Daniel Campos

Prosas

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 3193 textos. Exibindo página 287 de 320.

29/10/2013 - Suas mulheres

Quantas, quantas, quantas são as mulheres que lhe habitam? Quantas mulheres transitam dentro de seu corpo? Quantas mulheres imitam as suas mulheres sem sucesso? Quantas mulheres seus olhos enxergam no espelho? Quantas mulheres não chegam aos seus tornozelos? Quantas mulheres você alimenta?

Princesas, sereias, feiticeiras, gregas, ciganas... Mulheres possíveis e impossíveis... Mulheres reais e de ficção... Mulheres-meninas, mulheres-garotas, mulheres-moças... Cinderelas, rapunzéis, belas adormecidas... Mulheres de direito e mulheres de fato... Mulheres de entrelinhas e capas de revista......
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

04/01/2010 - Subir no telhado

Ela tinha vontade de subir no telhado. Mas isso não era coisa de menina. Ainda mais de uma menina de onze anos. Tinha que ter desejos menos perigosos, como uma boneca nova. No entanto, ela insistia na história do telhado seja com o pai, com a mãe, com a irmã, com a avó, com o tio, com a faxineira, com a professora. Chegaram a marcar uma consulta em um psicólogo infantil, mas, em razão do pai achar essa imersão na psicologia perigosa demais, a menina não precisou falar de sua vida para um profissional que tinha grandes chances de jamais ter subido em um telhado....
continuar a ler


Comentários (1)

10/05/2010 - Sugestões urbanísticas

Se ao menos os engarrafamentos fossem engarrafados em uísque o trânsito e as esperas fluiriam com mais graça. São Pedro poderia colaborar e fazer chover algumas pedras de gelo. Para quem prefere a bebida estilo caubói bastaria procurar regiões mais ensolaradas, como o velho oeste ou o sertão nordestino. Quem prefere misturar a bebida para deixá-la um pouco mais fraca ou doce teria a opção de mergulhar em rios de refrigerante, de energético e, até mesmo, de água de coco. Afinal, tudo é possível num mundo transgênico. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/03/2012 - Sujeito a cobranças

Causa temor quando uma voz, do outro lado da linha, diz: “você está sujeito a cobranças após o sinal”? Ela vai me cobrar o quê? Mais tarifas, impostos, minutos? Vai me cobrar mais tempo de espera? Mais paciência? Vai me cobrar mais aceitação para desculpas baratas? Mais mistério e desconfiança? Vai me cobrar os olhos da cara, os dentes da boca, o sangue das veias?

O que será que aquela voz calculista e impessoal vai me cobrar? Vai me cobrar gentileza, meiguice, delicadeza? Mais benevolência? Mais misericórdia? Mais amor ao próximo? Vai me cobrar equilíbrio emocional? Vai me cobrar ingenuidade? Vai me cobrar mais tolerância? Mais silêncio? Mais fingimento? Mais resignação? Vai me cobrar perdão? Vai me cobrar respeito? ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

16/02/2010 - Sumiço de mulher

É um pássaro no céu, é um vintém na mão, é uma folha de papel ao chão dizendo seu nome, seu nome, seu nome... Hoje eu acordei com fome de você e no primeiro reboliço sai pelas ruas tentando encontrar o porquê de seu sumiço. Será feitiço o que a levou? Será um bicho o que a pegou? Será que foi apanhada feito flor? Seja lá o que for, voou, voou, voou... E o beijo derradeiro segue em cortejo pela boca vazia, pela alma vazia, pela casa vazia...

