Daniel Campos

Ou exibir apenas títulos iniciados por:

A  B  C  D  E  F  G  H  I  J  K  L  M  N  O  P  Q  R  S  T  U  V  W  X  Y  Z  todos

Ordernar por: mais novos  

Encontrados 254 textos. Exibindo página 21 de 26.

04/02/2010 - Pneu furado, Nelson Rodrigues e o amor

Ao trocar um pneu do carro debrucei-me sobre o quão falível é o mundo. Por que não inventar um pneu à prova de furos? Pode-se até pensar que é alguma estratégia comercial para sustentar o comércio desse produto. Mas a verdade é que por mais que evolua em matéria de conhecimento o ser humano esbarra no mais cruel dos obstáculos – o seu próprio limite.

Nada foi feito para ser indestrutível. Nem mesmo o corpo humano. A vida é finita e instável assim como os pneus e tudo mais que existe. É errado dizer que Deus fez o homem a sua imagem e semelhança. Ao contrário do escultor, suas obras são limitadas. E por quê? Qual a razão para termos, assim como tudo o que criamos, um prazo de validade?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

02/02/2010 - Por trás da rotina

E se o lobo mau não fosse tão malvado assim? E se a branca de neve fosse negra? E se a bela adormecida sofresse de insônia? E se o gato de botas resolvesse sair de havaianas? E se a chapeuzinho vermelho fizesse topless? E se a rapunzel cortasse seu cabelo chanel. E se o patinho feio fizer uma cirurgia plástica? E se o joão, ao contrário de um pé de feijão, plantasse um pé de tomate?

Se os contos não fossem de fada conseguiriam angariar o mesmo número de leitores? E se o super-homem não voasse? E se a mulher maravilha tivesse celulite? E se o homem aranha fosse inteiramente humano? Será que eles ainda seriam heróis? Será que teriam fãs? E se os atores não fingissem? E se as atrizes não encenassem? Será que conseguiriam a mesma quantidade de aplausos?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

18/01/2010 - Porta-Retratos à moda Romero Britto

No primeiro dos porta-retratos ele tem os cabelos azuis, uma pinta roxa na bochecha e toca violão com uma mão de quatro dedos lilás. Ela, ao seu lado, tem cabelos louros tingidos de bolas alaranjadas, com mechas azuis e rosas listradas de pink. Ela também tem uma pinta violeta na bochecha e lábios de uva em forma de “v”. Ambos têm os olhos cerrados e um clima de romance no ar.

Já no segundo porta-retrato, ela tem um corte chanel em seu cabelo azul de listras, círculos e losangos. Ela tem uma face branca e outra rosa e ele, uma branca e outra azul. Ela tem um braço amarelo e ele, um alaranjado com roxo. Ele veste azul celeste e ela azul marinho. Ele tem uma faixa no cabelo e um sorriso sério. Ela tem uma mão dele em suas costas e um olhar secreto. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

17/01/2010 - Para além dos estádios

Domingo e estádios de futebol criaram laços difíceis de serem separados. Eu nunca fui apaixonado por gramados cercados por arquibancadas de concreto. Tanto que só entrei em um estádio ao longo de minha vida. E não foi Maracanã ou Morumbi, mas Wilson Fernandes de Barros. Um estádio para pouco mais de vinte mil pessoas erguido em uma cidade que tinha um público, no máximo, quatro vezes maior que isso.

O nome do estádio fazia referência ao principal patrocinador do clube – Barros Auto Peças. O seu Wilson, um português, tomou o time como seu e levou o sapo (mascote do clube) a grandes saltos. Levado por meu pai, eu vi Rivaldo marcar um gol do meio campo, vi os dribles de Leto, os chutes de Válber e ainda saboreei muito picolé de groselha e amendoim em casca. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

16/01/2010 - Perdas e traumas

Com as mãos sujas de terra um jovem chora pelas ruas de uma cidade destruída. Muros ao chão não cercam mais nada. Casas tombadas não guardam privacidade alguma. Estradas rachadas, construções condenadas. Rezar onde, se a igreja caiu? O homem não sabe para onde ir. Os bares estão fechados, os mercados foram saqueados. Há uma legião de desconhecidos caminhando por aqueles descaminhos.

