Daniel Campos

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Encontrados 112 textos. Exibindo página 10 de 12.

24/09/2008 - Vale a pena ser feliz

Era um trapo, era um prato, era um pato na lagoa nadando a toa, boiando numa boa. Era um gira-mundo, era um vagabundo, era um moribundo ao vento querendo, se vendo, morrendo num sentimento fundo, mais que profundo. Era um manto, era um santo, era um canto de amor total ferindo, frigindo, agindo no furor letal de um carnaval que foi vindo num passo, indo num contrapasso e sumindo num compasso carnal de espaço sideral, de traço espiritual e de laço bucal.

Era um dia, era uma alegria e era uma fantasia tomando a avenida da vida de poesia lida, vivida, sentida. Era um nó, era um dó e era um só numa era de felicidade que vai, ai quem dera se não existisse a saudade e se a fera não insistisse na vaidade de uma vontade primavera. Era um mar, era um lar, era um luar no meio da rua, no meio da lua, no meio da tua ciranda que anda e desanda sem parar. Era um fio, era um arrepio, era um rio correndo, moendo, doendo na gente, de repente, tão somente a gente. ...
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04/07/2008 - Vá em paz, Waldick

"Vou partir para distante
Vou viver pensando em ti
Vou morrendo de saudade
Ai quem me dera poder ficar aqui"

Em poucos episódios da história, música e compositor alcançaram tamanha sintonia atemporal. Assim como esse trecho da canção "Minha Despedida", os versos quarentões "eu não sou cachorro não, para viver tão humilhado" parecem ter sido compostos nesse exato instante por Waldick Soriano. Lutando contra um câncer de próstata desde 2006, o cantor, considerado um dos ícones da música brega, tem de conviver com o diagnóstico erudito dos médicos de que sua morte é irreversível. ...
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02/07/2008 - Vontade de Milton Nascimento

Vontade de pegar a boléia de um caminhão e dar um baile nos bailes da vida. Vontade de escalar as várias pontas de uma estrela. Vontade de abraçar o mundo na ternura e na dor. Vontade de jogar bola de meia, bola de gude. Vontade de cantar uma canção da América. Vontade de trabalhar o sal no amor e no suor que me sai. Vontade de chegar ao clube da esquina e ver que a vida se cansa na esquina. Vontade de não entender a saudade de um caminho que há muito se acabou. Vontade de ter um coração de estudante para falar de uma coisa que deve estar dentro do peito ou caminha pelo ar. ...
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26/05/2008 - Vou a marte

Vou amar-te e para sempre amar demais. Vou amar e amar-te de tanto ardor. Vou amar o que virá de nós e o que ficou para trás a sós. Vou amar-te e tentar chorar só a felicidade desse amor. Vou amar-te e voar por este céu lilás. Vou amar-te como semente entre lençóis. Vou amar-te poente em tantos sóis. Vou amar-te entre o frio e calor que sobem às espinhas. Vou amar-te como minha. Vou amar e fazer-te a maior das rainhas.

Vou amar-te e cantar teu canto. Vou amar-te e enxugar teu pranto. Vou amar por todo encanto e quiçá, colocar-te quebranto. Vou amar-te em cada texto e fazer-te o meu pretexto de infinito. Vou amar-te e adorar-te e glorificar-te como meu sonho mais bonito. Vou amar-te além mar do teu perfume. Vou amar-te e me torturar em teu ciúme. Vou amar-te e bradar-te como meu querer bem. Vou amar e prostrar-te em amém. ...
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19/05/2008 - Voltei

Para aqueles que se preocuparam com minha ausência, estou vivo. Ou revivo, depois de ser alimentado por mergulhos profundos e vôos longos. Depois de uma viagem pelo interior do interior do interior de mim, estou de volta a este espaço. Peço desculpas pela minha retirada súbita durante alguns dias, mas a desconexão foi não só precisa, mas necessária e irreversível. Não queria deixar esse lugar ao léu durante esses dias, mas não teve outro jeito.

