Daniel Campos

Prosas

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07/01/2015 - Tia Dodô e o céu das águias

No céu de Madureira, a águia-mãe se veste de negro e alça um voo triste sobre passistas que não passam, acenam o luto da despedida. Tia Dodô, com o coração de águia que sempre teve, voou pra outras bandas em busca de um jardim de flores brancas e azuis. Dama das damas, Maria das Dores Alves silenciou os nossos tamborins. Aos 95 anos, a primeira porta-bandeira, que desfilava desde os 14 anos defendendo a azul e branco, foi sambar noutro lugar junto de Paulo da Portela, Candeia e Heitor dos Prazeres. Salve os bambas que aplaudem da janela Tia Dodô, que aos 84 anos desfilou como rainha da bateria nota 10 de Madureira; Coisas de Portela. Lá em Mangueira e na velha quadra da Estácio se chora a partida de Tia Dodô. Aplausos e repiques para mais uma rainha que subiu para os céus das águias que bebem das águas do carnaval do Rio.


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29/03/2008 - Tic Tac

O tempo está doente. Diante da gravidade da situação, a equipe médica pediu segredo. No entanto, não posso esconder isso de você, caro leitor. Ele, o tempo, sofre de uma espécie de taquicardia aguda contagiosa. Suas horas, seus minutos, seus segundos batem em ritmo acelerado. Os sintomas são visíveis. Falta tempo para tudo. Pendências e mais pendências assolam nosso cérebro. Sofremos da sensação de um atraso constante. Sol e lua têm encontros freqüentes. O amanhecer e o anoitecer se misturam cada vez mais e tudo se transforma em uma coisa alucinada. ...
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07/05/2015 - Tintura

Pisa de vermelho chamando-me à loucura. Caminha de azul fazendo-me perder toda e qualquer bravura. Vem figurativa, abstrata e concreta ao mesmo tempo. Imprima em mim a gravura do seu desejo. Coloque-me perdido na sua perspectiva. Vem verdejando meus campos num verde que é só seu numa natureza viva repleta de texturas e tonalidades. Tira do tempo esse tom desbotado, levando-me o viço da demão do novo pela sua mão. Toma meus dias com sua cor e fala-me de amor entre tintas e pintas. Pinta-me, tinta-me, sinta-me em suas cores mais quentes. Joga-me na sua paleta, misturando meus olhos de guache aos seus altos-relevos. Façamos beijos craquelados dando, pouco a pouco, o acabamento mais que perfeito e sonhado. Dilua seus sonhos no que lhe proponho como arte. E muito cuidado para que a saudade não venha como aguarrás.


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14/07/2015 - Tire a vida pra dançar

Bota mais samba no seu requebrado. Capricha no molejo e faz o seu balançado. Sacuda a vida. Chacoalhe o tempo. Coloque pra girar a roda do sentimento. Dança mesmo que sem música. Baile com a alegria que for encontrando pelo caminho. Deixa o ritmo do coração levar seus passos. Não tema cair nem desafinar. Feche os olhos, busque a sua canção, e deixa a vida girar. São encontros, desencontros e reencontros numa constante troca de par. Gira, roda, dança, requebra e não medra. Tire a vida pra dançar.


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04/04/2016 - Tô que tô

Hoje eu tô que tô. Ninguém me segura. Tô mais feliz que papai noel gritando hô-hô-hô. Hoje eu tô que tô. Tô quente, bonito, fervendo, querendo mais e mais de tudo isso. Hoje eu tô de reboliço. Hoje feitiço não me pega. Hoje nada de ruim me carrega. Hoje eu tô que tô. Atotô, atotô. Hoje eu tô nagô, enfrentando, quebrando, rolando as pedreiras de Xangô. Mais charmoso que canto de agogô. Mais cheiroso que fulô de laranjeira. Tô ioiô descendo ladeira, pulando ribanceira, dando canseira na iaiá. Hoje eu tô que tô, sinhô sem chororô, querendo amar no larara lararara larararaó. Atotô, atotô, ioô chegou. Hoje eu tô que tô, fazendo kizumba, desfazendo macumba, rompendo a tumba do faraó. Ó que dó de você, pois eu tô que tô girando o mundo, botando fundo, aproveitando cada segundo que deus me dá. Hoje tô todinho de iaiá. Hoje tô doidinho por iaiá. Hoje tô no caminho de iaiá. Hoje eu tô que tô bom de se apaixonar, no calor de me enviesar, num bate tambor de clarear e juntar os caminhos de quem não segue sozinho. Clareia, clareia, clareô. Atotô, atotô, me ama que eu tô, que eu tô que tô.


