Daniel Campos

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14/03/2015 - Borboleta bruxa

Por algum feitiço, vindo de alguma deusa mal-amada ou de algum deus traído, quando a noite desce as borboletas viram bruxas. No decorrer dessa transformação ganham em tamanho e perdem o colorido. Desproporcionais e cinzentos, os seres admirados tornam-se odiados. As pobres borboletas não dão contam de voar, e como que bêbadas, voam aos pulos trombando lá e cá. Geralmente enroscam-se em alguma cortina ou se encolhem em qualquer soleira esperando o dia clarear para voltarem ao corpo de borboletas poéticas. Mas nem sempre isso lhes é permitido porque diante da figura assombrosa não faltam chineladas e vassouradas. Os poucos que seriam capazes de atentar contra uma borboleta ainda continuam inquisidoras contra as bruxas. Pobre sorte das borboletas que de criaturas divinas passam a sombrias mensageiras da morte, no caso, da própria morte.


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