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Encontrados 31 textos de fevereiro de 2009. Exibindo página 3 de 4.
11/02/2009 -
Conexão Obama
Preparava-me para almoçar quando fui abordado por uma daquelas surpresas que nos fazem perder o apetite - um convite para escrever um texto que seria lido por Barack Obama. As minhas linhas nunca estiveram tão próximas de chegar aos olhos do presidente dos Estados Unidos da América. Mas não seria um poema falando da mulher amada, uma crônica sobre o cotidiano de quem passa sob a minha janela ou um daqueles contos de finais imprevisíveis o que eu levaria aos olhos de Obama. Por bondade da requerente, a linguagem poética foi liberada, mas o formato não poderia fugir de um texto oficial. ...
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10/02/2009 -
O mundo envelheceu
Parar de crescer é uma natureza humana. E o mundo, que era uma criação divina, depois de várias intervenções de homens e mulheres ao longo da história tornou-se mais humano do que tudo. Deste modo, não vejo a crise com olhos de espanto. Um dia todos têm de parar de crescer, inclusive, a economia, a política, a sociedade. Não há espaço, tampouco necessidade de algo disparar a crescer, crescer, crescer com o mesmo ritmo bilhões de anos depois. A única coisa que contraria essa lógica são os sentimentos, que podem ascender até a morte. ...
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09/02/2009 -
Efeito Pigmaleão
Uma tsunami estética parece varrer o mundo. Há uma busca desenfreada pela beleza plástica ideal. As mulheres apelam para exercícios físicos, tratamentos alternativos, dietas, remédios. Elas chegam a mergulhar de ponta nas águas de uma rotina de sacrifícios e esperança. Longe de uma onda saudável, acredito que o mundo vive a síndrome de Pigmaleão. Pig o quê? Tem alguma coisa relacionada com o camaleão, aquele animalzinho que muda de cor para se disfarçar? Além da rima, a associação entre os dois se dá no fator ilusório que estão inseridos. ...
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08/02/2009 -
Pílulas, comprimidos, ampolas e loucura
Uma mulher, vestida inteiramente de branco, está sentada ao lado de frascos farmacêuticos e de uma infinidade de pílulas, comprimidos, ampolas. São dezenas, centenas, milhares deles espalhados pelo chão. Todos coloridos e de vários formatos. E é daquela posição mesmo, rodeada de seus melhores amigos, que ela dialoga consigo mesma.
- Chega de remédios. Chega desses comprimidos vermelhos, brancos, azuis, amarelos. São comprimidos grandes, pequenos, ovais, chatos, porosos e sintéticos. São drágeas e cápsulas difíceis de engolir. Isso sem falar das gotinhas amargosas. Nos últimos anos não tive outra leitura senão bula de remédio. E bulas não são romances que nos levam para territórios desconhecidos e apaixonantes. Bulas são técnicas demais. Além de uma linguagem técnica ao extremo, tem palavras que nem o dicionário dá jeito. E eu cansei de condicionar a minha vida a uma posologia. Eu não quero mais saber de sonos repentinos, molezas permanentes, enjôos ao amanhecer, cólicas ao entardecer, coceiras ao anoitecer. Isso sem falar das manchas e brotoejas que emanam da pele sem avisar. Minha vida se transformou em uma grande contra-indicação. Remédios para combater depressão, colesterol, triglicérides, excesso de peso, gravidez, cabelos fracos, tremores, pressão alta, pressão baixa, enxaqueca, labirintite, falta de ar, sinusite, tendinite, artrite, artrose, esclerose, osteoporose, arritmia, inchaço, pânico, prisão de ventre, azia, má digestão, soluço, resfriado, conjuntivite, garganta inflamada... Não quero mais armar meus glóbulos brancos contra fungos, vermes, bactérias, vírus... Se eles quiserem, que lutem no braço. Será que glóbulos brancos têm braço? Mas isso não importa. O que importa é que eu não quero mais ser dependente de remédio algum. ...
