Daniel Campos

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Encontrados 208 textos. Exibindo página 6 de 21.

25/08/2014 - E agora, dona Ofélia?

E agora, dona Ofélia, quando é que eu vou comer bolinho de chuva daquele que só a senhora sabe fazer? Não deu tempo de aprender nem o doce nem o salgado. Recebi os bordados que fizera para eu guardar como lembrança, porém eu queria mais; Mais do que lembranças. Meus olhos nunca se esqueceram das suas mãos bailando pelo meio daquelas meadas de linha. Da última vez que nós nos encontramos eu não me fiz de rogado e comi meu bolo de aniversário adiantado, mas eu ainda esperava ter outras desculpas para comemorar com essa receita única. As flores de seu jardim já devem estar preocupadas, chorosas mesmo sem orvalho, todas carentes das suas mãos tão férteis. Aliás, a preocupação é geral. Os milharais estão desolados, pois o sonho de toda espiga de milho sempre foi acabar em suas mãos no ponto prefeito de um certo cural que ninguém faz igual. As mães sofrem com suas crianças cheias de quebranto sem saber se essas mãos vão voltar a pegar no terço para benzer. As bonecas que ganhavam roupinhas para serem vendidas em bazares beneficentes devem estar se sentindo nuas. Os botões andam desabotoados com a ideia de não contar mais com suas casinhas artesanais pelas camisas afora. Suas amigas da novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro devem estar se perguntando a razão disso ter acontecido justamente com a senhora. Assim como a preocupação , a perplexidade é lugar comum diante do acontecido. Será que por conta dos remédios a senhora não tomou ou não tomou a quantidade necessária de seu fecha-corpo na última Sexta-Feira Santa? O que aconteceu com sua luta incessante pela liberdade? Difícil de acreditar que aquela mulher que não queria depender de ninguém agora está sobre uma cama completamente dependente. E que história é essa de não falar mais? Para não trazer à tona a falta que vão sentir de suas histórias e aconselhamentos baseados numa sabedoria que une tempo ao sentimento, vou dizer de como será difícil lidar com o silêncio calando sua voz extremamente afinada graças a esses ouvidos apurados no piano. E uma das últimas coisas que ouvi de sua boca dias atrás foram perguntas de como é a vida após a morte... (Pausa) Esses dias chegou até aqui uma foto da senhora comendo um doce de abóbora feito para mim e agora vem com essa de não querer comer mais nada? Sonda? A senhora sempre fez questão de arrumar o próprio prato depois que todos já estavam comendo. Tudo se revirou da noite pro dia numa mudança brusca sem margem para entendimento. Mas a questão é a seguinte, dona Ofélia, como é que eu vou para aí se na hora de eu chegar não vai ter aquele abraço tão apertado quão demorado e na hora de me despedir a senhora não vai estar mais em pé no passeio acenando, acenando, acenando até o carro desaparecer de suas vistas, de suas vistas que ninguém sabe se ainda são capazes de enxergar para além de suas memórias.


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11/08/2014 - É preciso caminhar

É preciso caminhar nem que for em círculos, mas não dá para ficar no mesmo lugar, ainda mais para quem tem espírito cigano, os pés começam a coçar, e vem uma inquietude, uma vontade de sair à carreira para qualquer destino, seguindo a toada do vento ou o que diz algum menino, quem sabe pegar à direita ou à esquerda na próxima cruz deitada, enveredar-se pelo primeiro desvio, roubar as asas de alguma fada ou mergulhar de braçadas na enxurrada, independentemente da opção a ser escolhida é preciso escolher, basta de ficar no mesmo posto, acumulando desgosto e desgosto e desgosto, basta de não avançar, de não conquistar, de não querer mais andar, é preciso voltar a correr as linhas do destino por mais que doam na própria pele é preciso viver, e para viver é preciso se movimentar ou pelo menos se deixar levar pelo sopro da vida, tem de ser assim, pois parar é morrer, é deixar de querer, é se perder na falta de sonho, de expectativa, de ilusão, e o poeta não pode estancar, não pode deixar de sangrar, não pode parar de verter poesia seja noite seja dia, há alguém a lhe esperar, é preciso ir buscar, é preciso chegar, é preciso caminhar, é preciso andar nem que for em círculos, para esperançar, pois a esperança é o movimento da quebra de sentimento entre o sim e o não tentando se encaixar.