São rostos estranhos que falam línguas mais estranhas ainda. A tragédia aguça a fome de uma gente faminta. Todos querem notícias, todos querem acordar do pesadelo, todos querem um pedaço de pão. Que bom seria se todos encontrassem seus mortos. Ao menos, para uma despedida. Mas como encontrar alguém entre os escombros e as pilhas de defuntos que são enterrados em valas coletivas?...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

05/01/2010 - Ponta do mar

É na ponta do mar que os pescadores casam suas histórias. É na ponta do mar que as redes se enroscam. É na ponta do mar que os peixes namoram. É na ponta do mar que as sereias capturam suas vítimas. É na ponta do mar que as ostras fazem as pérolas mais bonitas. É na ponta do mar que os veleiros queimam como parafina. É na ponta do mar que os náufragos pedem socorro. É na ponta do mar que a vida se divide como uma estrela, entre luz e escuridão.

É na ponta do mar que a maré enche. É na ponta do mar que o tubarão espreita. É na ponta do mar que o cardume tinge o azul. É na ponta do mar que surfista tira onda. É na ponta do mar que baleia encalha. É na ponta do mar que Netuno fincou moradia. É na ponta do mar que tem arraia e enguia. É na ponta do mar que as algas descansam. É na ponta do mar que as ondas quebram. É na ponta do mar que o sol se banha. É na ponta do mar que o mistério começa....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

13/11/2009 - Paraskavedekatriaphobia

Vista preto e vá para aquela encruzilhada de costume. Depois de fazer uma fezinha no número 13, vou ao seu encontro. Quero lhe presentear com cravos de defunto. Quero contrariar o infortúnio e lhe amar com toda sorte. Quero transformar pragas em beijos e fazer de seu corpo meu amuleto. E assim, rogar-lhe bem alto por meus descaminhos. Com pipoca e cobertores, vamos nos abraçar assistindo a saga do psicopata Jason Voorhees. Afinal, nada é normal quando se trata de sexta-feira 13.

Paraskavedekatriaphobia. Não precisa temer o dia de hoje. Se bem que um pouquinho de medo faz bem para encutar a nossa distância. Além do mais, o medo provoca e seduz. Ao contrário de nos amarmos como anjos, vamos experimentar o amor dos morcegos ou das aranhas. Vamos nos dependurar, tecer a nossa cama e nos espreitar num ângulo de 180º. Vamos nos caçar e nos acabar num caldeirão cheio de sais. À meia-noite quero brindar nosso encanto com um cálice da poção das bruxas. ...
continuar a ler


Comentários (1)

08/11/2009 - Perestroika

É hora de reconstruir. Abrir o guarda-roupa e reconstruir um visual. Abrir o portão e reconstruir uma estrada. Abrir a gaveta e reconstruir um achado, um perdido. Hora de reconstruir a leitura de um livro que há tempos foi abandonado na prateleira. Hora de reconstruir um tempo perdido, um verso bandido, um solo de um sol sustenido que deixou de brilhar. E que nessas reconstruções não falte mão de obra. E que nessas reconstruções ache todos os materiais necessários e desnecessários também. E que nessas reconstruções permita-se inovar. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

29/10/2009 - Pobres profetas

Salvem-se! Há uma série de profetas soltos pelas ruas espalhando a notícia de que Jesus vai voltar. São pessoas de diversas religiões e, até mesmo sem fé alguma, pregando a volta do filho de Deus. É fácil reconhecê-los. Os anunciadores se vestem de forma estranha, empunham bíblias sagradas ou não e gritam o caos. Abordam quem passa por eles, seja por meio de palavras ou de chacoalhões. Mais do que trazer paz, trazem desconforto e medo. São raros os que lhes dão atenção. A maioria aperta o passo, desvia o caminho e ignora tais profecias....
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

10/10/2009 - Perpetuum mobile

Eu queria não correr, encontrar um jeito de viver mais devagar. O mundo passa por mim e eu sou obrigado a segui-lo mesmo querendo ficar um minuto A mais. E é por isso que amo intensamente, amando demais. O mundo se alimenta de mim: dos meus sonhos, das minhas fantasias. E eu vou assim, feito cegonha e querubim, morrendo com as noites, renascendo com os dias. O que era para ser prazer tornou-se uma agonia, uma ebulição delirante. E é preciso ser cada vez mais constante num mundo inconstante, volúvel, volátil. Viver a correr é sobreviver e sobreviver não é fácil. Se ao menos existisse um jeito de viver em slow motion. Mas a vida não é feita no escurinho do cinema. A vida é um poema sangrando. A vida é um coração latejando, um moto-contínuo. Um desatino completo, o encontro do velho e do feto num tempo nem sempre predileto. Dentre tantas idas e vindas de pensamentos e sentimentos, a vida é um movimento perpétuo. ...
continuar a ler


Comentar Seja o primeiro a comentar

Primeira   Anterior   19  20  21  22  23   Seguinte   Ultima