Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 362 textos. Exibindo página 15 de 37.

25/04/2010 - Cartilha amorosa

Ama à parte de qualidades ou defeitos. Ama defendendo o direito de amar. Ama sem fazer contas ou regras. Ama em desobediência à razão. Ama numa espécie de magnetismo capaz de atrair até você uma progressão aritmética ou geométrica, como preferir, de amor. Ama ouvindo o que diz o horóscopo quando este lhe for favorável, mas ama, sobretudo, seguindo as estrelas do céu e do mar. Ama num jogo, num vai e vem, um aconchego que não sossega.

Ama sem importar se ela é romântica, simbolista ou modernista. Ama sem perguntar se ela conhece aquela do Chico Buarque. Ama pelos olhares ainda não vistos, ama pelos cheiros ainda não sentidos, ama pelas palavras ainda não ditas. Ama pelo mistério. Ama pele a pele, olho a olho, língua a língua. Ama pedindo paz e exigindo tempestades cíclicas para afastar um possível tédio. Ama provocando e se deixando provocar. Ama sem conhecimento prévio, mas sempre fazendo uma fezinha em suas previsões. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/10/2015 - Casa aberta

A minha casa está sempre de portas abertas. A minha asa sempre leva mais um meus voos. Como sempre quis que se doassem a mim eu me doo. O meu coração em chamas é a minha oferta. Vai me chama. Cai me ama. Trai me acama. Sai da lama. Amai ó dama. Eu continuo o mesmo apaixonado. Eu contínuo futuro do passado. Eu e a ao meu lado a saudade do que não foi. A lua me dá oi, olá, adeus. E eu procuro deus pelos meus labirintos. Eu sou o que sinto. E sinto muito pelo que não houve entre nós. Que as marcas dos lençóis fossem as marcas dos corações. O meu tempo está em seus grilhões. Quem sabe numa nova vida, pois essa já deu em despedida. Ave ferida. Nave partida. Base perdida. Se eu ainda acredito nas estrelas? Posso vê-las, mas não posso tê-las pra mim brincando, iluminando meu jardim. Toca clarinete. Sobre a minha mesa o banquete do fim. É tanto sentimento. Quem vai querer? Quem vai comer? Quem vai poder? Que seja bem-vinda a sua realeza o tempo. O tempo... ...
continuar a ler


Comentários (1)

28/11/2009 - Casa da Dinda

Quem não se lembra da Casa da Dinda, a mansão da família Collor de Mello em Brasília? A casa que foi construida por um ex-governador do Rio Grande do Norte na época que exercia um cargo de chefia nos governos JK e João Goulart estampou capas de revista e virou motivo de escândalo. Dizem até que os jardins da casa motivaram o impecheament de Collor.

Foi nessa propriedade de 13 mil metros quadrados repleta de cachoeiras motorizadas, lagos artificiais com carpas japonesas e centenas de árvores que Collor amargou seus dias de glória e terror. O caçador de marajás tinha jardins de marajá financiados pelo esquema PC Farias. Destronado, Collor trocou Brasília por Miami....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

07/08/2015 - Casa do rio

Tem uma casa na beira do rio cuja correnteza tentou e retentou, mas ainda não levou. A casa frágil e tímida parece ser para toda a vida. É casa de liga. Está ligada ao veio daquele rio, como se fosse morada daqueles que tem um pé na terra e outro na água. A casa é anzol, é isca, é prenda ao rio que passa a cortejá-la num amor impossível. Muitas vezes as águas já chegaram a bater naquelas paredes, entrar pelos cômodos, mas nada fora disso. Como se cada qual tivesse o seu lugar no mesmo espaço, casa e rio vão passando os anos e ficando cada vez mais íntimos, porém, respeitando suas individualidades. A casa é dura na queda e o rio, por sua vez, continua passando sem ter casa e dona, pois não existe o rio da casa, mas a casa do rio.


Comentar Seja o primeiro a comentar

25/11/2010 - Casa rosa

Na casa rosa há uma mulher meio carne meio anjo debruçada na varanda, com os olhos serranos e sonhos mundanos. Na casa rosa há uma mulher que esconde as estrelas da noite, açoitadas pelo sol, nos vértices de seus lábios. Na casa rosa há uma mulher querendo ser amada enquanto mulher. Na casa rosa há uma mulher que trilha as trilhas dos pensamentos alheios. Na casa rosa há uma mulher com cabelos de cachoeira. Na casa rosa há uma mulher doce como os quitutes que se esparramam por uma mesa colonial. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

04/06/2011 - Casais

Outro mês, outra vez, outra rés. Eu, você, a lua, nós três a bordo de um amor que flutua a bombordo das estrelas. Paixão outono inverno, abraço longo, seu lenço estampando meu terno. Flores à mesa, velas ao redor da cama, o duque e a dama flertando na mesma trama.