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09/08/2014 - Esse seu lado pirata

De repente, velejava com o vento (um sopro doce da sua boca) ao meu favor. Enfrentava tempestades, conhecia paisagens paradisíacas, desbravava um mundo de mistérios com o nariz do meu barco seguindo o rastro do seu perfume. Nossos corpos molhados, ensolarados ou estrelados, mas molhados faziam das velas nossos lençóis. Não havia motivo para parar, só, e somente só, para avançar. E foi exatamente isso o que eu fiz. Joguei fora as bússolas porque eu só tinha um destino – você – e era impossível eu errar esse caminho. ...
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15/07/2014 - É chegado o tempo

Tempo tempo tempo, ó temporal, olha aqui seu filho pedindo por ti. Tempo me arranca desse tempo. Tempo me leva há cinco meses ou a cinco mil anos. Tempo me carrega daqui. Tempo, já deu. Tempo, já vivi. Tempo, já cumpri o que era preciso. Tempo, reavalie minha existência. Tempo, quebre meus relógios. Tempo pare meu tempo. Tempo, me subtrai das suas contas. Tempo, ó temporal, o tempo da existência já foi perdido. Tempo, pra que insistir. Tempo, pra que mentir que amanhã será melhor quando eu sei, e já me falaram, que será cada vez pior. Tempo, tempo, tempo me coloca em seus braços. Tempo me faz feto de novo. tempo me dê outra oportunidade longe daqui. Tempo, desista de mim, por favor. Tempo, pra que continuar? Tempo, pra que caminhar se não há mais estrada? Tempo, para que insistir com isso se minhas asas foram cortadas? Tempo, tempo, ouça meu pedido, tira-me daqui, pelo amor que ainda me tem. Tempo, não há mais tempo. Tempo, não cola essa história de dar tempo ao tempo. Tempo, nem me pediram o tempo que eu nunca aceitei, já acabaram com meu tempo de uma vez. Tempo, o que ainda está esperando? Tempo, vamos, vamos embora. Tempo, faça logo o que precisa ser feito. Tempo, tem permissão para fazer o que precisa ser feito. Tempo, tempo, atenda minha oração. Tempo, chegou o tempo da separação. Tempo, começou a temporada da solidão. Tempo, quem é que vai estancar tanta sofreguidão? Tempo tempo tempo tempo tempo tempo é hora de dar um tempo nisso tudo. Tempo, já viu, meu senhor, que eu não me corrijo, que eu não aprendo com a dor, que eu insisto em ser demais. Tempo, não dá mais. Tempo, é pesado demais. Tempo, é dolorido demais. Tempo, é difícil demais; Demais. E, tempo, sempre soube, que eu amo demais, além da conta, sem medida, de forma descabida, rumo ao infinito. Sim, meu tempo do amor sempre foi elevado ao infinito. Só que já basta. Sou do tempo que o amor era honrado e não desse tempo onde o amor é massacrado, ignorado e abandonado. Tempo, por que me fizeste nascer nesse tempo? Tempo olha meu passado, veja minhas regressões, veja o que fui, o que vivi... Por que, por que meu senhor, ainda tenho que viver nesse tempo que não tem nada a ver comigo? Tempo, é chegado o tempo que o tempo é meu inimigo. Não! Tempo, não permita que isso continue. Tira-me daqui. Estenda seus braços pra mim. Leva consigo ó tempo a única coisa que ainda vale a pena em mim, pelo que eu lutei todo esse tempo, o que eu defendi do próprio tempo, leva-me enquanto amor, leva-me para onde for, mas me tira daqui. Tempo, tudo o que tinha para ser feito já foi executado. Tempo, tudo o que precisava acontecer, já se deu. Tempo, não vou viver para não ser apaixonado. Tempo, isso não está no roteiro. Tempo, arrasta-me para o inferno, mas tira-me daqui. É tempo de nascer ou de morrer, mas não de renascer nisso que já não permite mais parto algum. Não importa se algo ficará pela metade, se haverá perdão nisso tudo, se o destino foi modificado, se os laços do que era para ser eterno foram rompidos, tira, tira-me daqui. Meu pai tempo, senhor dos meus dias e das minhas noites tão vazias, toma-me seus braços e me leva pra um tempo distante onde o ser-amante possa amar em paz. Tempo, é chegado o tempo. Nada de adiar, de poupar, de esperar o que já não pode mais ser esperado. É hora de cumprir a sina. Que sejam imortalizados todos os segundos dessa paixão atemporal. Que, daqui a milhões de anos, os fósseis de tudo o que foi dito em relação a esse amor estejam conservados. A missão de viver um amor maior que o próprio tempo foi vencida. Não há motivo forte o suficiente para insistir nessa existência. Dei o meu melhor a ti ó tempo, e as suas intenções, honrei de forma sobre-humana o amor que me foi confiado. Fui além do meu tempo. Tempo, não adianta me dar mais tempo. O meu tempo interior já não funciona mais. O meu tempo acabou pelo braço que carrega “que seja infinito enquanto dure”. Infelizmente, o infinito foi condicionado ao tempo. E o tempo... Ah! E o tempo... Ah! Meu senhor, sabe o que sinto e o que sou, e sou justamente o que sinto. Por mais que doa, é chegado o tempo, tempo tempo tempo.


