Daniel Campos

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Encontrados 224 textos. Exibindo página 12 de 23.

Pleito

Eu respeito
As tuas idas
E vindas
Sobre o pleito
Em que deito
Entre sonhos e pesadelos
E mareio
Mar-adentro seus cabelos
E tonteio
Entre pedras e flores de apelos
E pleiteio
O amor pleno
Entre a defesa de um anjo e o ataque de um coisa ruim
E o dia mais ameno
Entre o que há e o que jaz em mim.

Ah! Vem me tirar
Desse espaço entre o sim e o não
Ah! Vem e me chama
E me ama...
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Plexo solar

Perplexo
Ao seu reflexo
O mundo gira
Revira e a lira
Ganha nexo
E se alinha
Na órbita estelar
Do seu plexo solar

Podem me capturar
Podem me torturar
Podem até me matar
Mas eu não digo
Mendigo, mas não digo
Que todo o amar
E o mar de amar
E o enamorar
Nascem do seu umbigo.


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Plurais de vida

Já que não sei cantar
Como cantam caetanos...
Já que minhas palavras
Não são escritas em drumonds...
Já que o meu pranto
Não chora como choram pixinguinhas...
Já que não tenho a perfeição
Alcançada por alguns joões...
Perdoem-me os moraes
Já que insisto nos versos banais...

Já que a vida não tem limites
Sem alguém os propor...
Já que a lua não tem razão
Se não esperar o sol se por...
Já que os poetas podem falar mentiras...
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Poça de sorrisos

Chovia, escorria no molhado
Sorria e se via
Ao meu lado em abraços
Gotejava na cadeira
Pingava na quarta-feira
Cinzas beijando a água
Eu, você, afogando nossos mágoas
E chovia, chuvisqueiro
Nós dois sob o coqueiro
Sob os respingos que umedeciam
A sua boca louca
E a chuva que entardecia
Essa tardinha rouca e pouca.

Sua boca chovia, chovia.
O céu de cinzas sorria, sorria.
Sorria, chovia, sorria.


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Podas

Tentei te avisar
Que um dia a vida ia chegar
Sem fantasia,
Mas tive medo
Dos medos que iria te causar.

Tentei te proteger
E criar uma fortaleza
Dos sonhos que eram para sempre,
Mas não deu tempo
Das flores se darem em sementes.

Tentei te amar
Mais do que era possível
No seu imaginário,
Mas podaste minhas asas
E me deixaste no escuro.


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03/07/2013 - Pode ser

Saiba que a hora de sair de cena
Pode ser antes do fim do poema
Ou até dias depois da cantilena

Saiba que a hora de abrir a porteira
E correr de braços abertos à ladeira
Pode ser domingo ou segunda-feira

Saiba que a hora de jogar a toalha
E cortar os pulsos de navalha
Pode ser antes ou depois da batalha

Saiba que a hora do grande final
Com direito ao aplauso da geral
Pode ser já no choro do pré-natal ...
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20/01/2014 - Poder da chuva

A chuva desperta perfumes adormecidos
A chuva escorre do jeito certo mesmo que aos olhos tudo pareça torto
A chuva fala baixinho aos nossos ouvidos
A chuva germina o que já era dado como morto
A chuva traz ao vento o som de gemidos e sussurros
A chuva cala em nossos corações a certeza de que tudo ficará bem
A chuva não toma conhecimento de portas ou muros
A chuva dá viço à lavoura do que não se esquece
A chuva é livre por natureza e não fica refém de nada ou de ninguém ...
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Poema autobiográfico

Olha-me
Olhos nos olhos
Unja-te
Nos óleos
Verdes
Dos meus olhos
E serdes
Em mim
Tua sede
Sem fim.

Que meus poemas
Te velem
Como velas soltas ao mar
Que meus poemas
Revelem
O que vieste buscar.

Olha-te
Olha-me
Numa visão profética
Numa ilusão poética.

E numa dialética
Sem fim
Olha-te
Em mim.


Comentários (4)

Poema da conciliação

Não,
Não me alarde
Ainda não.
Não,
Não é tarde
Demais
Para soltar os ais
Do seu porão.
Não,
A sua obsessão
Não se cansa
Não?
Ah, a esperança
Me alcança
E dança no salão
Da minha solidão,
Dança sozinha
Só minha
Feito abelha rainha
Que quanto mais ama
Mais chama
Para longe seu zangão.

Não,
Pelo amor de Deus
Do deus dos hebreus...
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Poema da incompreensão

Fiz por você
O que dificilmente outro alguém irá fazer
Ou até mesmo pensar em fazer.

Fiz tantas noites de vigília
Uma vigília cega
Onde o psíquico e o físico
Fizeram o duelo da distância.

Fiz poemas a perder de vista
Fiz uma conta quase perpétua
Na florista.

Fiz do seu existir um culto
E acreditei em você
Como um fiel peregrino
Que jejua prega comunga
Por um amor
Ininterrupto.

Fiz do seu retrato um caminho...
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