Passados à parte, o importante é que eu voltei em ritmo de futuro. Futuro do presente. O tempo mais-que-imperfeito do perfeito. E voltei com a poesia aguçada e revigorada. Depois desses dias de mordaça, ganhei fôlego nesta caminhada literária. Mais uma vez, estou aqui. E agora, nada vai me impedir. Eu vou gritar aos quatro ventos que a poesia me habita e escorre de meus poros formando uma estrada vermelha a minha frente. ...
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08/05/2008 - V de vitória

"Ayrton Senna vem passando, completa 70 voltas. Aí vem Senna, é a volta de número 71, é o Brasil na frente. Aí vem Ayrton Senna. Aí Ayrton Senna na metade da última volta. Ele já viu a câmera posicionada e fez um sinal de 'v' de vitória. Aí vem Senna, o Brasil na frente. Ayrton Senna está no S, Ayrton Senna vai pro Bico de Pato. Bandeiras verde-amarelas agitadas em todo o circuito. Ele dá um tchauzinho pra câmera. Últimas curvas para Ayrton Senna. Ele vem pela subida. Mihali Hidasi aguarda com a bandeira quadriculada. Aí vem Senna na reta. É o final da prova. Ayrton Senna na ponta dos dedos. Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil. Ayrton Senna do Brasil. Ele pega a bandeira, repete o ritual. Aí Ayrton Senna, vai a loucura a arquibancada em Interlagos..."...
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27/02/2008 - Viagem espacial

Hoje, vou colocar minha roupa de astronauta e explorar um planeta desconhecido. Um planeta que, de birita em birita, gira fora do eixo, praticamente, no mundo da lua. Se quiser embarcar comigo nesta viagem espacial, cuidado. A previsão dos especialistas é de que estamos sujeitos a uma chuva de meteoros. Afinal, este país nasceu do conflito entre o empregado e o patrão, entre o socialismo e o capitalismo, entre a miséria e o show business. A instabilidade é sua marca.

Entre translações e rotações, este planeta tem movimentos de roleta de cassino. Há ventos de apostas ventando para tudo quanto é lado. A cada perda, um terremoto emocional. A cada vitória, uma tempestade banhando o próprio ego. Também, o que dizer de um país que vive de palpites, de hipóteses, da famosa "fezinha popular"? Aponta no universo como jogo do bicho e vive o constante dilema do pregão da bolsa de valores: Comprar ou vender? Gastar ou poupar? Independentemente da resposta, é preciso jogar as fichas na mesa... ...
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Vatinga, meus aplausos

Que este artigo não tarde os meus aplausos. Não pensem que eu parabenizo os moradores da Vatinga por terem "ganhado" uma cadeia no quintal de casa. Faço-o pelos abalos que causaram às estruturas da política local. Adiantaram o trabalho dos carunchos.

Fez-se a vez de um povo que dificilmente alguém escuta. Um povo desprezado e que por ironia da vida, sustenta o nosso país. Falam em indústrias, mas o que move o país é a agricultura. Envergonhar-se da terra, tratá-la mal, são gestos que prefiro nem comentar. Para os que acham que cultivar a terra é coisa de país subdesenvolvido, vale lembrar que a França ganhou o título de celeiro europeu. Subdesenvolvidos são aqueles que não se preocupam com a vida que surge da terra, com os calos das mãos dos agricultores. Para a maioria dos políticos, que nada fazem pelo povo durante o mandato, a terra só serve para erguer construções de concreto, estas, um mostruário eleitoreiro barato. ...
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Vela em riste

Quando o fósforo acalorado por duas unhas tão esmaltadas quão longas esfrega-se nas laterais escuras de uma caixa sem samba, uma explosão em chama acende o pavio lânguido de uma vela. À luz dessa explosão, o mundo abre seus ouvidos. A vela é posta nas costas de um piano como um vaso solitário. Vaso de cera. Vaso em chamas. Vaso de cera. E os dedos das unhas daquela mulher, ainda com fragmentos de pólvora do fósforo, causavam inúmeras outras explosões. Algumas maiores, outras menores e outras ainda não diagnosticadas. Explosões vindas das teclas esmaltadas de um piano longo como um daqueles vestidos de baile....
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Versos tatuados

Não sabia as horas, tampouco a data. Sabia apenas que o céu, como se de luto, cobria-se de negro e que aquele era o melhor momento para encontrá-la. A mulher, de sorriso leve, pouco a pouco, tornava-se mais a vontade diante dos olhares de algas marinhas que lhe olhavam do espelho. A cada novo encontro, o sorriso parecia mais leve e os olhares mais surpresos.

Na beira do cais, nos campos de girassóis, na rua mais famosa da cidade, num quarto escuro... Não havia lugar certo para se dar o encontro. Depois de quebrar todos os relógios e rasgar todos os calendários, ninguém mais tinha consciência se ela se atrasava ou não... Eu, uma embarcação a deriva no tempo, apenas navegava em suas ondas. Ela, o próprio tempo....
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