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12/07/2014 - E não me avisaram

Fecharam as cortinas do teatro da minha vida e não me avisaram. Censuraram o espetáculo do meu amor e não me avisaram. Esvaziaram a plateia de expectativas que me fazia seguir em frente e não me avisaram. Deram às costas ao meu texto sem nada explicar, tampouco inventar qualquer pretexto e não me avisaram. Rasgaram minhas cenas e não me avisaram. Boicotaram meu dueto mais que perfeito e depois meu monólogo, meu prefácio e meu prólogo, e não me avisaram. Roubaram a minha bilheteria, a minha alegria, a minha fantasia e não me avisaram. Queimaram o meu cenário, tiraram-me do páreo, colocaram-me num dia a dia tedioso, trevoso, nada majestoso e não me avisaram. Mudaram meu roteiro e meu letreiro e não me avisaram. Esvaziaram meu cargueiro de emoções, jogaram em mim tantos senões, tomates, limões azedos e medos e não me avisaram. Vaiaram o que eu tinha para oferecer e se calaram por querer e de nada me avisaram. Preferiram deixar meu palco do impossível, do incrível, da entrega de nível máximo para viver o possível do lugar comum e não me avisaram.


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03/07/2014 - É ela, é ela, é ela

É moleca reinando na minha mão. É piveta fugindo na escuridão. É menina voando como bolha de sabão. É moça querendo dizer sim quando diz não. É mulher com força de arrebentação. É mocinha me tomando por seu vilão. É princesa rompendo seu castelo de ilusão. É estrela no palco no monólogo da provocação. É anja pecando já na segunda intenção. É trapezista no céu da alucinação. É mágica com truques de sedução. É amazona marcando o estradão. É fêmea trazendo à tona um tempo de suspiração. É artista fazendo do amor sua vocação. É gata miando aos ouvidos em semitom. ...
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09/06/2014 - É preciso coragem

É preciso coragem para assumir o que se quer. É preciso coragem para dizer você é a minha mulher. É preciso coragem para gente ir além do que muita gente já foi. É preciso coragem para surpreender entre o adeus e o oi. É preciso coragem para falar que o amor não tem antes nem depois. É preciso coragem para ser só um a partir de dois. É preciso coragem para enfrentar a inveja. É preciso coragem para sair pelo céu que troveja. É preciso coragem para abrir caminhos nunca dantes abertos. É preciso coragem para lutar para ter quem se ama sempre por perto. É preciso coragem para dizer tudo o que sente. É preciso coragem para romper a semente. É preciso coragem para levar as flechadas do cupido sem sentir dor. É preciso coragem para se expor. É preciso coragem para suportar o insuportável. É preciso coragem para ceder ao terminável. É preciso coragem para declarar suas fraquezas. É preciso coragem para lapidar suas tristezas. É preciso coragem para se sentir mexido. É preciso coragem para querer mais do que já foi vivido. É preciso coragem para adentrar, avançar, desbravar, tomar, acreditar... É preciso coragem para medrar o amor que não sabe onde vai dar.


