estrela estouram. ...
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09/07/2015 - Beijo de bom-tom

Beija e troveja num beijo de som. Beija e relampeja num beijo neon. Beija conectando-se às terminações beijosas num beijo.com. Beija e seja tudo o que é num beijo colocando nele todo o seu dom. Beija e beija com frisson. Beija e fareja cada átomo do batom. Beija se enseja debaixo do edredom. Beija e se deseja como se fosse um bombom. Beija e se rasteja, deita, rola e faz ronrom. Beija e se veja nesse beijo sem sair do tom. Beija porque beijar é sempre de bom-tom. Beija se dando de bandeja num beijo bom.


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08/05/2015 - Bendita a cigarra

Nas águas da mãe-chuva, capim cresceu, vaca chegou, comeu, adormeceu. O galo cantou como se fosse o dono do espetáculo o novo dia num tom mais que enfático. A formiga sem saber que dia era trabalhou, cortou, retalhou, carregou a folharada pela sua estrada. Dona margarida se abriu pras bandas do brejo branqueando um rio que não era o tejo mas tinha sotaque português. E o sabiá virou freguês da amoreira depois de uma semana inteira no pé de ingá. Veio vento de cá, de lá e acolá botando as folhas para dançar. E o sapo se inchou todo e coaxou querendo no lodo namorar. Cumprido o seu papel, com fanfarra e algazarra, depois da chuvarada, a cigarra amarra sua casca seca à árvore e vai pro céu. Bendita seja a cigarra e a sua farra.


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14/03/2015 - Borboleta bruxa

Por algum feitiço, vindo de alguma deusa mal-amada ou de algum deus traído, quando a noite desce as borboletas viram bruxas. No decorrer dessa transformação ganham em tamanho e perdem o colorido. Desproporcionais e cinzentos, os seres admirados tornam-se odiados. As pobres borboletas não dão contam de voar, e como que bêbadas, voam aos pulos trombando lá e cá. Geralmente enroscam-se em alguma cortina ou se encolhem em qualquer soleira esperando o dia clarear para voltarem ao corpo de borboletas poéticas. Mas nem sempre isso lhes é permitido porque diante da figura assombrosa não faltam chineladas e vassouradas. Os poucos que seriam capazes de atentar contra uma borboleta ainda continuam inquisidoras contra as bruxas. Pobre sorte das borboletas que de criaturas divinas passam a sombrias mensageiras da morte, no caso, da própria morte.


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27/02/2015 - Baianidade

Não sei o que acontece, mas tudo canta em mim quando coloco meus pés na Bahia. Uma sensação de volta para casa tão profunda que pareço estar no útero de minha mãe. As águas quentes, o colorido que combina, o mar profundo, o sotaque, os coqueirais num verde sem igual, a musicalidade, os temperos, os orixás, os ventos, os perfumes, que chego de saudade a passar mal. Sou da Bahia singela, à capela, secreta e repleta de misticismo, enfim, da Bahia dos cartões postal e visceral.
Tão logo a baianidade me invade chego me esqueço das dores, do tempo, dos dilemas... Sinto-me parte de toda arte como que pisando ou respirando ou me deitando num poema. Sou Caymmi. Sou Bethânia. Sou Irmã Dulce. Sou Mãe Stella de Oxóssi. Sou Mãe Menininha de Gantois. Sou Tupinambá. Sou Mariene. Sou João Gilberto. Sou dona Canô. Sou Jorge Amado. Sou Castro Alves. Sou Caetano. Sou baiano. ...
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15/02/2015 - Bucolismo roxo

As quaresmeiras já desnudam suas flores arroxeando o dia numa litúrgica poesia. As quaresmeiras com suas pétalas macias e folhas ásperas vão dando um tom de nostalgia pelos ares que as circundam. As quaresmeiras transformam o vento alegre, aquele de espírito jocoso, em movimento choroso. As quaresmeiras são fogueiras de dor e delicadeza que se atrevem a desafiar os sorrisos e as faltas de juízo. As quaresmeiras retorcidas pelos jardins parecem velhas, mais velhas que o tempo, ensinando que no lido com a tristeza a gente ainda é aprendiz. As quaresmeiras dão as flores da penitência algo que colore em tons pesados até mesmo a maior inocência. As quaresmeiras são árvores do cortejo diário que resolvem em algumas semanas florescer a dor do mundo que acumulam ao longo do ano. As quaresmeiras choram lilases, violetas, roxas lágrimas em florescência. As quaresmeiras cantam baixinho, gemem e murmuram dias arroxeados e sem perdão. As quaresmeiras são bucólicas chegando a dar cólicas no coração, apaixonado ou não...


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12/02/2015 - Boataria

Há rumores por toda parte se estendendo da costa do Pacífico ao planeta Marte sobre um possível romance entre o poeta andante e a princesa do reino distante. Há quem pergunte diretamente e quem sonde, rodeie, imagine... O fato é que os olhares tanto para o homem-poesia quanto para a menina dos olhos estrelados nunca mais foram os mesmos. Há sempre um leque de interrogações, palavras invasivas e muitos flashes. Dizem que os versos são dedicados ao rosto, ao corpo, ao jeito dela. Ora essa, o poeta não pode mais escrever sobre amor, saudade ou desejo que tudo é imediatamente dirigido à princesa que, segundo boatos, passaria o dia lendo e relendo tais textos. Falam até que o vassalo das palavras já deitou na cama real. Também contam que a princesa havia posado completamente nua para um poema. Entre tanto disse me disse há quem postule que já moram juntos, dividem o espelho do banheiro e adaptam um quarto do castelo para receber o bebê de sangue azulado. Antes diziam que o poeta era alado e que a princesa tinha um lado malvado. Habituados aos julgamentos e às fofocas, o poeta segue com suas poesias e a princesa com suas princesices...


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17/12/2014 - Bangue-bangue lírico

Quando olhares se miram e se atiram um no outro como numa bangue-bangue lírico, é fato empírico que a paixão se aproximou para ficar. Entre corações atingidos e sangue fervido, o amor, seja permitido ou proibido, deixa sua marca. E não importa quem dispara primeiro, mas quem apara o outro antes. Diante do tiroteio de emoções, o faroeste está além de sim e não, pois o amor acontece nos senões.


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10/11/2014 - Banho de chuva

Tomar chuva não é para qualquer um. É preciso ter uma elegância natural para se viver um bom banho de chuva. Primeiro, é bom que se diga, nada de sair correndo ou se cobrindo seja lá com o que for. Conta pontos negativos também para aqueles que não veem a hora da chuva passar ou de chegar ao telhado mais próximo. Os passos têm de ser espontâneos ligados diretamente ao prazer que há nisso tudo. Também não é permitida qualquer reclamação durante esse momento mágico, seja ela dita ou pensada. Danças e cantos são bem aceitos desde que em harmonia com a chuva, jamais tirando dela o protagonismo da história. É fechar os olhos e se conectar com aquele tempo. É sentir tudo de ruim sendo limpo pela chuva. É perceber sonhos, já dados como perdidos, recuperarem a cor, o viço, a seiva... É se comunicar com deus. De maneira alguma o corpo deve se curvar ou se encolher pelos efeitos da chuva por mais fria que ela seja, pelo contrário, é preciso se oferecer à chuva. Nada de se preocupar com sapatos, roupas, cabelo, maquiagem... Tudo isso é menor do que os bens trazidos pela chuva. Portanto, ao ver o horizonte chuvoso a sua frente pense duas vezes se está preparado para se dar à chuva.


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