Sonhos revirados, sentimentos mexidos, ventos idos. Asas de violetas, pólen de borboletas, carícias e caretas. Vidas à toa, dias de canoa, um desejo que o amor não doa. Voltas de ilusão, batuques de coração, bossa nova, jazz, samba-canção. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

12/09/2010 - Casarão

Perto do portão, um ramalhete de rosas plantado num punhado de terra. Orelhas e tramelas adornando as janelas que dão pra rua. Roupas quarando no cimentado do quintal. Na velha pia da cozinha, ovos de galinha, tachos de doce e uma colher de pau. Uma réstia de alho pendurada pra espantar possíveis vampiros. A colcha de retalhos coloridos deitada sobre a cama. Num canto do quarto que já não dorme ninguém, a máquina de costura vai pedalando solitária entre linhas, agulhas e pontos. O piso range e o telhado arqueia a cada lua que ponteia. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

26/01/2013 - Caso eu morra

Se eu morrer, não joguem fora minhas linhas, meus versos. Se eu morrer, não calem meus discos de Jobim. Se eu morrer, tomem minhas garrafas de uísque por mim. Se eu morrer, libertem meus pássaros. Se eu morrer, não mudem de opinião ao meu respeito. Se eu morrer, não se preocupem com essa coisa de funeral e sepultura. Se eu morrer deixando corpo para trás, ateiem-me fogo como se fazia com bruxos. Se eu morrer, deem a devida destinação a cada uma das minhas guias. Se eu morrer, vistam outros com minhas roupas. Se eu morrer, não economizem nas velas. Se eu morrer, não deixem de amar quem eu amei....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

24/01/2016 - Casório e mais casório

Hoje o dia amanheceu de casamento. Seu galo cocoricou chamando a galinhada para o altar. A abelha rainha saiu da colmeia para se refestelar nas flores do buquê. E toda mulher amanheceu meio noiva num quê de sentimento sem mais nem porquê. A bicharada se alvoroçou e até dona vaca noivou. Sinhá porca também quis e rolou pela lama mais sinhó leitão toda feliz. O peixe fisgou a companheira de um jeito que até a água do ribeirão borbulhou. E mesmo ela o chamando de cachorro e ele a levando por cadela se casaram debaixo da janela. E o amarelo arisco que só para essas coisas de casar, meio que enfeitiçado, deixou a bichana fazer dele gato e sapato. Teve baile na roça para festejar tanto casório que até o seu Honório, do alto dos seus noventa e tantos, resolveu trocar alianças diante do santo. Menina Helena se derreteu toda quando teve sua mão pedida com direito a viola e poema. Teve serenata, fogueira, amor para a vida inteira e paixão vira-lata, mas o que importou mesmo é que casamento algum foi em vão. E a cigarra casou com a chuva. E o sabiá casou com a laranjeira. E a viúva casou na segunda-feira. E o pescador casou com Maria Lamparina. E o quitandeiro se juntou com Irene do Pomar. O violeiro se casou com a rima. E, no laranjal, a baiana se casou com a lima. O garnisé foi para lua de mel com a cocar. E a tilápia subiu o rio com o lambari. E com tanto casamento aqui, a lua se vestiu de noiva e, toda branca, numa claridade de acordar rouxinol, foi balançando suas ancas ao encontro do sol. E teve casório na roça e baile no céu. E na reviravolta dos contos de fada, pela estrada do brejo, até Rapunzel jogou suas tranças pro Osório, que como não era príncipe a levou direto pro cartório e o juiz de paz os declarou casados e enrolados.


Comentar Seja o primeiro a comentar

08/07/2015 - Castelo do Assombrão

No Castelo do Assombrão, tem morcego, lobisomem e bicho papão. Tem vampiro, múmia e caixão por todo lado. Tem grito de horror e gemido de pavor. Tem ladrão de passado e esqueleto que já deixou a vida de lado. Tem caveira, fogueira de bruxa e pedaços de gente. Tem semente de monstruosidades, fantasmas sem animosidades e muita sobrenaturalidade. Não falta assombração, sombras e sombras que sombras são, no Castelo do Assombrão. Tem sangue, tem bangue-bangue, tem tumba, tem a rumba dos mortos, tem a lama dos porcos, tem a cama das dores, e os pecados dos confessores, tem pacto de almas, tem suspense que espanta a calma, tem destino que não cabe na palma da mão. Tem estranhitude demais e esquisitices pra lá de anormais. Tem porões e outras dimensões. Tem foices, ossos, caldeirões, e muitos senões, as sombras são, assombrações, no Castelo do Assombrão.


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   13  14  15  16  17   Seguinte   Ultima