Daniel Campos

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Encontrados 62 textos. Exibindo página 5 de 7.

Quantos poetas

Quantos poetas ainda escrevem
Quantos poetas ainda existem
Quantos poetas ainda se atrevem
Quantos poetas ainda resistem

Quantos poetas já se perderam
Quantos poetas estão de cama
Quantos poetas já enlouqueceram
Quantos poetas ainda amam

Quantos poetas se internaram
Quantos poetas ainda olham às estrelas
Quantos poetas ainda sonham em tê-las
Quantos poetas já se doparam

Quantos poetas ainda acreditam...
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Quarta-feira

Até quarta-feira
Meio da semana
Auge da rotina
Dia em que até
O sonho
Aparece em surdina
Dia em que a surpresa
Surge pequenina
Com roupas de menina
E toda festa
Abomina
Mas é só quarta-feira
O disse me disse
Vira besteira
E a vida é um
Queira não queira
Dia de varrer a poeira
E pedir mais um dia
Só de bobeira
E na quarta-feira
A felicidade é mais rasteira
Do que sua face mais arteira...
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Quartetos

A noite estava de toda perdida
Nada dentre tudo e todos restava
O voluptuoso frio caminhava
Na rua nua pela ventania varrida.

A lua opaca, exausta cochilava.
Sobra esperar o doravante dia
Do esmigalhado vidro se via
Um ébrio triste que perambulava.

De repente, surpresa inesperada
Garbosa, humilde, descomunal
Na miragem um tanto quanto irreal
A noite quieta fica então calada.

A vida pára, não se movimenta...
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Quase tudo

Jogue os búzios sobre a mesa
Como se deitasse ali
Fala para as linhas da sua mão
Dizerem baixinho
Um pouco da sua bruxaria
Deixa eu lhe ver
Na bola de cristal ou na borra de café
Fala-me teu signo e suas ascendências
Conta-me seu último sonho
E sua primeira vontade
Só não vale me roubar nas cartas.


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Quases

Quase fui lhe procurar
Por entre salões
Sacadas
Condomínios
Que não existem mais.

Quase fui lhe encontrar
Por entre papéis
Caminhos que não sei
E dias que poderiam
Levar-me a nós.

Quase fiquei sozinho
Por entre solidões
Procurei outros quases
E quase a achei como a deixei
Da última vez em que quase
Deixamos de ser quase.


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Que beijos os teus

Que beijos
Que beijos os teus
Que nunca mais
Aos lábios meus
Disseram adeus.
São relicários
Dos breus
São solitários
Pigmeus
Esses beijos
São desejos
São realejos
São marujos
De um mar que não fujo.
Que beijos
Que beijos os teus
São cortes
Na alma
São mortes
Sem calma
São espaços
De sangue
São os aços
São os mangues
Que beijos
Que beijos os teus....
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Que braços os teus

Que braços, que braços os teus braços
Apertando-me
Calando-me
Contando-me
Sobre teus passos, teus embaraços
Teus percalços

Que braços, que braços os teus braços
Acalanta-me
Levanta-me
Encanta-me
Com teus abraços, teus laços
É meu bálsamo

Que braços, que braços os teus braços
Envolvendo-me
Absorvendo-me
Absolvendo-me
Em teus compassos, teus traços
De Picasso
...
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Que dia é hoje?

Eu pensei que fosse domingo
E que você acordasse mais tarde
E saísse às ruas
Vestida de sono e outras bobagens
Tão naturais tão normais tão banais
Aos domingos.

Entre uma lembrança e outra
Reviraria as ruas desertas
A procura de um vulto
As portas das lojas fechadas
Os jornais se oferecendo nas bancas
As conversas sentadas num banco de jardim
E um trânsito que lhe possibilitaria
Andar pela rua
Em volteios...
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Que falta me faz

Que falta me faz aquele seu sono contemplativo.
Que falta me faz seus telefonemas em série.
Que falta me faz aquele seu abraço que era mais laço do que abraço.
Que falta me faz caminhar sob e sobre seus olhares.
Que falta me faz suas chegadas repentinas e tão esperadas por mim.
Que falta me faz saber você.
Que falta me faz ter minha agenda veiculada a sua.
Que falta me faz sua ternura, misto de candura e tontura.
Que falta me faz suas brincadeiras tão sérias....
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Que horas são?

As vitrines
Mais uma vez
Me perguntaram
Dos seus olhos
E eu não soube
Disfarçar
As coisas do coração.

Eram anéis
Eram sapatos
Eram perfumes
Cada qual,
Em sua proporção
Unindo metades
Colando saudades
Perdidas de você.

As vitrines
Cercavam-me
E me traziam
E me pediam
A sua presença
E eu
Essa ilha
Cercada pela sua solidão
Não sabia...
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