Rolou pedra, desceu chuva e a lua pousou de viúva. O mundo virou de pernas para o ar e eu, aqui e ali, querendo lhe encontrar. Procurei pelas vitrines, pelas janelas dos arranha-céus, pela fenda de biquíni, por debaixo dos véus da cidade. E só encontrei, ai que maldade, as linhas da saudade. Por onde anda você? Será que se enfiou em algum buquê? Por onde anda você, que ninguém vê? ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Suplicyniando

Os passos longos percorrem corredores e salões vazios. Não se sabe se noite ou se dia. A luz ali dentro daquele castelo sem rei é sempre a mesma. Os passos passam à procura de alguém. Os passos passam à procura de tantos. Os passos passam trazendo outros passos imaginários na solidão daquele chão azul. Como se o mundo rodopiasse e ficasse de ponta-cabeça, ali, o céu era de concreto e o chão era de um azul quase mar. E entre ondas e oceanos de gente, de promessas e de sonhos... Os passos passam por tapetes azuis....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

09/01/2010 - Suspiro de Neruda

Antes do último suspiro, fez o último dos últimos pedidos. Queria ouvir novamente um poema de Neruda. Ora, veja se isso é hora de se preocupar com um poeta chileno. Podia ter pedido um legítimo escocês 20 anos, um chocolate suíço, um charuto cubano... A enfermaria virou uma confusão. Nenhuma das enfermeiras saberia declamar o tal poema que falava de amor, de juventude, de liberdade... O anestesista não gostava de poesia, o cirurgião só lia literatura inglesa e a médica chefe não quis mais saber dessas manifestações artísticas românticas depois que teve seu noivado desfeito. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

18/09/2010 - Suspiro e goiabada

Atire a primeira pedra quem nunca ficou com água na boca diante de um bolo de aniversário? Bolos recheados com chocolates negros e brancos, amargos e ao leite, com nozes e ameixas, com frutas da estação como morangos, kiwis e pêssegos. Bolos de muitos formatos, tamanhos e coberturas. Camadas e mais camadas de pão-de-ló se exibindo nas vitrines das padarias, das confeitarias, das confrarias das doceiras. Isso sem falar nas caldas molhando o bolo, escorrendo no prato, atiçando os sentidos.
...
continuar a ler


Comentários (1)

20/11/2008 - Tá tudo molhado em mim

Tá tudo chovendo em mim. Tá tudo molhado, tudo encharcado, tudo alagado em mim. Como se o meu tempo fosse um temporal de mim. A água afundou meus pensamentos, meus sentimentos foram destelhados e só me resta os acenos de um barco de jornal que passa ao meu lado. A estrada virou enxurrada. E eu esqueci meu guarda-chuva em alguma chuva passada. E se a chuva for ácida? Eu sou filho da margem plácida...

Estou cheio de lama, estou de cama, estou pra lá de quem ama. A chuva é pranto e eu to sofrendo tanto, mas tanto. A chuva tombou a plantação de sonhos que brotara em mim. A chuva deixou vermelho meu lago interior. A chuva abriu buracos no meu terreno de dentro. A chuva derrubou as flores, estragou os frutos, carregou as sementes para longe, para longe, para longe dos meus sulcos. Que horas, que horas, que horas são ò cuco?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

19/02/2016 - Também vou por aí

Pra onde vão as abelhas quando as flores secam? Pra onde vão os elefantes quando estão desenganados por eles mesmos? Pra onde vão os cometas quando nossas vistas não mais os alcançam? Pra onde vão os peixes depois da correnteza? Pra onde vão as estrelas depois que elas apagam? Pra onde vão as crianças quando o corpo cresce? Pra onde vão as músicas quando o silêncio desce? Pra onde vão as formigas quando chega o concreto, o piso, o asfalto? Pra onde vão as águas depois da chuva? Pra onde vão os amores quando começa a reinar a solidão, a vontade de ficar sozinho, de trilhar só o seu caminho? Pra onde vão as preces depois que elas deixam a boca, a mente ou o coração? Pra onde vão as nuvens quando são esparramadas pelo vento? Pra onde vão os sonhos quando não são realizados, quando dão em nada, quando se desviam da nossa estrada? Eu não sei, não sei não, mas eu também vou por aí.


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   285  286  287  288  289   Seguinte   Ultima