Daniel Campos

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Encontrados 31 textos. Exibindo página 2 de 4.

02/11/2013 - Há de haver alguém

Há de haver alguém olhando para a lua todas essas noites muito escuras. Há de haver alguém ouvindo Lulu Santos nas horas mais frias. Há de haver alguém tentando compreender tudo isso que é o amor. Há de haver alguém tentando desvendar retratos do presente, do passado e do futuro. Há de haver alguém buscando semelhanças em duas existências distintas. Há de haver alguém suspirando mais fundo a cada minuto.

Há de haver alguém querendo estar junto e, quando junto, mais junto, e quando mais junto, mais que mais junto. Há de haver alguém repensando caminhos, projetos, expectativas. Há de haver alguém reclamando uma ausência ou agradecendo uma presença. Há de haver alguém esperando o vermelho do sinal esverdear para poder seguir. Há de haver alguém fazendo incursões diárias por labirintos físicos, filosóficos, poéticos... ...
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26/08/2013 - Hoje acordei...

Hoje acordei e o jornal já tinha sido lido pelo cachorro, que latia das principais manchetes do dia até as previsões do horóscopo. Hoje acordei e o bule de café tinha já ido embora com a jarra de leite. Hoje acordei e o mundo estava de pernas para o ar, como se a faxineira se esquecesse de desvirar os móveis ao final do serviço. Hoje acordei e o pão estava com alergia à manteiga e brigado com o requeijão. Hoje acordei e minha roupa de trabalhar estava de folga.

Hoje acordei e a televisão insistia em me dizer o que era para ser feito e desfeito. Hoje acordei com a sensação de ter dormido de menos, mesmo sabendo que havia dormindo demais. Hoje acordei com o sol estapeando minha cara. Hoje acordei com o caminhão do lixo recolhendo o que até ontem era importante para mim. Hoje acordei com a caixa do correio abarrotada de más notícias. Hoje acordei com o destino martelando meus ouvidos. Hoje acordei e os santos não me disseram nada de novo.


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06/08/2013 - Hoje é dia

É dia de levantar inteiro. É dia de lavar o rosto. É dia de enxugar as lágrimas. É dia de sacudir a poeira. É dia de tentar outra vez. É dia de ir de alimentar a fantasia. É dia de lutar pelo que se quer. É dia de buscar ser melhor que ontem. É dia de carregar o que lhe cabe. É dia de flertar com a possibilidade e também com a impossibilidade. É dia de sorrir mais. É dia de aliviar a dor. É dia de se apresentar inédito. É dia de procurar pela felicidade que se escondeu ou, que se perdeu ou que ainda não apareceu. ...
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30/06/2013 - Hoje tem jogo

Hoje tem jogo entre a vida e a morte no beco do ladrão. Hoje tem jogo entre o azar e a sorte na roleta do cassino. Hoje tem jogo de amor sob os lençóis da lua. Hoje tem jogo entre mocinho e bandido fora da televisão. Hoje tem jogo de alforria para os que gritam por liberdade. Hoje tem jogo de mais valia para quem dá o suor pelo pão. Hoje tem jogo de palavras na boca do profeta. Hoje tem jogo de disse-me-disse na soleira do muro. Hoje tem jogo de cintura para sobreviver. Hoje tem jogo de botão entre uma casa e outra da blusa. Hoje tem jogo entre deus e o diabo na cabeça do homem. ...
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04/04/2013 - Heróis?

Heróis choram, na maior parte das vezes, escondido. Heróis têm sono pesado. Heróis têm carne e osso. Heróis se vendem. Heróis ajoelham. Heróis têm medo. Heróis reclamam. Heróis nem sempre fotografam bem. Heróis comem porcaria. Heróis cospem e arrotam. Heróis jogam lixo no chão. Heróis envelhecem. Heróis pecam. Heróis bebem, fumam e se drogam. Heróis caem no anonimato.

Heróis têm mal-humor. Heróis traem. Heróis se divorciam. Heróis não guardam segredos. Heróis dão de ombros. Heróis têm rugas, olheiras e celulite. Heróis abusam de seus super-poderes. Heróis se escondem atrás de seus super-poderes. Heróis não são nada além de seus super-poderes. Heróis engordam. Heróis violam as regras. Heróis morrem sem cerimônia. Heróis têm seu momento vilão.