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06/06/2014 - Eu em textos pra você

Toma de conta dos meus textos, pois eles são seus. Cuida dos meus poemas, pois eles sempre podem quando menos esperar lhe dizer algo novo. Toda vez que a saudade doer, beba um verso meu. Lembra de tudo o que lhe escrevi, lhe dediquei, lhe ofertei. Sinta todo o amor impregnado em cada palavra. Da primeira a última linha que lhe vesti de palavras eu a tive em minhas mãos. Passe o tempo que passar será sempre a musa de um poeta que foi além dos limites para eternizar momentos reais e imaginários. Quantos partos de sentimento impresso eu realizei em sua homenagem. Dei à luz a tantas fantasias que só foram possíveis porque você existe. Não permita ser triste, pois fui o mais feliz dos poetas por - de uma forma ou de outra - ter você. E eu fui sincero em cada tônica. Com ou sem rima tudo sempre foi perfeito entre eu e você. A sua beleza e as suas belezas ficarão por muitas vidas associadas ao meu romantismo. Você nasceu para ser poetizada, pois já nasceu poesia. Eu jamais deixarei de ser intenso, pois escrevi essas coisas tantas imerso na sua intensidade. Como foi bom escrever infinitas vezes “mulher amada” pensando em você. Aliás, como foi bom e é bom escrever pra você. Ah! Veja meus textos como tatuagens do coração. Ninguém vai tirá-los de você. Podem me rasgar, queimar, apagar, pois tudo isso que escrevi já está em seu interior. A força desses parágrafos e estrofes seguirá viva. Hoje, amanhã ou daqui a alguns anos não veja meus textos como parte do passado, mas como moto contínuo. Afinal, amor assim não morre. Amor assim é, com toda licença poética, maior que a morte. E eu não me arrependo de nenhuma sílaba ou letra. Escreveria (Viveria) tudo outra vez se amado assim novamente o fosse.


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27/05/2014 - É por você

É por você que eu acordo e saio da cama. É por você que eu me arrumo e me aprumo. É por você que eu não me podo. É por você que eu não sumo. É por você que alimento essa chama. É por você que eu sorrio e corro pra frente em feitio de rio. É por você que eu faço melhor. É por você que eu sei a língua do eu te amo décor. É por você que eu sustento o amor no patamar mais alto. É por você que eu desacato o possível. É por você que eu me acho e me faço incrível. É por você que muitas vezes meu coração sai pelo ladrão. É por você que eu tomo coragem. É por você que meu sentimento não dá aragem. É por você que eu faço valer o fato de ser apaixonado por vocação. É por você que eu tenho os pés nas nuvens. É por você que meu tempo passa sem que a esperança tenha qualquer sinal de ferrugem. É por você que eu acredito. É por você que eu me tenho bonito. É por você que eu vou até a última instância no que quero. É por você que o carinho esmero. É por você que aconteço e, que não esqueço e que mantenho meu endereço na casa da paixão. É por você que eu respiro. É por você que giro a realidade, dançando, orbitando, me dando em torno da saudade. É por você que não volto atrás. É por você que busco (e me busco) cada vez mais.


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12/05/2014 - Escrevinhando

Escrevo uma carta para quem me faz falta. Escrevo um verso para quem mais nada peço. Escrevo um texto criando pretexto. Escrevo um poema abstraindo-me de todo e qualquer dilema. Escrevo uma prosa como que sobrepondo pétala a pétala da engenharia poética de uma rosa. Escrevo uma cantiga fazendo figa. Escrevo uma poesia dando de comer à fantasia. Escrevo uma estrofe e não preciso nem falar que é “em off”. Escrevo uma ode sem ninguém me dizer que pode. Escrevo uma bossa ao que o coração endossa. Escrevo um soneto com o meu jeito. Escrevo um samba como quem traz sentimentos no balançado de uma caçamba. Escrevo um enredo despindo-me de todo e qualquer medo. Escrevo um seriado e não sei se sou futuro ou sou passado. Escrevo um livro e não necessariamente é o que vivo. Escrevo um romance para dar movimento a uma nuance. Escrevo uma rima que pode ser doce e cítrica ao mesmo tempo como uma lima. Escrevo uma balada à mulher amada. Escrevo uma prece para o que não se esquece.


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