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Encontrados 31 textos de fevereiro de 2009. Exibindo página 1 de 4.
28/02/2009 -
Vida longa aos pipoqueiros
Tenho uma inveja saudável dos pipoqueiros de pracinha. Aqueles senhores, de tantas histórias, que empurram a morte empurrando carrinhos de pipoca pela praça. Quanta beleza e cheiro no estouro das flores do milho. Que vida tranqüila eles têm entre a pipoca, os bancos e as árvores. Muitos trocam o dia pela noite, trazendo mais sabor aos que passeiam a luz da lua. E uma lâmpada incandescente ilumina aquele carrinho como barraca de festa. Pode parecer simples, mas há toda uma técnica envolvendo a transformação do milho em pipoca. Mas eles tiram isso de letra. ...
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27/02/2009 -
La Mortadella
Eu vou ao Mercado Municipal comprar quilos de ação de pão com mortadela. Pães e frios sobem como foguetes de São João nas bolsas e nos bolsos. Quero virar empresário do sanduíche mais popular dos populares. E se Jânio Quadros voltar, pode sentar no chão, e comer quantos quiser porque pão com mortadela deixou de ser coisa de pobre. Agora é luxo só. Ta nas vitrines das confrarias cinco estrelas, nas mesas à beira da piscina e de papo com o caviar nas mesas de festa. Olha só, ninguém sabe até onde o pão com mortadela vai chegar. ...
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26/02/2009 -
Eu quero virar hippie
É hora de ir ao batente. É dia de branco, é dia de negro. Carrega pedra pra lá, quebra pedra pra cá. O trabalho não pára para quem trabalha de viver. Profissão: ser vivo. E ser vivo dá trabalho para valer. Tem que comer, tem que dormir. E para comer tem que ter comida. E para dormir tem que ter casa. E para ter comida e casa tem que ter dinheiro. E para ter dinheiro tem que suar. Suar de tanto trabalhar.
É preciso deixar de beijar pra trabalhar. É preciso deixar de ler pra correr pro trabalho. É preciso deixar a cama pra puxar cascalho. É preciso deixar de cochilar pra trabalhar. É preciso deixar de pescar pra trabalhar. É preciso parar de viajar pra trabalhar. É preciso deixar de escrever pra correr pra repartição. É preciso deixar o amor pra ganhar o pão. É preciso, pra trabalhar, calar o coração. Ao contrário do coração, o que bate é o ponto....
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25/02/2009 -
O realejo da quarta-feira
São sombrinhas de frevo
Perdidas pelo chão
É um sol que nasce em trevo
Querendo sorte, novo cristão
É uma sandália que arrebentou
É uma fantasia que rasgou
É uma promessa de felicidade
Eterna e vazia
Que ficou
Pela cidade
O céu nasceu com borrões de cinza
Os olhos entristeceram em torrões de cinza
Os foliões desbotaram em tons de cinza
E o amor arde em cinzas
Depois de queimar até o fim
E o que é o fim?...
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24/02/2009 -
O céu da insensatez
É carnaval
Deu no jornal
Da manhã
E quando jaçanã
Cocoricocô
Num agogô
Aos pés da cama
Despertando quem ama
Meu corpo atrevido
Já havia percorrido
Os confetes
Coloridos
Que como pivetes
Grudavam seu vestido
Numa sangria
Numa alegria
Numa folia
Profana...
O carnaval foi passando
Eu lhe envolvendo
Feito serpentina
O carnaval foi passando
Eu lhe querendo...
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23/02/2009 -
Morde-me ou te devoro
Pelas ruas
De ladeiras e feiras
Meu bloco do amor sem cura
Cresce e desce
A tua procura
E só encontra a lua
Mulata em sua brancura
Sambando num canto do céu
Num papel
Pré-nupcial
Num grito rasgando
De é carnaval
Mas hoje é véspera
E eu vou ficando
Pois na véspera todos morrem
Sufocados de tanto esperar
Num tempo doído
O amor é uma nêspera
Que antes de ser mordido,
Faz devorar....