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04/07/2010 - Toada da porteira da estrada

Lá no alto da porteira, num galho da velha cumeeira, mora um pássaro preto que assovia bonito toda vez que vê moça fagueira romper o estradão. Conta uma lenda cabocla que ele era Dito de Benedito, moço bonito e de muitas posses, cobiçado na região. Tava de casamento marcado com uma morena de olhos de brasa quando se apaixonou pela filha de um tropeiro. Numa noite de lua prateada o coração do peão balançou e da aliança de noivado até a casa, que já tava toda montada, tudo se perdeu pela estrada. ...
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26/06/2015 - Toadinha

No meu violão eu digo sim, bendigo não. Todo mocinho tem seu dia de vilão. E nem todo ladrão rouba mais não. E se a canção for de amor não se importe nem note se a rima barata se casar com dor. O pássaro mais afinado nem sempre é o mais cobiçado. É preciso ter vida, sobrevida e ainda vencer a despedida. Quem vai querer uma melodia assim, aonde o fim vem antes do começo? Quem vai entender a letra que diz que para ser feliz é preciso sofrer? E se a lágrima for o preço do verdadeiro amor quem vai, quem vai se opor? Deixe-me propor uma canção calada, pois agora, que o coração chora, não é preciso dizer mais nada...


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13/09/2014 - Toca em frente

Não fale mais nada. Diga adeus a essa estrada. Deixa para nunca mais o que não pode ser agora. O peito chora soluçado. As estruturas que sustentavam o coração foram implodidas. E eu, cavaleiro do sentimento, sigo em disparada de olhos fechados meio que sem querer saber de nada. Cavalgo a pelo segurando nas crinas do tempo. As lágrimas ventam. O grito ecoa. As mãos suam. Poemas e mais poemas vão formando meu rastro.


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26/02/2015 - Toca o barco

Toca o barco camarada que o rio é grande e não dá para deixar tudo a cargo da correnteza ou do vento. Toca o barco, bora remar. Toca o barco de braçada. Toca o barco e para de reclamar. Toca o barco pra frente porque até a água é corrente. Toca o barco camarada fazendo do horizonte o norte da sua estrada. Toca o barco como se ele fosse flecha disparada do arco do passado rumo ao futuro que é agora. Toca o barco pro quarto da lua. Toca o barco cachoeira abaixo. Toca o barco sem se esquecer de escrever sua história nas margens do rio.


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20/03/2012 - Toda molhada

Ela chega molhada em casa cheirando à chuva. Seu cabelo escorre como um rio doce. Veleiros velejam pelas tempestades de seu corpo agitado. Suas palavras quebram como ondas. Sua boca está mais viva, trazendo o viço das plantas depois de uma noite de chuva. Chega aliviada como nuvem depois de descarregar seus raios e trovões. Dispensa sombrinhas e sapatos. Vem descalça pelas enxurradas, totalmente livre, dividindo as corredeiras com barquinhos de papel e olhares distraídos.

Sua pele vem úmida e semeada, como se cada pingo de chuva enterrasse a flor de seu tecido uma semente de desejo, ou de esperança, ou de felicidade. Brinca com as poças d’água. Em momento algum pensa em se esconder da chuva. Em determinado trecho, depois de absorver muito daquelas nuvens, ela passa a chover. E chove num contentamento de encher os olhos dos deuses da chuva. E quanto mais chove mais exala um frescor que causa suspiros e sons ainda não batizados. ...
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