Daniel Campos

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Encontrados 112 textos. Exibindo página 4 de 12.

03/04/2015 - Viajando no silêncio

Transmuta do grito ao silêncio. Diminua o volume da televisão, a altura da voz e os repiques do seu coração. Pisa mais leve, de preferência descalço para não haver barulho de solado ou salto e tomando o solo feito de via-crúcis e pranto passado como sagrado. Repara como até os pássaros diminuem hoje a cantoria e a rua de agora não é como ontem se via. Repousa as cordas do violão, observa como os trens chegam quietos na estação, ouça a voz da solidão. O andor da quietude passa e pede respeito. Nada de palavrão, de berreiro, de exaltação... Hoje o amor que perdura por milênios passa em procissão. Porém, nada de se fazer sofrimento, de ser morada de tristeza, de remoer a morte... O silêncio, além de ser uma emanação de respeito, leva-nos para além do tempo a um aprendizado: o que é amar? Solidarizar-se com aquele que foi crucificado há dois mil anos não é passar o dia chorando, mas amando.


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27/03/2015 - Vida-rio

Queria ficar na beira, na beira do rio, mas a vida não é beira-rio. É preciso cair de corpo, alma e espírito nas águas correntes que cortam nossa existência. E não pense que há de ficar em águas calmas, mansas e cristalinas. A vida é turbulenta, dada a muitas correntezas e quedas, tão lindas quão perigosas quanto às cachoeiras. E não pense que vá encontrar peixinhos coloridos em suas remadas, pois há muitas pedras pelas corredeiras. É preciso ir de frente, pois não há outra forma de seguir. O passado é como água passada, por mais que exista não volta. E ainda é preciso viver a fundo o que está nas margens, porém, jamais se apegando às paisagens, pois elas mudam durante o curso do rio. As águas muitas vezes ficam turvas, de modo que não se enxerga nada pela frente, por isso é preciso se entregar sem medo ao que vier. Não se assuste se as águas sempre doces ficarem salgadas de uma hora para outra, pois além de muito choro na beira do rio às vezes o mar dá em ressaca. E atente-se para o perigo, pois a vitória régia é a casa de Iara, que com o seu canto leva os apaixonados para o fundo das águas. E as mulheres que pensem sete vezes antes de cair nos encantos do boto-cor-de-rosa. As luas, por mais que flutuem espelhando tais águas, nunca são as mesmas. A vida, assim como as águas, mudam seguindo em frente.


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18/03/2015 - Você mentia

Você mentia quando dizia que uma vida seria pouca para viver ao meu lado. Você mentia quando dizia que seria para sempre minha. Você mentia quando dizia sobre nossa casa no campo, com cachorros, patos, porcos e horta. Você mentia quando me prometia uma princesa tal qual você. Você mentia quando me pedia para nunca lhe deixar. Você mentia quando bramia que eu seria seu último homem. Você mentia quando ria feliz da vida com nossos momentos tão bobos quão inesquecíveis para mim. Você mentia quando ouvia eu lhe falar dos meus sonhos que sempre incluíam você. Você mentia quando sentia que nós éramos para sempre. Você mentia quando se comovia com o brilho dos meus olhos fitando você. Você mentia quando me fazia o seu melhor presente. Você mentia quando frigia por mim um desejo que parecia inesgotável. Você mentia quando fugia do nosso adeus. Você mentia quando fingia se preocupar comigo, pois quando eu mais precisava dos seus abraços carregou para longe de mim os seus braços. Você mentia quando dormia só para sonhar comigo. Você mentia quando previa tanto futuro para nós dois. Você mentia quando podia ter falado a verdade desde o início ou ter mentido pelo resto das nossas vidas para continuarmos vivendo uma só vida.


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28/02/2015 - Você em tudo

Tudo o que eu faço é para você. Tudo o que eu penso é você. Tudo o que eu quero diz respeito a você. Tudo o que caminho me encaminha para você. Tudo o que realizo está ligado a você. Tudo o que imagino tem você. Tudo o que amo é apaixonado por você. Tudo o que espero espera você. Tudo o que falo fala de você. Tudo o que durmo sonha com você. Tudo o que como tem fome de você. Tudo o que vejo me lembra você. Tudo o que desejo deseja você. Tudo o que choro escorre você. Tudo o que cultuo aumenta minha fé em você. Tudo o que me domina parte de você. Tudo o que proponho tem a ver com você. Tudo o que tento invento você. Tudo o que destino casa com você. Tudo o que perco acho em você. Tudo o que sou devo a você.