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07/02/2009 -
Um dia de rotina
Há uma pobreza de assunto circulando pelos canais abertos e fechados. Parece que estamos em um imenso e tedioso recesso. Não acontece nada de novo. Será que a humanidade esgotou-se de novidades? Isso me faz cantarolar Roberto Carlos "o dia vai passando, a tarde vem/ e pela noite eu espero/ vou contando as horas que me separam/ de tudo aquilo que mais quero". É como se esperássemos um tempo que não chega nunca.
Se não há nada de novo do lado de fora da janela, então a solução é promover a revolução dentro de casa. Uma comida diferente, uma roupa diferente, um jeito de beijar diferente. E, na medida do possível, brincadeiras com o relógio. Mudar o horário das refeições, dos passeios, dos atos de dormir e levantar. E assitir a um filme novo, e ler um livro novo, e escrever o novo que ainda não nasceu. Revirar gavetas e recilcar os guardados na tentativa de gerar o futuro....
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06/02/2009 -
Vacas magérrimas
O boi virou petróleo. A vida deixou de ser calculada em barris e passou à arrobas. Açougue virou joalheria, artigo de luxo. Chega a ser considerado supérfluo por muitos economistas o ato de comprar carne. Ouvi da boca de meu pai que na sua infância carne bovina era restrita ao dia de domingo. E hoje, essa época volta à tona. O preço do filet mignon está nas alturas. E pior que não é só ele, a alta nos açougues transformou o acem, o músculo, a ponta de peito em carne de primeira. Melhor abusar de batatas, chuchus, abobrinhas......
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05/02/2009 -
No balançar da rede
Quero duas árvores a uma distância paralela de dois metros e alguns centímetros. Preferencialmente, árvores com copas bem revoltas, cujas folhas se enroscam em pleno ar. Que as folhas estejam bem verdes e, consequentemente, frescas. E que esse frescor possa ser sentido por quem está no solo. Que as árvores não sejam robustas ou franzinas demais, mas na medida certa para suportar o peso dos meus sonhos. E olha que eles pesam muito. Quando essas árvores estiverem alinhadas, quero uma rede.
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04/02/2009 -
Pombos, berinjela e cinturão
Tranquilamente, um avião riscava o horizonte entre Dubai e Melbourne. Porém, entre as areias dos Emirados Árabes e os cangurus da Austrália, havia um mistério a mais no ar. Um dos passageiros foi flagrado com dois pombos escondidos em suas calças. As aves estavam presas nas pernas do homem com um par de meias. Ele ainda teve o cuidado de envolver envelopes acolchoados para não machucar os animais. Além dos pombos, os agentes da alfândega também apreenderam sementes de berinjela, dois ovos e um cinturão clandestino na bolsa do suposto terrorista. ...
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03/02/2009 -
Signo paraíso
Uma infinidade de canyons, cachoeiras e trilhas são escritas para além das folhas das janelas, podendo ser observadas a partir da relva que cobre a cama orvalhada de suor e medo. O sol subindo e caindo num giro de 360 graus e eu, viajante de sonhos, postado no mesmo lugar. Mais do que nunca, a sensação de que é o mundo quem passa por mim. Eu sou apenas uma árvore, fincada ao chão, acompanhando o balé do cosmos sem poder fazer nada. Eu nunca pensei na angústia das árvores. Ah! Como esses seres feitos de madeira e folha se angustiam. ...
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02/02/2009 -
O peso pesa pesado
O peso pesa pesado sobre as minhas costas encurtando meus passos, encurvando minha coluna cervical, chamando-me para mais perto do chão. Mas de onde vem tanto peso? Será de Marte, da segunda-feira, da rotina, dos sonhos não realizados, de um passado que não quer ficar para trás, de dores alheias, de problemas e preocupações, de expectativas que estão sempre para chegar e nunca chegam. Será de pedra? Será de concreto? Será de carne o peso que monta em meus ombros? E eu, cavalo de mim, vou sem cela ou ferradura, troteando xucramente pelas ruas que passam e não me dizem nada. ...
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