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22/02/2009 -
Degraus
Em um palco imaginário, um homem se depara com uma longa escada e um longo dilema, escalá-la ou deixá-la.
- Vida, ó vida de escadas e escadarias, onde vão dar esses seus degraus? Será que vão me levar ao céu? Direto para o paraíso de anjos e harpas e nuvens brancas e macias de se cochilar? E quando lá, se São Pedro não me der à chave eu pulo o muro. Ou será que você vai dar na lua? A lua de crateras, de São Jorge, dos astronautas norte-americanos. Só não pode é dar no céu escuro. Porque eu tenho medo. Não conte a ninguém, por favor, mas eu tenho medo do escuro. Por isso é que eu lhe admiro tanto. Graças aos seus degraus, eu saio dos bueiros, dos esgotos, dos vales de mim e ganho à luz. E por que não subir em uma estrela e agarrar suas pontas como quem agarra cabelos e tornozelos da pessoa amada? Eu quero que me leve a uma estrela, a milhares de anos-luz daqui. Em que constelação vai me levar? Vai me levar para Três Marias, Órion, Escorpião? E se ele me envenenar e eu cair lá de cima? Quem é que vai me segurar? Será que vai dar em algum planeta daqueles que se decoram para as provas de escola ou daqueles que fogem da vista dos cientistas? Será que vou falar com extraterrestres? Alô, alô, terra chamando marte. Para onde você vai me levar, escada. ...
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20/02/2009 -
O Air bag do amor
Wilson estava dentro da concessionária, praticamente com a chave do carro novo na mão, mas resolveu esperar um pouco mais. O vendedor ficou louco da vida e Wilson, radiante de felicidade. Depois de toda papelada pronta e aprovada, só faltando assinatura, Wilson pulou para trás. E tudo por conta de um telefonema da sua esposa. Ele já estava empunhando a caneta quando o telefone tocou. Checou o visor, era Inês, a mulher que nos últimos meses merecia todas suas juras de amor. O amor era demais, não podia esperar. E se tivesse acontecido alguma coisa com ela? Pediu desculpas ao vendedor, e atendeu sussurrando. ...
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19/02/2009 -
Marchinha do Lula
Ô, ô, ô Obama, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí. Eu quero, eu quero, eu quero um pouquinho dos 800 bilhões de dólares que você vai botar a mão. Eu não sou dono de montadora nem de banco, mas me dá, me dá um pouco dessa dinheirama aí. Eu lhe dou a Amazônia, eu lhe dou o petróleo do Pré-Sal, eu lhe dou até o meu Palácio real, mas me dá, me dá um dinheiro aí. E não adianta me falar que não vai dar, que vai dar não, porque vai ser uma grande confusão. Se você não me der, eu vou beber, eu vou beber até cair. ...
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18/02/2009 -
Movimento desvairado
Um dia a gente saiu, correu, se divertiu. Um dia a gente pensou que a vida era filme e andamos por uma estrada de pipoca. Um dia a gente sorriu e esqueceu o que era para ser esquecido. Um dia a gente se achou, mesmo sem se perder. E você disse que foi lindo, mágico, extraordinário, não sei. E agora, onde estão nossos dias? Será que correm pelo ralo da pia ou rolaram escada abaixo? Só sei que eu tento vencer a monotonia, mas vem você e diz: isso aqui não é alegria.
E a alegria, o que é? Vou perguntar às crianças que brincam pelo parque o que é o ato de se alegrar, sadia e espontaneamente. E a alegria, o que é? Um dia o poeta me disse que a alegria é uma gota de orvalho, tão frágil, tão pequena, tão passageira. E a alegria, o que é? Pode ser um grito, um gemido, um fá sustenido amarrado àquela canção que nos lembra aquele dia. Mas aquele dia é passado, tempo cheirando a guardado. E o tempo presente é presente futuro. E o futuro é o mundo inseguro onde tudo e nada podem acontecer....
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