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23/02/2015 - Vida em bonança

Toca a minha mão, fala ao meu ouvido que eu sou seu amado, seu companheiro, seu amigo. Fala tudo o que tem vontade. Abre seu peito, com respeito, deixando escapulir a saudade. Segura em meus ombros para evitar tombos. Ampara em mim, mas não para porque sua caminhada não pode ter fim. Que seja de verdade todo amor que faz alarde. Joga o buquê de um casamento sem idade com as estrelas para os que sonham se mar sem por quê. Usa meu corpo para se esconder da tempestade. Pede meus sorrisos se for preciso para alimentar sua felicidade. Agarra em minhas costas para não cair pelas encostas do tempo. Pede conselho a quem jamais quer vê-la de joelho por sofrimento algum. Toma de assalto o céu, e volta alto, mas não voa voada rasa, se preciso for leva consigo as minhas asas. Sem medo, deixa no meu ninho os seus segredos que eu hei de cuidá-los antes que o cedo se faça tarde numa dessas ilusões da idade. Cala toda e qualquer calamidade, seja criança que não vê maldade nem esperança, apenas vida em bonança.


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10/01/2015 - Vá-se embora de mim

Larga da barra da minha saia e vá viver sua vida. O meu batom não paga a sua comida. Deixa a minha cama e vá se envolver em outros lençóis. Deixa-me a sós com meu coração que já não é seu. Não tente agradar o meu Deus. Desapega dos meus seios, corra atrás dos seus anseios. E nem me venha com apelos não são mais seus os meus cabelos. Não beba novamente do meu champanhe, se eu me perder não me apanhe. Seja forte e, por favor, não me fale nem de amor nem de morte. Não reclame da minha silhueta, na sua solidão eu sei que sempre fui a perfeita. E lembre-se de que eu não sou da sua seita. Tira o suor das suas palavras do perfume da minha poesia. Acabou o tempo de me realizar na realidade ou na fantasia. Elogie pela última vez a cor do meu esmalte. Vá para Marte e me deixe só no meu universo particular. Se eu cair, ignore, não ria nem chore, tampouco ouse me levantar. Eu quero mudar de vida, mas para isso é preciso entre eu e você haver a derradeira despedida.


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30/11/2014 - Velas salgadas

Velas
Que carregam o sal
Dos devotos e dos marujos
Ao estibordo do coração

Velas
Que queimam o sisal
Das parafinas salgadas
E das ondas de pranto


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25/09/2014 - Vem fazendo festa

Cochila em mim de um jeito inesperado. Fala do seu maior amor roubado. Conta do que é capaz e de até onde jaz seu medo. Inspira canções até o sol mais cedo. Toma de conta de todas as criações. Corrompe os canhões. Sonha nos meus sonhos sem mais ponteios. Pega atalho nos meus devaneios. Vá até o fundo do meu eu. Encontra o que se perdeu. Limpa as nuvens dos olhares. Estampa seu nome em todos os lugares. Suba e desça por mim sem cerimônia. Limpa tudo de malefício que há em mim com esses seus olhos de amônia. Queima do meu ontem tudo o que não presta. Dá vida e mais vida a essa boca que me molesta. ...
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26/08/2014 - Vida soprada

A vida é um sopro. Um sopro que habita um corpo. Um corpo que palpita todo. Um todo que gira-mundo. Um mundo que vira de ponta-cabeça. Uma cabeça que passa da conta. Uma conta que não fecha. Uma fechadura de mil combinações. Uma combinação de histórias. Uma história nem sempre de glória. Uma glória de ser feito de sonho. Um sonho de ser mais. Um mais que quer sempre mais. Um mais-que-perfeito amor. Um amor agrupado em moléculas. Uma molécula macroscópica de fantasia. Uma fantasia para ser vivida até o outro dia. Um dia com sangue nas veias. Uma veia poética por natureza. Uma natureza atlética sob medida. Uma medida que tem sempre um quê de despedida. Uma despedida que toma de conta de repente. Um repente que combina morte com sorte. Uma sorte de ser emoção e razão. Uma razão de ser além da matéria. Uma matéria que não se aprende na escola. Uma escola de sentimentos. Um sentimento de querer próximo. Um próximo que insiste em ficar distante. Um distante que se faz saudade. Uma saudade que nos faz pela metade. Uma metade que vive a procurar pelo sopro de sua outra metade.


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26/07/2014 - Vagueio

Eu vagueio por aí, por aqui, por acolá. Vagueio de vaguear. Sou alma partida procurando pela metade já encontrada, pela geminitude dos que amam para ser um só. Sou alma vagueante, viajante, volitante. Minha alma não tem paradeiro é como dedo de violeiro que só sossega se dependurado nas linhas do próprio destino. Sou alma de menino solta entre as estrelas como pipa, papagaio, maranhão em fim de tarde enluarada. Sou alma que aparece e desaparece quando menos se espera como clareio no veio da tempestade; e dá-lhe saudade!...
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