Daniel Campos

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Encontrados 101 textos. Exibindo página 6 de 11.

Fantasia

Nas mãos da mulher amada
A fantasia
É uma arte
Que nos coloca entre a magia
E o sobrenatural,
Dois mundos
Que dão seus movimentos
De rotação e translação
Em torno da órbita do umbigo
Da mulher amada.
Mitos e lendas
Vertem
E se subvertem
Ao longo do fantástico
Que delineia a mulher amada.
E vou muito além
Das ficções científica e erótica,
Falo de um território
Humano e divino...
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Fantasmas

Corro entre capins
Caio em buracos
Atravesso arames farpados
Grito para ninguém
Piso em pedras
Trilhos desertos
Pontilhões em ruínas
E por mais distante
Do sol anterior
Ainda sinto a sua presença
Um suor
Uma tremedeira
Uma angústia
Não durmo
Não paro
Fujo
Guiado sem mãos
Pareço andar em círculos
Que trazem o ontem
A minha frente
E deixam o amanhã
Nas minhas costas
Espinhos...
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Fatidicamente perfeita

A mulher amada urge como a cólera
Surge como quem acontece do nada
E logo se espalha por todo o ser amante
E faz dele seu cárcere de sentimentos.
Ela é a insônia que finge que é sonho
Ela é a falta de apetite que não se sente
Ela é a decadência que vem sem ruínas.

A mulher amada o faz esquecer de si
E lhe dá colheradas de sofrimento
Ela o pega pela mão e o rege a seu rumo
As escritas, os cantos, as andanças
Desfazem-se nas fases da mulher amada. ...
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Faz de conta

Faz de conta
Que o filme não acabou
Que tudo não passou
De felicidade
Faz de conta
Que a saudade
Ainda não nasceu
E que a realidade
Não vai além
De você e eu.


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Faz-se noite

Às vezes, a vida se mostra perto e vazia
E em todas as outras vezes
Faz-se tanta e impossível...
E não são olhos sem rumo
E não são copos vazios
E não são bocas confundidas
E não são procuras, tonturas
Ou qualquer outra loucura
A responsável pela confusão
Entre ponteiros e suspiros.

Simplesmente
Nesses momentos
Faz-se noite.
Independente se arde o sol
Faz-se noite.
Rente ou longe do cheiro das serestas...
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Orei
Enchi os ouvidos dos santos
Rasguei os joelhos no chão
Quase me preguei na cruz
Vesti uma burca e sufoquei meus dramas
Pisei em praças sagradas
Bebi de águas e vinhos
Me exorcizei
Me curvei três vezes ao sol
Me enchi de silêncio
Dancei nos terreiros
Me dependurei nos sinos da catedral
Fiz o caminho dos cristais
Me enchi de versículos
Imitei profetas
Comunguei tantas vezes
Fiz sexo com os anjos...
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Febre amarela paixão

Eu quero um mundo amarelo
Amarelo ouro, amarelo melão
E, ao meio do céu amarelo
Quero navegar num balão
Sobre o mar caramelo
E de lá das altas nuvens
Ver você passando
Dobrando as ferrugens
Dos sentimentos
Você, toda coração
De vestido amarelo
Amarelo-canção,
No canário amarelo do refrão
E arder de amor,
Entre a rua e a janela,
Numa febre amarela,
Num sol de verão
Amarelo limão...
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Fecha a conta

Com a certeza de tudo acabado
De não encontrar mais nada dela
Nem a roupa, nem os mistérios, nem o medo
De não ficar mais horas anoitecendo
Criando contos, poemas, crônicas
Só para encontrá-la
Num final previsto,
Pelo menos para quem sonha,
De não ficar perguntando sobre ela
Colocando-a em todos os assuntos
Em todas as frases
E pensamentos
Eu caio nos braços da realidade
E sumo pelas páginas de um romance
Inglês.


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Fechem as cortinas

Sei que é covardia
Descer do palco
Antes da última cena
Mas o roteiro mudou
E ninguém me avisou
Que eu teria de beijar
A solidão.

Não! Vou para detrás das cortinas
Para onde nem mesmo eu me veja
Vou para o escuro da coxia
Trancar-me-ei no camarim
Só eu e o resto da fantasia
Que se afoga no cálice
A minha última fala.

Um longo silêncio
Depois de um adeus
Que não foi meu
Eis o que vou deixar...
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Feitiçaria

Pelo amor dos bruxos
Feiticeiros
Magos do altiplano
Não disfarça os nós
Desta malha
Destineira
Que nos veste
Pela estrada afora

Invoque palavras mágicas
Faça rituais secretos
Ofereça-me aos teus deuses
Mas não deixa
Quebrar
Este meu corpo
Que nasceu da tua costela

Ah! Eu não posso ficar distante
Eu nunca sou o bastante
Para você
Amarra um barbante entre nós...
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