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23/01/2013 - Há sempre

Há sempre um peixe para fazer um pescador. Há sempre um padre para fazer uma confissão. Há sempre uma vítima para fazer um ladrão. Há sempre um cruzar de pernas para fazer um romance. Há sempre uma pista para fazer uma investigação. Há sempre uma lua para fazer um poeta. Há sempre uma onda para fazer um surfista. Há sempre uma vela para fazer um santo. Há sempre um caminho para fazer um descaminho. Há sempre uma ideia para uma mentira para fazer uma verdade.

Há sempre uma culpa para desfazer um inocente. Há sempre um defeito para desfazer o perfeito. Há sempre uma traição para desfazer uma paixão. Há sempre um vento para desfazer o penteado. Há sempre um fim para desfazer o começo. Há sempre um estopim para desfazer a paz. Há sempre um passo para desfazer o compasso. Há sempre uma loucura para desfazer a rotina. Há sempre um engano para desfazer o plano. Há sempre um erro para desfazer o acerto. Há sempre uma contraprova para desfazer a prova. Há sempre um não para desfazer um sim.


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13/12/2012 - Hino ao desespero

O que eu faço? Para onde eu vou? Só há esculacho por toda parte? Basta de guerra eu quero arte. Basta de terra eu quero marte. Chega de tanta selvageria, competição, hipocrisia... Não sou feito de aço nem de concreto, sou poesia. E como todo poema eu machuco. Por que o mundo está tão maluco? Cadê a fantasia no dia a dia? Se você chama truco eu grito seis. Sou freguês de um faz de conta que já não existe. Por que tudo tem que ser sempre e para sempre tão triste?

Estou perdido. Estou acuado. Estou vencido. Estou jurado. Estou foragido. Estou enfadado. Estou aborrecido. Estou entalado. Por que as ilusões não vingam? Por que os corações empedram? Por que as canções se calam? Por que as estações não mudam? Por que as assombrações imperam? Será que a gente merece terminar sem começar? Será que quem faz o mal se dá bem? Será que deus está de desdém? Será que tudo tem que agourar, tem que falhar, tem que tombar?...
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17/02/2012 - Hamlet apaixonado

O trágico Hamlet, filho de Shakespeare, anda mais apaixonado. Não que paixão e tragédia estejam dissociadas, mas é como se ele tivesse tirado um pouco do peso do mundo que carregava consigo. Mudou de tom e de ares. Trocou o frio da Dinamarca pelo verão carioca e a aristocracia pela fantasia do Carnaval. Continua se interrogando em voz alta, mas já não coloca o suicídio como o que há de mais importante para ser discutido e vivido. Afinal, hoje em dia está um tanto démodé o ato de morrer de amor. E Hamlet está mais moderno, com toques contemporâneos. No entanto, a dúvida do ser ou não ser ainda o persegue em tantas questões e variações, como num bem-me-quer ou mal-me-quer, num beber ou não beber, num trair ou não trair......
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18/08/2011 - Hei de viajar

Hei de viajar pelo seu corpo, pelas suas linhas geométricas e telefônicas, sem quaisquer cerimônias. Hei de viajar pelas suas ligações umbilicais, zodiacais, extraconjugais. Hei de viajar pelos querubins e pelos seus demônios, entre o enxofre e o jasmim. Hei de viajar pelos seus cantos, dos retos aos mais obtusos, como um perfeito intruso. Hei de viajar até que eu não saiba mais começam meus limites e findam suas afrodites.

Hei de viajar em passos suficientemente longos e pausas mudas, meditando em seu tempo particular todos os meus budas. Hei de viajar tomando para mim partes das suas asas, das suas artes. Hei de viajar pelas suas poeiras, pelas suas lamas, pelos seus desconfortos, pelas suas desordens até que todo sentimento apague as luzes que nos casam num mesmo palco. Hei de viajar trágico e nostálgico pelos seus fatos. ...
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20/12/2010 - Hipocrisia pra morrer

A vida é exuberante, dona de uma perfeição tamanha em seus rompantes. O céu é azul, o mar é azul, o sentimento é azul. É fato, os pássaros cantam de norte a sul inebriando o ambiente. Há mil e um motivos para comemorar o ato de viver. Há muita sombra e água fresca por aí; glórias e louvores às criações divinas. Os casais andam pelas estradas de mãos e bocas dadas num completo conto de fadas. Todos se dão bem, vão e vem na mais perfeita ordem. As palavras não mordem e os diferentes se entendem.
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